As candidatas à prefeitura do Rio firmaram compromisso de manter o respeito mútuo durante a corrida eleitoral, sem agressões. Qual a sua avaliação sobre esse acordo?
Eu não participei da reunião porque não soube dela. Mas a Benedita [da Silva, também pré-candidata] me ligou depois, foi supergentil, falou do documento, olhei e assinei. Isso mostra como nós, mulheres, temos essa visão estratégica e o espírito de colaboração mais apurado, qualidades essenciais tanto na gestão pública como na privada.
Apoiaria qualquer outra candidata se ela chegasse ao segundo turno?
Não posso dizer, por um simples motivo. Tenho projeto para a cidade. Se a candidata não for eu, e ela não compartilhar essa mesma visão que a minha, que é de uma política de direita, transparente, com redução de custos, uma gestão efetiva, não tem como ter meu apoio. Há pilares que considero fundamentais para qualquer candidato ou candidata que queira administrar o Rio de Janeiro. Antes de falar da questão de ser mulher, sou gestora pública e isso tem que prevalecer sobre a questão de gênero. Se for uma mulher com ideias malucas, com as quais eu não concorde, não tem como apoiar.
Acredita que candidatas mulheres à prefeitura do Rio têm objetivos e entraves comuns, independentemente do partido em que atuam?
Sim, temos objetivos e entraves comuns, mas diferimos na forma como lidamos com as questões para atingir nossos objetivos. Quanto aos entraves, por sermos mulheres, é mais difícil sermos ouvidas num ambiente ainda predominantemente masculino, mas estou acostumada por causa da minha experiência na administração pública. E já vi muito discurso vitimista de algumas políticas. Vejo os políticos como iguais e sempre derrubei barreiras. Todas as vezes que portas estavam fechadas para mim —e às vezes os homens fecham mesmo ela na sua cara, porque querem demonstrar poder—, eu ia lá, abria e participava das reuniões. Quando não conseguia, entrava pela janela. Por isso, estou no lugar onde estou. Sempre busquei ocupar espaços dentro da política pelos meus méritos. Já aconteceu de, numa reunião, na sala do presidente da República, um colega praticar assédio sexual e moral comigo. Falei: "Ou você para com a piada, ou vamos para a Corregedoria da Câmara". É importante ter atitude.
Quais são suas principais propostas e o que pretende propor especificamente para melhorar a vida das mulheres?
A cidade precisa de uma mudança drástica para dar uma guinada, e tenho como objetivos a geração de emprego e a segurança jurídica e pública, para que as empresas não corram daqui, vítimas da burocracia da prefeitura e do achaque do tráfico. Se esses dois temas forem bem conduzidos, a vida das mulheres será impactada de forma positiva. Além disso, vou investir na atenção básica na saúde, desde a puberdade até a menopausa, passando pelo parto, capacitação de mães de adolescentes nas comunidades, para prevenção da gravidez precoce, e pela rede de proteção à vitima de violência doméstica, envolvendo a Guarda Municipal, a saúde e a assistência social. Todos os projetos para a cidade têm que responder a uma pergunta: "Isso gera emprego e renda?" E trabalhar com o que gera emprego de imediato na cidade é investir no turismo, na cultura, em evento, coisa que o atual prefeito [Marcelo Crivella] não gosta nem incentiva.
O fato de haver seis pré-candidatas mulheres é louvável, mas você não teme que isso possa pulverizar o voto das mulheres e acabar ajudando a eleger um homem?
Não. Essa é uma grande vitória feminina. O mais importante é termos uma prefeita capaz de fazer uma boa gestão. Características como determinação, empatia e humildade não são exclusivas das mulheres, mas muitas vezes são desprezadas pelas lideranças masculinas. Eles matam as candidaturas femininas. Está na hora desses espaços de poder serem ocupados por pessoas que estudem e valorizem quem eles representam. Com tantas opções femininas, o Rio poderá, enfim, se beneficiar em ter a sua primeira prefeita. Estou me colocando à disposição.