O primeiro amor da atriz e designer carioca Letícia Lobo, de 24 anos, chegou aos 14. Era uma colega do curso de teatro. Ela conta detalhes da angústia ao tentar entender que estava apaixonada por uma mulher. Para a mãe de Letícia, também não foi nada fácil:
"Desde pequena, nunca gostei de meninos. Só que, como todas as meninas gostavam, eu escolhia um para gostar também. Gostava de beijar, mas não da companhia deles. Nunca questionei isso até, no teatro, conhecer uma menina. Ela tinha 16 anos, eu tinha 14. Foi meu primeiro amor.
Ela era mais experiente, já tinha ficado e transado com homens. Até que, enquanto ela me contava uma dessas histórias, falou que tinha ficado com uma menina. E aí eu pensei: 'Será que gosto dela?'.
Eu tinha um monte de amigos gays. Só que, quando me vi nessa situação, me assustei. Pedi que uns amigos me levassem a uma festa LGBT - se liga, eu tinha 14 anos. Lá, tinha um casal de mulheres se beijando e eu pedi para entrar no beijo. Me surpreendi com a maciez do beijo, com o cheiro, que é muito mais atraente. No ensaio seguinte, ia dizer à minha paixão o que sentia por ela, mas ela tomou a frente: 'Estou apaixonada por você', disse, enquanto voltávamos para casa, debaixo de chuva. Eu, medrosa, saí correndo.
Começamos a namorar. Ela viu um anel de compromisso que custava R$ 70, mas eu, adolescente, não tinha um real. Pedi para a minha mãe, que não entendeu nada: 'Ela é sua namorada agora?'. Gritei que sim e saí correndo. Minha mãe não reagiu bem, disse que eu queria chamar atenção. Quando os filhos saem do armário, os pais entram. Foi difícil para ela.
Meu namoro acabou porque minha ex teve medo de se assumir. Sofri muito, mas tirei coisas boas disso: me apaixonei de novo, e minha relação com a minha mãe, hoje, é maravilhosa. Ela não só aceita como quer que minha namorada participe da família. Ela não tem mais vergonha de mim."