Como pretende colocar as contas da cidade em dia, caso seja eleita?
Esse é o maior desafio da próxima gestão. Crivella passou o governo pagando os empréstimos bilionários do [ex-prefeito] Eduardo Paes, que fez obras no crediário, gerando um endividamento absurdo para a cidade [Paes contratou 22 empréstimos em oito anos à frente da prefeitura. Nove deles só começaram a ser pagos a partir de 2017, ou seja, depois que Crivella assumiu]. Por outro lado, Crivella foi incapaz, do ponto de vista fiscal, e demorou para amortizar dívidas, para renegociar taxas e, ao final do governo, está pagando juros da dívida que equivalem a mais do que o dobro da amortização [os dados foram levantados pela pré-candidata]. Além da incompetência fiscal, também não soube fazer sequer o papel de um síndico da cidade. O Rio de Janeiro está largado. Precisamos enxugar a máquina, estancar os ralos do desperdício e da corrupção, fazer auditoria em alguns contratos e renegociar a dívida da cidade para melhorar nossa capacidade de investimento.
Como acredita que a crise do coronavírus pode vir a afetar um futuro governo seu?
A recuperação da economia é fundamental. Muitos setores sofreram perdas irreparáveis, vários negócios foram encerrados definitivamente. Precisamos gerar um ambiente de confiança para novos investidores, propor alternativas fiscais para quem quer uma segunda chance e fazer um amplo programa de cooperativas, nas favelas e comunidades do Rio, para gerar trabalho. O desemprego será uma realidade que precisaremos combater. A cidade também precisa ser repensada e reinventada. O teletrabalho pode ser instituído definitivamente com escalas em alguns setores. Isso traz qualidade de vida, melhora o trânsito e é uma adequação aos novos tempos. Assim como soluções na educação. Lidar com as tecnologias e ter acesso à internet têm que fazer parte da rotina escolar dos nossos alunos. O que vimos nesse período de pandemia foi uma tragédia que deixou ainda mais evidenciada a distância entre as escolas particulares e a maioria das escolas públicas.
Vai ter Carnaval em 2021?
Ainda é cedo para avaliar. Até outubro, acho que isso ficará mais claro. Mas, no formato atual, com tantos blocos, desfiles e camarotes que geram aglomerações, será difícil se ainda não tiver uma vacina disponível para a população.
Como pretende tirar a cidade do domínio de milícias?
A segurança é uma questão sensível para o Rio de Janeiro. O combate aos grupos criminosos organizados é papel dos governos federal e estadual, que comandam as polícias e têm a responsabilidade legal sobre armas e drogas. Mas isso não significa que a prefeitura não possa fazer o seu papel no combate à criminalidade e na proteção da população. Nesse sentido, queremos armar grupamentos da Guarda Municipal, para que ela cumpra o papel que lhe cabe no Sistema Único de Segurança Pública. Queremos melhorar a iluminação da cidade, ampliar o investimento em câmeras de segurança e integrar a rede que já existe na cidade. Precisamos fortalecer programas como o Rio Mais Seguro ou Segurança Presente [programas de prevenção à desordem urbana e criminalidade] e atuar de maneira firme no acolhimento da população de rua, dando destinação adequada para cada realidade.
Como pretende diminuir os altos índices de violência contra a mulher?
Com campanhas publicitárias e disseminação de informações sobre os direitos das mulheres, sobre como fugir das amarras, além da criação de projetos que possam apoiar aquelas que precisam recomeçar suas vidas. A dependência financeira ainda é um grande entrave para muitas mulheres.
A mulher que mais marcou a política carioca nos anos recentes foi a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Você teme por sua segurança?
Marielle foi assassinada, Bolsonaro levou uma facada que podia ter lhe tirado a vida. A política tem se tornado caso de polícia. Então, é claro que todos tememos. Sigo o meu trabalho, tomo os cuidados possíveis e peço a Deus que proteja a minha a vida e a da minha família. Acho que, de certa forma, esse é o sentimento mais comum a todos os cariocas.