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Sexoterapia#20: Saiba por que o sexo de reconciliação é tão bom e perigoso

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05/06/2020 04h00

Sexo de reconciliação é o sexo que se faz depois de uma briga com o parceiro, normalmente motivada por ciúme. Costuma ser tão intenso, prazeroso e recompensador que, para muitos casais, acaba virando uma espécie de dependência: busca-se a briga para ter a recompensa sexual. Na base de tudo está o sentimento de raiva.

Segundo Ana Canosa, terapeuta sexual e apresentadora do podcast Sexoterapia, a raiva — ou ira — se manifesta basicamente por duas razões: quando nos sentimos ameaçados ou quando estamos frustrados. "Se nos relacionamos com uma pessoa e criamos expectativas, invariavelmente vamos passar por situações que farão a ira se manifestar", afirma. E quando essas situações estão relacionadas ao ciúme ou a outras questões que ameaçam o amor, como insegurança sobre ser amado ou não pelo outro, a excitação associada à briga é transferida para a excitação sexual. É a teoria da Transferência da Excitação, descrita por psicólogos canadenses em 1974.

Ciúme e tesão

A jornalista Camila, 35 anos, de São Paulo relatou ao podcast Sexoterapia que esteve em um romance movido a ciúme, brigas e sexo, por quase dois anos, e que as discussões sempre seguiam o mesmo roteiro: acusações de traição, explosão de raiva, gritaria, xingamentos, e transas maravilhosas. "A qualidade do sexo estava vinculada à quantidade e à qualidade das brigas", afirma. Camila reconhece que ficou tanto tempo nessa relação por interpretar o ciúme doentio do parceiro como cuidado, sinal de amor e desejo.

Segundo Ana, o ciúme é mesmo o motor do erotismo. E isso acontece por esse sentimento sempre ter sido idealizado e romantizado. "A maneira como lidamos com o ciúme tem a ver com o contexto cultural em que o aprendemos e com as estratégias que desenvolvemos para lidar com a raiva gerada por ele", explica. A especialista chama a atenção para o perigo de basear uma relação nessa dupla ciúme e tesão. "Quando a pessoa registra que o melhor sexo da sua vida é o de reconciliação, há o risco de começar a promover brigas repetidamente. E essa dinâmica pode começar a ser bastante abusiva psicologicamente", explica.

Mas não é qualquer briga que se transforma em sexo selvagem. Segundo Ana, quando as discussões estão relacionadas a problemas de convivência, como divisão de trabalhos domésticos, de contas ou qualquer outra questão cotidiana, a raiva e o estresse gerados ficam em outro nível. Nesses casos, costuma acontecer o contrário. "Homens e mulheres perdem o tesão no parceiro que lhes causam frustrações", conclui.

Acompanhe o Sexoterapia

Ira é o tema do vigésimo episódio do podcast Sexoterapia, que em sua terceira temporada vai falar do sexo e os sete pecados capitais. Nesse episódio, as apresentadoras Marina Bessa, editora chefe de Universa, e Ana Canosa, sexóloga, recebem a a dominatrix e pesquisadora do BDSM Dommenique.

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