Quando a pandemia estourou, em março de 2020, Ravi, meu filho mais velho, tinha dois meses. Foi uma gravidez planejada, uma gestação saudável após eu ter sofrido um aborto em 2019. Estava tudo bem com ele e estávamos muito felizes. Quando Ravi completou seis meses, descobri que estava grávida da Raika.
Me ver gestante pela segunda vez, agora dentro da pandemia, amamentando outro bebê... foi muito desafiador. Mas os exames estavam bons e levei tudo tranquilamente até as 32 semanas. Foi aí que descobri que havia contraído covid - primeiro o Alok teve os sintomas e dois dias meus ossos começaram a doer muito, eu fiquei na cama deitada com muita sensibilidade.
Naquela época, não se falava muito em covid em grávidas, até os médicos acharam complicado decidir o que fazer. Mas os sintomas começaram a se intensificar demais e parecia que eu estava com as dores do parto, mesmo que ainda estivesse faltando pouco mais de um mês para a hora do bebê nascer.
Liguei para a minha médica e ela me mandou ir para a clínica - eu tinha certeza de que estava em trabalho de parto, mas me tranquilizei pensando que talvez pudesse fazer os exames, verificar se estava tudo bem, tomar corticoide para maturar o pulmão da criança e tomar algo para segurar a gestação por mais algumas semanas. Alok também se acalmava dizendo que, por eu ser médica, poderia estar achando as coisas mais graves do que de fato eram.
Na clínica, descobri que estava tudo bem com a Raika no ultrassom, mas entrei no banheiro logo depois e tive uma hemorragia: antes de sair de casa havia ligado para minha mãe, dito que o bebê ia nascer e pedido para ela rezar. A gente sempre sabe das coisas.
O sangue escorria pela sala e eu gritava que ela ia nascer, que precisava ir para o hospital.