Sem tempo irmão: 8 museus em São Paulo para conhecer em 2 dias
Dois dias. Esse é o tempo que você precisa pra fazer uma parruda maratona de museus em São Paulo, uma das cidades com maior oferta deles do país. De tecnologia a futebol, passando por história e arte, o número de instituições ultrapassa os três dígitos, sem levar em conta as galerias.
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Para fazer esse guia, o Urban Taste escolheu o eixo da Avenida Paulista, cartão postal da cidade e destino certo para quem visita a metrópole. Dali só escapamos uma vez, e deu tempo de ver 19 exposições em oito lugares.
Dia 1
Partindo do metrô Paraíso, desça até o CCSP e continue o trajeto a pé pela Paulista passando pela Japan House, Masp e terminando no IMS, pertinho da estação Consolação.
Centro Cultural São Paulo
Tempo de visita: 1 hora e meia
O CCSP oferece duas grandes mostras que reúnem exibições individuais de fotografia e artes plásticas. No 29º Programa de Exposições, sete jovens artistas expõem seus trabalhos junto aos da baiana Virgínia de Medeiros, responsável pela vídeo instalação "Fala dos Confins" (2010), a Kombi que fica exposta permanentemente logo na entrada do centro cultural.
Também vale dar uma olhada nos quatro projetos selecionados na 1ª edição do Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica, da Secretaria Municipal de Cultura. O destaque aqui vai para "Olhares Artesanais", que conta com 38 fotografias captadas com câmeras construídas manualmente (pinhole) e reveladas de modo analógico. As imagens que misturam poesia e caos foram feitas no Porto de Santos e têm curadoria de Ricardo Hantzschel. Um extra: as máquinas usadas também podem ser vistas.
Vai lá:
CCSP
1ª Mostra do 29o Programa de Exposições - até 25 de agosto de 2019
Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica- até 11 de agosto de 2019
Japan House
Tempo de visita: 1 hora
O espaço dedicado à difusão da cultura japonesa em São Paulo está com duas exposições em cartaz. No térreo, "DO - A Caminho da Serenidade" explica um pouco da arte da Ikebana por meio de textos e 50 arranjos florais trocados semanalmente.
Subindo as escadas, "Japão 47 Artesãos" conta a história de técnicas artesanais em cerâmica, vidro, metal e madeira nas 47 províncias do país. Elas são pontuadas por cores, correspondem a uma região identificada no mapa e mostram a preservação, a revisitação e a subversão da cultura nipônica por meio de objetos feitos manualmente.
Vai lá:
Japan House
DO - A Caminho da Serenidade - até 04 de agosto de 2019
Japão 47 Artesãos - até 25 de julho de 2019
MASP
Tempo de visita: 3 horas
O principal museu de arte da capital paulista apresenta três coletâneas imperdíveis. "Tarsila Popular" é a mais ampla mostra de trabalhos da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) com 92 obras. O quadro "Abaporu" é apenas um aperitivo do que se encontra no MASP: uma releitura do popular e da identidade nacional derivados da antropofagia de referências da Europa Modernista e de elementos indígenas, afro-atlânticos e do dia a dia comum do brasileiro.
Também está aberta "Lina Bo Bardi: Habitat", sobre a vida e a obra da arquiteta que projetou o MASP. Entre croquis, móveis, objetos e publicações, o trabalho da italiana radicada no Brasil pode ser lido além das fronteiras das narrativas canônicas da arquitetura moderna, numa busca identitária pelo popular, o indígena e o afro-brasileiro.
Porém, especialmente nas férias, há filas para a bilheteria, portanto, comprar o ingresso (R$ 40, inteira) via internet economiza tempo. Às terças, o acesso é gratuito, e a espera pode chegar facilmente a três horas. Se programe e tente solicitar sua entrada - que neste dia é grátis e limitada - com uma semana de antecedência.
Se você ganhar todo esse tempo, dá ainda pra visitar a "Comodato Masp Landmann - Têxteis Pré-Colombianos". O acervo oferece tecidos em lã e algodão produzidos por tecelãs andinas nos atuais Peru e Bolívia entre 800 a.C. a 1532. A centena de exemplares expostos mostra a riqueza deste trabalho, muitas vezes, dedicado e recuperado de cerimônias fúnebres.
Vai lá:
MASP
Tarsila Popular - até 28 de julho de 2019
Lina Bo Bardi: Habitat - até 28 de julho de 2019
Comodato MASP Landmann - Têxteis Pré-Colombianos - até 28 de julho de 2019
Instituto Moreira Salles
Tempo de visita: 2 horas
O IMS fica no finzinho da Paulista e tem interesse calcado na fotografia. A instituição abriga o maior acervo brasileiro dedicado ao fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923), um dos mais ativos a registrar o Brasil do final do século 19 e início do 20. "Marc Ferrez: Território e Imagem" abarca 300 itens que vão dos negativos de vidro aos álbuns de expedição, passando pelas câmeras de grande formato e as conhecidas imagens do Rio de Janeiro.
Além de Ferrez, o IMS apresenta o resgate da poética do chileno Sergio Larrain (1931-2012). "Um Retângulo na Mão" é dividida por cidades e períodos e passa por diversos países, mas é na terra natal que a visão de Larrain comove. As fotos dos bares e cabarés mostram uma face da vida boêmia e marginal, e as crianças nas ruas de Valparaíso revelam a tristeza de uma infância sem perspectivas.
Também para nos mostrar as mazelas do mundo, Letizia Battaglia empresta seu olhar e sua câmera a diversos veículos da imprensa italiana à partir dos anos 1970. Mas é na década de 90, em Palermo, que a curadoria que deriva da mostra realizada no ZAC - Zisa Zona Arti Contemporanee se centra e revela imagens fortes de crimes praticados pela máfia. Neste ínterim, o expectador se depara com cenas explícitas de cadáveres e tomadas em grande angular de personagens periféricas, muitas vezes mulheres e crianças, nos arrabaldes de uma cidade ainda castigada pela herança da Guerra.
Vai lá:
Instituto Moreira Salles
Marc Ferrez: Território e Imagem - até 25 de agosto de 2019
Segio Larrain - Um Retângulo na Mão - até 25 de agosto de 2019
Letizia Battaglia - Palermo - até 22 de setembro de 2019
Dia 2
Partindo do metrô Brigadeiro, vá até o Itaú Cultural e continue o trajeto a pé pela Paulista, passando pelo Centro Cultural Fiesp. De ônibus, táxi ou carro compartilhado siga para o MIS e o MuBE.
Itaú Cultural
Tempo de visita: 1 hora e meia
Mais fotografia: o Itaú Cultural, como parte do Fórum Latino-Americano de Fotografia, oferece ao visitante "Ainda Há Noite", exposição com obras de artistas de oito países que exploram o diálogo com a noite seja como cenário ou conceito. A mostra busca uma forma de compreender a realidade latina além da mediação do olhar europeu ou norte-americano.
Os destaques são a potência da cor do argentino Alejandro Chaskielberg em sua série "Píxeles", que aborda a onipresença dos celulares em nossas vidas; e o preto e branco que retrata a decadência do Palácio Salvo, onde viveu por sete anos Ignacio Iturrioz. O fotógrafo uruguaio documenta os lugares e personagens peculiares que habitaram esse antigo hotel de luxo de Montevidéu.
Vai lá:
Itaú Cultural
Ainda Há Noite - até 11 de agosto de 2019
Centro Cultural FIESP
Tempo de visita: 2h30
A 20ª edição do File Festival, no Centro Cultural FIESP, celebra a evolução tecnológica e a linguagem eletrônica sobre uma perspectiva artística. Gifs, videoarte e instalações de caráter imersivo agradam o público de todas as idades. A exposição é gratuita, porém, requer paciência: algumas atrações têm filas extensas e/ou distribuição de senhas limitadas por hora. Vale a pena a espera para "Das Totale Tanz Theater", uma vivência da dança através da realidade virtual em três níveis de palco flutuante, e "A Sense of Gravity" um espaço não estático que interfere na lógica da percepção espacial e oferece uma experiência física e meditativa ao usuário.
Vai lá:
Centro Cultural Fiesp
File São Paulo 2019 - até 11 de agosto de 2019-07-09
Museu da Imagem e do Som
Tempo de visita: 1 hora e meia
O MIS tem investido em mostras pop com apelo interativo há alguns anos. Em 2014, a exposição sobre David Bowie -- criada pelo Victoria and Albert Museum -- marcou o "boom" da instituição. Cinco anos depois, outra artista performática, a islandesa Björk, ocupa os andares e mantém a casa cheia. "Björk Digital", porém, é 0% analógica. Toda a interação se baseia em vídeos experienciados através da realidade virtual (RV), "cinema" e tablets onde o visitante é também cocriador da música.
Apesar de não haver figurinos, cenários e objetos, o passeio é interessante. A primeira parte, com os óculos de RV, está centrada em faixas do álbum "Vulnicura" (2015), que trata do final do relacionamento da cantora com o marido, o artista Matthew Barney. Na segunda parte, "Biophilia" (2011) se firma como a junção de arte, ciência e natureza de forma multimídia. Vale a pena, mas pra quem não compreende inglês, há a ressalva de que as letras das canções não são traduzidas.
Fica a dica: às terças, a entrada no MIS é grátis, mas chegue cedo para garantir o lugar. Como a exposição requer óculos RV, os ingressos são limitados a 20 pessoas por sessão. Nos demais dias, a compra do bilhete (R$ 30, inteira) pode ser feita na bilheteria (sem antecipação) ou via internet.
É pra todo mundo? Não exatamente: o acesso livre só é permitido a maiores de 14 anos. Abaixo desta idade, pais e responsáveis devem autorizar a visita por escrito, além de acompanhar os jovens. Segundo o MIS, grávidas, cardíacos, pessoas com anomalia de visão binocular, labirintite, epiléticas ou com doenças similares devem evitar a experiência.
Vai lá:
MIS
Björk Digital - até 18 de agosto de 2019
Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia
Tempo de visita: 40 minutos
O MuBE está ali, coladinho ao MIS e é uma boa decisão aproveitar a ida à "Björk Digital" e esticar o passeio. Desenhado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, a visitação ao prédio brutalista inaugurado em 1995 já é, por si só, interessante. Mas podemos mais: a mostra "Construções e Geometrias" faz parte do acervo de obras dos colecionadores Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz e é um resumo do percurso da arte abstrata, concreta e neoconcreta no Brasil da década de 1950 até 90. Entre os artistas estão Amilcar de Castro, Adriana Varejão e Iran do Espírito Santo.
Vai lá:
MuBE
Construções e Geometrias - até 18 de agosto de 2019
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