"Sai, menina feia." Stella Yeshua ouviu essa frase de um segurança de um shopping de São Paulo enquanto passeava com a mãe e as primas e parou para ver uma vitrine. Ela tinha 7 anos. Foi a primeira cena de racismo de que a rapper, hoje com 33 anos, tem lembrança.
"Fui embora arrasada, mas não conseguia entender. Por que ele não me achava bonita? Por que tinha falado aquilo tão alto?", lembra. "Eu me calei e só contei para minha mãe quando já estávamos perto de casa. Ela ficou muito nervosa e me explicou que aquilo era racismo."
A partir dali, Stella e a irmã passaram a ter um treinamento diário dentro de casa para que se sentissem fortes o suficiente para lidarem com o racismo no dia a dia. "Minha mãe nos colocava em frente ao espelho e nos mandava repetir frases como 'meu cabelo é lindo', 'meu nariz é lindo', 'minha cor é linda'. Eu achava isso um saco porque eu só queria brincar. Enquanto as outras crianças tinham toda a tarde livre, eu tinha que reproduzir um mantra antirracismo", conta.