Desde que sugeriu a substituição da carne do churrasco por melancia ou da pasta de dente por cúrcuma, Bela Gil caiu no imaginário popular brasileiro e, de lá, nunca mais saiu. Entre elogios, críticas e memes sem fim, a chef e apresentadora de TV pode ainda não ter alcançado o sonho de democratizar a alimentação saudável, mas conseguiu ao menos a façanha de levar o tema para a boca do povo.
Filha de Gilberto Gil e nascida na Bahia como o pai, é dos poucos rebentos do cantor e compositor que desviou da trilha musical para seguir um caminho menos artístico, mas de modo algum distante dos holofotes. Com 1,4 milhão de seguidores no Instagram e outras centenas de milhares espalhados por redes sociais diversas, sua principal vitrine é o programa de culinária saudável "Bela Cozinha", no canal GNT --que apresenta desde 2014 e onde ensina a fazer moqueca de jaca e bolinho de painço na companhia de amigos-celebridades.
Mas a influência de Bela, 31, vai além das panelas de comida natureba: seu nome estampa de absorventes de pano a brownies orgânicos, colaborou com a criação de receitas vegetarianas para as escolas municipais de São Paulo e já lançou livros sobre culinária e maternidade.
Recém-chegada de uma temporada de estudos na Itália e instalada numa nova morada em São Paulo, a mãe de Flor, 10, e Nino, 3, gasta longos minutos da entrevista para Universa divagando sobre cada pergunta. Faz pausas para soltar risos largos numa boca em que os dentes parecem não se conter. Se atrapalha e ri ao confundir boi com vaca e carneiro com ovelha. "Enfim, a fêmea do animal!"
Do óleo que se usa na cozinha ao tipo de parto, Bela é uma defensora do direito à informação para que se façam melhores escolhas. E, se puder ser ela a porta-voz dessa informação, melhor ainda. Ao presidente, Jair Bolsonaro, sobra petulância e falta amor, diz Bela. Que também fala aqui de política, ciência, reforma agrária e, claro, alimentação: de bolo a placenta.