Gaby Amarantos já chega chegando ao estúdio com um pedido: "Não faça nenhum retoque na celulite, na gordurinha, em nada. Deixe aparecer". Esse seria o primeiro de muitos sinais, dados durante a entrevista e o ensaio de fotos para Universa, de que a cantora paraense, aos 41 anos, não tem nada a esconder.
Quando recebe elogios pelas unhas gigantes e pontiagudas, garante: "Já aprendi até a bater siririca com ela". Outra coisa que Gaby não tem são papas na língua.
Uma das primeiras representantes do estilo tecnobrega a invadir o eixo Rio-São Paulo, Gaby no início era conhecida como Beyoncé do Pará. Logo se livrou do apelido, emplacou o hit "Ex Mai Love" em abertura de novela global e virou apresentadora do programa Saia Justa, do GNT.
Batizada de Gabriela em homenagem à famosa personagem do escritor Jorge Amado, hoje a artista está a fim mesmo de falar sobre a sua sexualidade aflorada. Tanto que lançou recentemente o clipe da música "Xanalá", em que, junto com a recifense Duda Beat, canta versos como "hoje a tua meta é me dar prazer" enquanto as duas desfilam por um cenário repleto de referências sexuais.
Mas a desbocada, despudorada e extravagante Gaby nem sempre foi assim. Até a gravidez de Davi, seu único filho, de dez anos, só usava roupas escuras, numa tentativa de disfarçar o corpo dito fora do padrão. Perdeu a virgindade aos 21 e só começou a namorar aos 24 porque não se encaixava no estilo "Barbie, bibelô". Fez cirurgias, sofreu bulimia, teve depressão e sangrou, literalmente, para ter seu corpo aceito.
Até que aceitou se aceitar. Hoje, é casada com o inglês Gareth Jones, seu produtor e "o primeiro homem a me dar brinquedos sexuais voltados para o meu prazer". E se orgulha de ser negra, nortista e fora dos padrões. "Se pudesse voltar no tempo, falaria para essa Gaby, que tinha vinte e poucos anos: 'Não faça cirurgia, não alise seu cabelo'." Deixe aparecer.