Marcelo descobriu que tinha leucemia em novembro de 2021. Fizemos um tratamento clínico que não deu certo: a ideia era segurar a leucemia para tentar prolongar a vida dele. Em junho de 2022, o médico disse que teríamos que tentar o transplante de medula óssea. Aos 77 anos, era um teste passar pelo procedimento, mas as condições físicas dele eram tão boas que a equipe médica deu o aval, e ele estava pronto para transplantar.
Começamos a buscar a medula compatível: das quatro filhas dele, duas já tiveram filhos, o que impede a doação, e uma tinha mais de 40 anos. A mais nova, Ana, minha filha com ele, tem 22 anos e era compatível. Foi uma grande alegria.
Passei dois meses dentro do quarto do hospital com o Marcelo após o transplante. De manhã, à tarde, à noite, não colocava a cara nem no corredor. Ele era muito comprometido com o tratamento, tinha uma resiliência incrível. Deu certo: houve a pega da medula.
Estava se recuperando em casa, mas a imunidade seguia baixa. Ele teve uma apendicite que acabou evoluindo para outros problemas respiratórios e renais, não aguentou e morreu [o médico Marcelo Bronstein, marido de Silvia, morreu em 25 de novembro de 2022].