Ela desperta os instintos

Paola Carosella conta de onde vêm sua força e seu sex appeal. A receita é agridoce, mas o fruto é esse deleite

Juliana Linhares e Camila Brandalise André Giorgi/UOL

Paola Carosella tem uma presença mesmerizante.

Além de medir 1,77 metro, a chef argentina tem braços longos com músculos torneados, olhos que sustentam o olhar nos do interlocutor e um meio sorriso insistente que, apesar de morar numa boca pequena, passa mensagens inequívocas de ironia, sedução e "não quero falar sobre isso, ok?".

Paola tem uma história familiar torturante. Seus pais morreram quando ela era muito jovem. Em outubro, a chef completa 47 anos, idade que a mãe, Irma, tinha quando morreu. "Tive medo. Tem algumas coisas da morte da minha mãe que ainda estão ali e precisam ser resolvidas", diz Paola, que tem a mãe como referência maior: "Muito do que acho bonito em mim é dela. Mas eu tenho algo que ela não tinha. Eu gosto muito de mim e ela não gostava dela". Foram 20 anos de análise, filha e amores, e Paola fez "uma família de retalhos maravilhosa". "Sou uma pessoa muito feliz hoje".

A argentina teve no programa "MasterChef" um turning point em vários aspectos. Foi lá que ganhou bastante dinheiro, que ficou nacionalmente conhecida e que descobriu seu capital erótico. Ela é a figura mais atraente do programa. Mistura afetividade com violência, sedução com choro e experiência com olhos abertos para o novo. A próxima temporada do programa, que começa no dia 24, estreará em novo dia e horário: oito da noite, no domingo.

Sim, "MasterChef" vai concorrer com o "Fantástico". Ossobuco duro de roer? "Pode ser... Não sei, eu não vejo TV; nem tenho televisão em casa", diz a chef que, nesta entrevista, entrega muitas mais delícias: esses dias, deixou um velhinho "patético" passar a mão na sua bunda, na manhã que conheceu o homem que viria a ser seu marido, teve '48 graus' de febre e acha que Jair Bolsonaro é o resultado "da política podre e da destruição do PT pelo PT".

André Giorgi/UOL
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A mãe que fere e afaga

A segurança e o bom humor que Paola transmite pela TV foram construídos com uma arquitetura de dois pilares: uma história familiar tristíssima e décadas de análise freudiana que "esmiuçaram cada fibra de dor, indo fundo nela", como diz a chef, até que todos os seus lutos fossem suavizados. Os piores e definitivos na formação de sua personalidade foram as mortes dos pais; especialmente, a da mãe, Irma.

Irma Polverari era uma mulher de personalidade massacrantemente forte --em especial, no que dizia respeito à relação com a filha única. Somados a esse temperamento, a mãe de Paola enfrentava a dureza de uma separação quando a menina tinha só dois anos, o trabalho em dois lugares diferentes, a faculdade de direito à noite e o hábito de tomar antidepressivos.

Em um domingo quente de janeiro, antes de sair para trabalhar, Paola deu um beijo na bochecha "quentinha" da mãe e a embrulhou "em um abraço grudento". Depois do almoço, ela convidou uma amiga do restaurante onde as duas davam os primeiros passos na profissão para tomar chá em casa. Quando chegou, Irma já não estava ali.

Irma tinha 47 anos. Mesma idade que a chef completará em outubro agora. A data incomoda. "Tive medo no ano passado. Pensava: 'nossa, vou chegar nesse momento'. Todo ser que está cuidando de uma criança pequena, como eu cuido (ela tem uma filhinha de 7 anos) tem medo de ir embora. Têm algumas coisas da morte da minha mãe que ainda estão ali e precisam ser resolvidas", reflete.

Nesta entrevista, enquanto falava de Irma, Paola olhou para uma foto dela e sua fala engasgou. "Minha mãe está por tudo que é canto na minha casa e sempre vai me emocionar." Ela descreve a mãe como uma mulher genial, cruel e superexigente. "Ela era uma mulher bonita. Muitos homens gostavam dela. Era divertida, contava piadas, mas era depressiva também; então tinha uma tristeza profunda. Muito do que acho bonito em mim é dela. Ela era mais bonita. Tinha o rosto mais simétrico, um narizinho menor. Mas eu tenho algo que ela não tinha. Eu gosto muito de mim e ela não gostava dela".

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Muito do que acho bonito em mim é da minha mãe. Ela era mais bonita. Tinha o rosto mais simétrico, um narizinho menor. Mas eu tenho algo que ela não tinha. Eu gosto muito de mim e ela não gostava dela.

Paola Carosella

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Sua melhor cenourinha

"Um dia, minha pequena Francesca nasceu. Pequena, pequena como uma abóbora pequena, minúscula; tinha uma penugem como a dos quiabos frescos e novos e olhos com o brilho da Lua, de todas as luas. Os dedinhos eram como pequenas cenouras, frágeis e fortes". Esse é um trecho do livro de Paola, "Todas as Sextas", em que ela conta do nascimento de sua filha. A chef trabalhou na cozinha até quatro horas antes do parto. Pariu e voltou ao restaurante 20 dias depois.

Fran, como ela a chama, é uma menina com olhos curiosos, azuis e ainda mais charmosos por causa dos oclinhos. Tem cabelo loiro e curto e se esgueira pelo estúdio enquanto a mãe é fotografada para esta matéria. Fran passeia atrás do cenário, engatinha pelo chão e aparece-e-se-esconde do fotógrafo. "Não quero ir pra natação hoje!", informa, e conta que sabe escalar o muro de casa, andar de skate e os nomes de todas as plantas do jardim ---que tem cenouras e quiabos.

Francesca é filha de um arquiteto argentino com quem Paola se relacionou por três anos. Eles se separaram quando a menina tinha dois. "Sim, sim, a mesma idade que eu, quando meus pais se separaram. Claro que penso nisso. Mas todo mundo se separa quando os filhos têm dois anos", brinca.

"Religiosamente, nos sentamos à mesa às sete da noite, sem os celulares; depois a levo para escovar os dentes, lavar o nariz com soro, passar fio dental e fazer xixi. E entro na cama com ela. Umas nove e meia já capotei, e às cinco e meia estou de pé." Paola observa atenta os botões acionados por Fran que a tiram do prumo. Um deles é quando a filha mostra sinais de baixa autosestima. "Eu sei o que é isso. Fui uma menina assim", diz ela, lembrando de uma história:

"Eu e Fran estávamos na praia. Ela usava só a calcinha, e não queria brincar com as outras meninas, porque todas tinham o sutiã do biquíni. Então, contei uma história de quando eu tinha dez anos e fui para um clube de férias. Eu era muito mais alta que o resto das meninas e tinha um pernão. Não saía da minha tenda e não fazia as atividades porque tinha muita vergonha do que iam achar de mim. Me emocionei contando essa passagem e chorei. Fran me deu um abraço, saiu correndo e caiu na piscina com as meninas. A famosa empatia, né? Que é você entender e não podar a dor do outro".

Reprodução/Instagram

O meu sangue ferve por você

Paola encontrou o amor. Ela lapidou o homem que queria para si e, quando ele apareceu, não só o reconheceu imediatamente, como atacou. E teve "48 graus" de febre.

"O dia em que vi o Jason, abrindo a porta da minha casa, me apaixonei perdidamente. Tive febre e sabia que era o homem da minha vida. No dia seguinte, mandei para ele uma poesia de (Jorge Luis) Borges (poeta e escritor argentino)", conta Paola.

"Ele me faz rir. Traz café na cama pra mim. Fala o tempo todo o quanto me ama, como sou maravilhosa, como sou linda. Me traz presentes incríveis, me manda flores quando viaja e, antes de viajar, enche a casa de flores".

O fotógrafo irlandês Jason Lowes havia feito uma foto de Paola cerca de 20 anos atrás, num restaurante em que ela trabalhava no Uruguai. Há três, quando a chef já morava no Brasil, uma editora quis fazer o livro de suas receitas, mas o momento, conta Paola, era o pior possível.

"Eu havia acabado de comprar um restaurante dos meus sócios (Arturito, em São Paulo), tinha um empréstimo de dois milhões para pagar, e estava trabalhando horrores. Além disso, estava num relacionamento ruim, mas que eu já tinha aceitado que a vida não ia ser aquilo que eu queria, e que eu precisava me acomodar com ele", relembra Paola.

E foi aí que Jason reapareceu. "Mas esse editor insistiu muito. Para desencorajá-lo, disse que queria Jason como fotógrafo, porque achei que ele era muito caro e o editor não aceitaria. Duas semanas depois, Jason chegou. Eles o trouxeram para minha casa, fizemos um café da manhã, e isso foi o final de uma vida e o começo de outra".

O namoro durou três anos sustentado em viagens, uma vez que Jason morava na Inglaterra. Hoje, os dois moram em uma grande e deliciosa casa, com quiabos e berinjelas no jardim, uma cozinha pequena com panelas nas paredes, frutas em charmosos cestos de vime e louças com um perfume antiguinho e uma edícula que armazena as ferramentas de Jason. Em sua fachada, há pintado de vermelho: "Casinha do Jas".

"Ele admira profundamente o meu sucesso. Não tem ciúme; respeita e me encoraja. Se vamos a um museu e 36 pessoas pedem para tirar foto comigo, ele fala: 'Quer que eu tire? A luz não está boa, vamos de novo".

O retrato do pai

Do pai, Roberto Carosella, Paola tem o furinho do queixo, o porte e poucas lembranças. Mas entre elas, o de seu sofrimento em entrar e sair de manicômios, até que, aos 56 anos, não suportou mais o inferno e se deixou ir, num viveiro, entre samambaias, filodendros e bromélias. Roberto se suicidou em 2000, época em que Paola já havia se mudado para São Paulo.

Paola, Roberto e Irma, quando ainda formavam uma família, moravam em Morón, uma cidade a cerca de 20 Km de Buenos Aires, em um bairro da periferia. Não tinham muito dinheiro, mas a casa da família era grande. Depois da separação do casal, o avô paterno da chef comprou um apartamento para ela e Irma morarem na capital. Foi só depois de três anos que Paola veria o pai novamente; internado em um hospital psiquiátrico.

"Meu pai fazia fotografias de carro. Tem uma foto dele, deitado em cima de um carro de Fórmula 1, com uma calça jeans que usavam nos anos 70. Bem apertaaaada, acho que ele ficou até com gangrena nesse dia, e seis mulheres loiras, lindas, meio deitadas. Ele era muito bonito, mas maníaco-depressivo", conta Paola.

Os infortúnios do pai, para ela, têm relação direta com o pai dele, um italiano que era "horrível, uma pessoa sinistra. Tinha uma manipulação horrorosa dele de dizer que eu era culpada da doença do meu pai", diz. A chef trabalhava no Rubayat, quando alguém ligou da Argentina para o restaurante e contou da morte de Roberto. "Escondi a cabeça entre as pernas e chorei. Chorei em silêncio, enquanto alguém grelhava picanhas, tiras de bifes e linguiças", conta ela, em seu livro de receitas e histórias pessoais "Todas as Sextas", ganhador do segundo lugar na categoria culinária do Prêmio Jabuti, em 2017.

André Giorgi/UOL André Giorgi/UOL

Ele (o marido) admira profundamente o meu sucesso. Não tem ciúme; respeita e me encoraja. Se vamos a um museu e 36 pessoas pedem para tirar foto comigo, ele fala: 'Quer que eu tire? A luz não está boa, vamos de novo'.

Paola Carosella

Fábio Guinalz/Frame

A câmera adora esse rosto

A força de Paola no "MasterChef" está na mistura de duas personas que ela faz atuarem: uma delas é maternal, ensina e se emociona. A outra, é a chefa cruel, sexy e inteligente, que detona. "Não posso acolher todo mundo o tempo inteiro. E tem que existir a provocação, 'você não pode cozinhar desse jeito terrível. É muito ruim o que você está fazendo'. Mas quando o participante está indo embora, e já cheguei até o final da última gota do suco que eu tenho para tirar dele, aí eu vou acolher", explana.

Paola sabe do impacto de sua sensualidade, mas jura que só se deu conta dela justamente no programa. "Meu lado sedutor e bonito veio com MasterChef. Eu não o conhecia antes fora das portas fechadas. A direção no meu ouvido falava: 'caras, caras, olhares, olhares!'. E se criou essa comunicação".

O programa vai para sua sexta edição, a partir do dia 24. E com a novidade de passar às 20 horas e nas noites de domingo. Sim, vai concorrer com o "Fantástico". "Tenho a sensação de que vai mudar o público. Vão vir outras pessoas que não assistiam o programa. Espero que dê certo", diz Paola que, de TV, assumidamente, entende pouco: "Não assisto, nem tenho em casa".

Do programa, além do sucesso retumbante, a dita descoberta da beleza e uma boa grana -- especula-se que ela ganhe R$ 60 mil por temporada -- Paola adquiriu também, ela diz, aprendizados com a outra âncora mulher da atração, Ana Paula Padrão. "Aprendi com ela que a gente pode se apresentar muito poderosa, e que isso não quer dizer que você seja arrogante, que se acha a melhor pessoa no mundo", diz Paola.

André Giorgi/UOL André Giorgi/UOL

Aprendi com a Ana Paula que a gente pode se apresentar muito poderosa, e que isso não quer dizer que você seja arrogante, que se acha a melhor pessoa no mundo.

Paola Carosella

Política na mesa

Fátima Meira/Futura Press/Folha

Jair Bolsonaro

"Ele representa muito bem o cenário político do Brasil. A destruição do PT pelo PT mesmo, uma política corrupta, podre e suja com pouquíssimos exemplares de políticos de carreira, uma falta total de informação do eleitorado e o impacto muito poderoso das fake news.Era um caldo e, nesse cenário, ele chegou no poder. E representa o caretismo, o conservadorismo do pseudoreligioso, pseudofamília, pseudotraidicional, princípios, Igreja, Deus e tudo o mais."

Lucas Lima/UOL

Fernando Haddad

"Gosto muito dele como político, pessoa, professor e prefeito. Está envolvido em acusações de corrupção, mas quem não está? Não militei por ele por dois motivos. O primeiro é que ainda estou em processo de me naturalizar brasileira. Vou poder mandar para os haters que falam 'Volta pra Argentina, você não vota aqui', minha fotinho da carteira. E o segundo é porque era necessário que Haddad tivesse pedido desculpas, reconhecido os erros do PT."

Pedro Ladeira/Folhapress

Damares Alves

"É um enigma pra mim. Tem um discurso provocador e simplista. Então, se menina veste rosa e menino, azul, está tudo bem porque não vai mais ter estupro e pedofilia? Ela pensa que assim não vai ter mais essa coisa 'horrorosa' dos gays e travestis. As políticas dela serão mais conservadoras. Mas espero que tenha boas intenções. Não entendo como continua religiosa depois do que houve (referindo-se ao fato da ministra ter sido estuprada, criança, por pastores)."

André Giorgi/UOL André Giorgi/UOL

A dor e a delícia da cozinha

"Quando voltava da escola, às 5 da tarde, até 9,10 da noite, quando minha mãe voltava da faculdade, era um período de silêncio e solidão muito pesados. Não tinha telefone, nem voz de ninguém. Mas tinha a TV. Um programa que chamava Utilíssima, apresentado por mulheres que cozinhavam. Para me sentir menos sozinha, eu fazia as receitas e contava sobre elas para um aquecedor de água que ficava na bancada da cozinha. Depois, passei a colocar a mesa para minha mãe. Arrumava com flores, fazia laços e desenhos. O problema é que quando a comida ficava pronta, não tinha ninguém. Eu sentava no chão e esperava muito minha mãe chegar. Às vezes, tinha que que encontrar um jeito de dormir, mesmo sem ela chegar. Empilhava os pratos, guardava a comida e limpava a mesa que não tinha sido usada".

Esses são trechos do livro em que Paola conta como e por que começou a cozinhar. De partir o coração. As experiências infantis de Paola na cozinha, na verdade, começaram antes dessa idade. A chef foi criada com avós italianas que criavam e cozinhavam coelhos, galinhas e porcos e cultivavam hortas com berinjelas, tangerinas, uvas e pimentões. Seus cheiros de infância são de molho de tomate fervendo, farinha tostada, licor de anis, alecrim colhido na horta, camélias, parmesão maturado e uvas pisadas.

Quando decidiu virar cozinheira, sua mãe arranjou-lhe estágios e a incentivou a voar: Paola trabalhou em restaurantes de Paris, Nova York, Uruguai e Buenos Aires. O grande salto de sua carreira aconteceu quando Francis Mallmann a convidou para vir ao Brasil e chefiar a cozinha do que viria a ser um dos restaurantes mais caros de São Paulo.

A vinda se deu em 2001. Paola não falava uma palavra de português e mandava numa cozinha só de homens. Servia 1.500 pessoas diariamente, trabalhava 15 horas por dia e nunca tirava folgas aos finais de semana. Foram cinco anos assim.

Até que ela decidiu ter o próprio restaurante. E abriu três em São Paulo, dos quais ainda funcionam o Arturito e o Café La Guapa.

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Trabalho com um fornecedor de carnes que que cuida bem dos animais. É bem verdade que elas vão morrer, são abatidas, mas, pelo menos, sei que não tem carne de desmatamento, que as vacas não comem papel, pedaços de algodão e que não têm ácidos injetados na barriga.

Paola Carosella

Este corpo que te pertence

Paola faz exercícios funcionais num parque com uma personal alguns dias da semana, e, como toda mulher, tem celulite, estria e blá blá blá. O rosto, assimétrico e de traços cravados, foi um problemão para ela até pouco tempo atrás mas, depois de seduzir um país inteiro, hoje faz parte de seu capital assumido de beleza.

"Não sei se aceitei tudo, mas me sinto confortável no meu corpo. Gosto de mim, escolho roupas que mostram que tenho carinho por mim", diz ela. Questionada se se acha gata, responde sim, com um aceno de cabeça e um sorrisão.

"Gosto do meu queixo e do meu nariz e de tudo que eles fazem, cheiram, encostam. Essa mudança de olhar que eu tive também veio porque entendi que eles fazem de você ser a pessoa que você é. E se você gosta desse conjunto, como não vai gostar dos pedacinhos?".

Do que mais Paola gosta, no geral? "Fazer paninhos encerados. Compro cera de abelha no mercado e faço paninhos para embrulhar o lanche da Fran". E o que ela detesta? "Perfume. E me secar com a toalha quando saio do chuveiro. É muito desconfortável. Eu não entendo porque temos que fazer isso. Às vezes eu pego o secador e vuuuu".

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Gosto do meu queixo e do meu nariz e de tudo que eles fazem, cheiram, encostam. Essa mudança de olhar que eu tive também veio porque entendi que eles fazem de você ser a pessoa que você é. E se você gosta desse conjunto, como não vai gostar dos pedacinhos?

Paola Carosella

Tragos duros de engolir

Abuso

"Não tive a péssima sorte de passar por abusos. Tudo que eu fiz, me aconteceu e onde eu entrei, eu quis", diz Paola. E conta a seguinte história: "Outro dia, um cara de uns 140 anos, pediu para fazer uma foto comigo. O velhinho me abraçou, desceu a mão e tentou segurar na minha bunda. Eu achei tão patético, que até deixei um minutinho a mão dele ali pra fazer a alegria do cara. Saí e fui morrer de dar risada num canto. É sinistro, eu sei".

Aborto

"Em casos de estupros, abusos, quando não há condição nenhuma de trazer essa vida ao mundo, quando a mulher já tem seis filhos e não conseguiu evitar, sou a favor. Mas eu desejo que a gente tome todas as medidas prévias, exija educação sexual nas escolas, fale disso com os nossos filhos e tenha consciência de que se a gente transa, pode engravidar e isso implica em uma vida. Não sou religiosa, mas tenho um grande respeito à vida".

Morte

"Eu acho que deveria morrer depois do Jason. Ele iria sofrer muito se fosse o contrário. Sou mais forte para essas coisas. Quando morrer, se não tiver acontecido ainda, quero que minha filha seja mãe e tenha um marido bom ou uma mulher boa para ela. Não pretendo morrer pelos próximos 50 anos. Mas quando acontecer, quero que joguem minhas cinzas no mar, como minha mãe quis e eu fiz com as dela."

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A última ceia

Se Paola pudesse reunir em torno de uma mesa a mãe, o pai, a filha e o marido, o menu que prepararia seria o seguinte:

"Faria nhoque com molho de tomate, verduras assadas e uma entrada com pão assado por mim, servido com azeite de oliva. De sobremesa, faria uma torta de maçã para minha mãe e um bolo de chocolate para Fran, que ela ama. Mentira! Ela ama tiramissu. Faria um tiramissu para todo mundo. Bem italiano. No final, não teria limoncello, porque não gosto, tem gosto de detergente. Teria café e whisky porque sou casada com um irlandês e me apaixonei por essa bebida. É bom porque basta bem pouquinho", diz Paola.

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