"No início da carreira eu chorava porque só queria ser aceita. Depois que eu percebi a importância de ser empoderada, ninguém pode mais me parar", decreta Ludmilla. De nascer na Baixada Fluminense, uma das regiões onde mais se executa jovens negros no Rio de Janeiro, até virar a primeira cantora negra da América Latina a alcançar mais de 1 bilhão de streams somente no Spotify foi uma estrada longa para Lud: não só profissional mas também pessoal.
Lud cresceu num cenário em que poucas mulheres negras ascendem socialmente e hoje tem total consciência que sua história é exemplo. "De onde eu vim, praticamente a gente não tem muita esperança. Agora estou aqui, e eles têm inspiração", fala a cantora que também acumula números de impacto no Youtube (mais de 1 bilhão de views) e Instagram (22,7 milhões de seguidores), além de indicações em todas as grandes premiações de música brasileiras e até ao Grammy Latino.
Ela também representa outra minoria. Casada com a dançarina Brunna Gonçalves desde dezembro de 2019, Ludmilla diz que ouviu um chamado de Deus para representar não só as mulheres negras mas as lésbicas e bissexuais. "Sou representatividade por onde quer que eu passe. Até sem falar nada, sentada numa cadeira perto de um bando de gente padrão, já estou ali representando. Tomei posse disso", afirma.
A cantora acaba de lançar o single "Rainha da favela" no qual presta uma homenagem a outras mulheres que, como ela, tem origem humilde e apostaram na música para mandar sua mensagem ao mundo. "Aqui é só trabalho lindo", canta. O clipe traz grandes nome do funk como Taty Quebra Barraco, Valesca Popozuda, MC Kátia A Fiel e MC Carol de Niterói para representar as inspirações de Lud.
Para abrir a semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra, na próxima sexta-feira (20), Universa conversou com Ludmilla sobre carreira, racismo, religião, amor e até filhos - ela e e Brunna planejam embarcar na maternidade em breve.