Numa dessas noites de quarentena, meio triste, meio angustiada, entrei no Instagram e vi que Teresa Cristina estava ao vivo. Resolvi ver qual era a dessa live da qual tanto se falava.
Entrei desacreditada. E me surpreendi: nada de cenários, nada de instrumentos, nada de produção. Com o rosto bem próximo à tela do celular para ler os comentários, Teresa canta à capela, manda recado para uma amiga sumida, se empolga com alguém conhecido que vê passar por ali, escolhe alguém que levantou a mão pra cantar e passa a vez.
Pontualmente às 22h, Teresa dá início ao seu sarau diário. Tem música, tem conversa, tem poesia. Recebe os convidados como quem recebe em casa: sem pressa, dedicada a ouvir, interessada nas histórias, presente em cada momento. Beberica uma cerveja, belisca umas batatas chips e, eventualmente, pede licença para ir ao banheiro. Na roda de Teresa, tem muita gente conhecida — Chico, Gil, Marisa Monte já deram o ar da graça. Mas também tem muito artista anônimo com cadeira fixa e espaço garantido.
Minha live, minhas regras é o lema de Teresa. E por aqui vale tudo: rir, fofocar, entrar de pijama, falar palavrão, chorar, paquerar. Só não vale defender o governo. Faça isso e você verá Teresa rodar a baiana, fazer discurso e te expulsar da festa sem dó nem piedade.
Duas horas se passaram e eu ainda estava ali. Nesse dia, sonhei com música — e virei uma Cristiner.