Cláudia Abreu tem na maternidade uma das razões de sua vida. "Sou mãe de quatro e isso me define muito. Realmente foi um grande acontecimento, poderia ter sido só isso e já teria valido a pena", diz.
Ainda assim, a atriz de 51 anos faz questão de se desvencilhar do rótulo que a define como "aquela, a mãe de quatro", algo que hoje em dia a deixa quase em estado de exceção. "Eu sou muito isso, mas não sou só isso. São aquelas pechas que vão botando e a vida pessoal acaba contaminando o olhar do público sobre você."
E é justamente para evitar que isso aconteça que Cláudia fala sobre sua vida pessoal somente até certo ponto, procurando preservar a sua intimidade, e a de quem está à sua volta, mas, principalmente, para manter um mistério no ar. Sua maior decepção, ela conta, foi quando descobriu que a sueca Ingrid Bergman, uma de suas atrizes preferidas, não era uma boa mãe. "Isso me cortou", diz Cláudia, que preferia não ter ficado sabendo que, após a separação dela e do diretor italiano Roberto Rosselini, os filhos do casal ficaram longe dos pais. "Ela foi viver um caso na França, ele foi fazer um filme. Não quero julgar, mas de alguma maneira eu a admirei um pouco menos", confessa.
E é isso que ela não quer que aconteça com quem a vê no palco em "Virginia", espetáculo sobre os últimos momentos da escritora Virginia Woolf —a peça passou por São Paulo, Belo Horizonte, e estreia em 21 de outubro no Teatro XP, no Rio de Janeiro. Ali, mesmo que soe utópico, tudo que Cláudia deseja é que as pessoas embarquem na ficção. "Preciso manter um mistério, senão, o que sobra para o público descobrir?", questiona a atriz. A seguir, ela conta sobre como é criar quatro filhos sem abandonar a vida profissional e, sobretudo, a importância de tomar as rédeas para manter o controle das coisas.