Vestidas de preto da cabeça aos pés, elas costumam causar alvoroço no elenco tão logo chegam aos estúdios de filmagem. Se tem dublê no set, é sinal de cena perigosa à vista: explosão, briga, atropelamento, tiroteio, acidente de carro, rolamento de escada, afogamento ou queda de cavalo.
Embora apareçam por apenas alguns segundos —um rápido jogo de câmeras não deixa o público identificar quais cenas foram feitas pela atriz e quais foram realizadas pela dublê—, a preparação para o ofício é bastante árdua. E o reconhecimento também.
Durante muito tempo, eram homens caracterizados de mulheres que serviam de dublês para as atrizes em novelas e filmes. Somente no final da década de 1980, as dublês entraram nesse mercado, ainda que de maneira tímida. "Havia preconceito, achavam que a mulher não seria capaz de fazer uma cena de ação. Mas estamos aqui para provar o contrário. Somos mais cautelosas, calculamos melhor os movimentos e nos machucamos menos", compara Roberta Felipe, dublê de Paolla Oliveira na novela "Cara e Coragem", da TV Globo. Aos 37 anos, ela está no ramo há 17.
Na trama das 19h, Paolla Oliveira interpreta a dublê Pat, parceira de profissão de Moa, personagem de Marcelo Serrado. Como a adrenalina é o mote central da novela, em meio a cenas de saltos e rapel, a profissão ganhou evidência na vida real. "Antes da novela, as pessoas só se interessavam em saber como era tal ator ou tal atriz nos bastidores. Agora querem entender como é o meu trabalho de fato", revela Gisele Oliveira, 36 anos, dublê especialista em cenas com cavalos.