No fim de setembro de 2021, estava dando comida para a Lua, que então tinha 11 meses, perto de uma janela. Entrou uma luz forte pelo vidro, diretamente no rosto dela e eu vi uma mancha branca dentro de seu olho.
Não era a primeira vez que eu ouvia falar nisso. Há dois meses, Tiago [Leifert, marido de Daiana] vinha falando que havia algo estranho nos olhos de nossa filha. Mas eu negava. Chegamos a levar à pediatra, que afirmou que estava tudo bem.
Naquele dia, no entanto, com aquele raio de Sol, me dei conta de que meu marido estava certo e fiquei desesperada.
Levei novamente à pediatra e fomos encaminhados para um oftalmologista que diagnosticou câncer e mandou para outro especialista. Eu seguia em negação, contestando os médicos e dizendo que eles estavam errados.
O especialista afirmou que havia um tumor em cada olho e que eles estavam avançados, mas não sabíamos quanto. Precisávamos fazer um exame com anestesia geral para descartar a hipótese de metástase no cérebro. De volta ao carro, eu só chorava e dizia que os médicos não sabiam nada.
Só me dei conta do que estava acontecendo de fato quando li, na porta do quarto consultório que visitamos, pediatria oncológica. Só não desmaiei nesse momento porque a Lua estava em meu colo. Mesmo assim, tenho certeza de que Deus me protegeu de entender tudo para que eu tivesse força de tocar o tratamento.