Na novela global "Amor de Mãe", a Estela de Letícia Lima transa com quem quer, anda de calcinha quando bem entende e faz o que tem vontade — mesmo quando lhe falta "um pouco de sororidade", alerta a atriz nascida em Três Rios (RJ).
Enquanto o comportamento livre da personagem criada por Manuela Dias esbarra em questões que Letícia não concorda, como ficar com homens comprometidos, as contradições da sua intérprete trombam entre a dificuldade de aceitar o próprio corpo e a luta pela quebra de padrões. "Me vejo fazendo um post sobre celulite e, na hora de fazer uma cena de calcinha, estou lá passando todos os cremes do mundo", pondera Letícia, aos 35 anos.
Apesar disso, a artista, que começou a carreira na internet com uma personagem machista no canal "Anões em Chamas" e estreou na Globo em 2015, na novela das nove "A Regra do Jogo", gosta do que vê no espelho — depois de muito tempo de análise, verdade seja dita. E não tem problema nenhum em mandar uma foto íntima. "Sem make."
Letícia também demonstra autoconfiança ao falar abertamente sobre sexualidade. Após um único relacionamento com uma mulher, a cantora Ana Carolina, com quem viveu por cinco anos, a atriz avisa estar aberta e livre. Mas entende o receio que os colegas de profissão têm de seguir o mesmo caminho. "As pessoas têm medo de perder oportunidades, dinheiro, contrato por conta da sexualidade", afirma.
Numa tarde chuvosa e abafada no Rio de Janeiro, em um raro momento de folga das gravações, ela falou ainda sobre o governo Bolsonaro, sobre o ataque à sede do "Porta dos Fundos" e sobre depressão.