Em março deste ano, a executiva paulista Regina Esteves fez algo que evitou durante todos os 20 anos em que está à frente da Comunitas, organização sem fins lucrativos que atua para melhorar as administrações de prefeituras e estados. De celular em punho, ela abriu o WhatsApp e disparou, para toda sua rede de contatos, uma mensagem pedindo dinheiro.
Ela não queria pouco: a meta era chegar em R$ 20 milhões. Mas sua agenda de contatos também não é ordinária. Nela estão pessoas como Ricardo Villela Marino, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Itaú Unibanco, o herdeiro do Grupo Globo José Roberto Marinho, CEOs de empresas como Votorantim, Brookfield e Grupo Jereissati, além de políticos como Fernando Henrique Cardoso e toda sorte de gente poderosa e abastada.
Num impulso, angustiada com o que poderia acontecer com a população mais pobre do país com a pandemia do novo coronavírus, Regina marcou uma reunião com especialistas do Hospital A.C. Camargo e, com eles, descobriu como conseguir respiradores. Reservou vários equipamentos, no valor de R$ 20 milhões, para doar para hospitais públicos de São Paulo, sem saber de onde tiraria o dinheiro. Mas suas mensagens de WhatsApp circularam entre os amigos dos amigos e, em três dias, ela tinha R$ 25 milhões.
Regina Célia Vasconcelos Esteves, que cursou administração porque herdou do pai a veia empreendedora, enveredou pelo caminho social conduzida pelas mãos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de lá não saiu - encontrou cedo o que muitos buscam hoje, o tal do propósito. Reservada, acha que quem deve aparecer é a causa, e não ela. Nesta exceção que abriu para Universa, ela conta sobre sua experiência trabalhando lado a lado com empresas e governos, sobre como a pandemia vai afetar nossa forma de enxergar o mundo e sobre como ser mãe mudou seu estilo de gestão.