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Além de enriquecedor, viajar de carona pode ser uma experiência inesquecível; veja dicas

O argentino Juan Villarino pede carona - Arquivo pessoal
O argentino Juan Villarino pede carona Imagem: Arquivo pessoal

Lucila Runnacles

Do UOL, na Argentina

12/07/2012 08h03

Viajar, conhecer outras culturas, cruzar fronteiras e ampliar a visão de mundo é uma experiência recompensadora como poucas. Mas quem quiser dar um toque ainda mais aventureiro a esse momento pode experimentar fazer sua viagem só pedindo carona.

Algumas pessoas dizem que não trocam por nada a emoção e a riqueza de viajar assim. “Conheci gente de todos os lugares viajando de carona. É algo que não tem preço”, conta o músico e jornalista Bernardo Tonasse.

Esse brasileiro fez uma intrépida viagem, única e exclusivamente por meio de carona, por alguns países europeus. Durante um mês, Bernardo conheceu diversos locais como Eslovênia, Croácia, Áustria e Hungria.

Ele conta que viajar com a camisa do Brasil literalmente abre as portas dos carros. “Pode até parecer engraçado, mas as pessoas são muito receptivas com os brasileiros”, conta.

Foram as experiências positivas que fizeram o argentino Juan Villarino, nômade (como ele mesmo se descreve), adotar esse “estilo de turismo”. Ele começou a viajar de carona em 2005 e, desde então, visitou nada menos do que 46 países, percorreu de carona mais de 130 mil quilômetros em cerca de mil veículos diferentes. “Fui hospedado por famílias humildes de todas as partes do mundo, todas me ajudaram. Vi pessoas, que no início eram desconhecidos, que se emocionaram quando se despediram. Isso significa muito pra mim”, conta.

Dicas
O primeiro passo para quem pede carona é escolher bem o lugar. Os mais experientes aconselham abordar as pessoas nos postos de gasolina, fora da cidade. Esse é um ponto onde o viajante pode trocar algumas palavras com o motorista e perguntar em que direção ele está indo. Além disso, outros lugares para tentar a sorte podem ser nos últimos cruzamentos nas saídas das cidades, nos pedágios ou em postos policiais.

Sites especializados indicam que geralmente quem dá carona são pessoas que um dia já pediram e agora querem retribuir o ato de alguma forma. Caminhoneiros e entregadores também são simpatizantes dos mochileiros e muitos aceitam levá-los em troca de um pouco de companhia e bate-papo.

Outra dica importante é levar um mapa com as principais rodovias e estradas da região e, se possível, algum que marque também os postos de gasolina. “Isso é muito útil na hora de traçar o destino e também quando é necessário ir a pé de uma cidade a outra”, explica Tonasse.

Para ter sucesso nem sempre o gesto do polegar aberto, mundialmente conhecido, funciona. Eficiente mesmo é ter um pedaço de papel ou papelão com letras grandes dizendo o nome da cidade onde se quer chegar ou a direção desejada. “Nos postos de gasolina também ajuda ficar de olho nas placas dos carros e no idioma que as pessoas falam. Assim a abordagem é mais eficiente”, ensina o brasileiro.

Pequenos detalhes - como usar roupas coloridas - podem ajudar a chamar a atenção na estrada. Evite usar óculos escuros quando estiver pedindo carona, o motorista sentirá mais confiança se puder ver o rosto do viajante. Mochileiros experientes também aconselham um visual modesto e limpo.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Bernardo Tonasse posa para foto antes de partir para mais uma aventura pela Europa


Internet
O viajante que não quiser perder tanto tempo na estrada à espera de uma carona pode agilizar o processo com a ajuda da tecnologia, embora essa opção deixe a aventura um pouco de lado. Na internet existem vários sites especializados que colocam caroneiros e motoristas em contato. Alguns são gratuitos, já em outros é necessário pagar uma taxa anual para encontrar parceiros de viagem. Há quem ofereça lugar de graça nos carros e quem dê carona em troca de dividir as despesas da gasolina.

Existem diversos sites especializados e comunidades que fazem encontros periódicos para que as pessoas contem suas aventuras. Um deles é a rede social www.coletivu.com.br, que organiza caronas no Brasil. Há também o www.eco-carroagem.com.br. Já no site europeu www.hitchhikers.org, os motoristas escrevem para onde estão indo e o número de lugares disponíveis no carro, deixando o contato por conta dos próprios usuários. No hitchwiki.org é possível encontrar uma série de dicas e bons lugares onde pedir carona pelo mundo afora. Outras opções são o www.digihitch.com e o www.autostopargentina.com.ar.


Segurança e mulheres na estrada
Mas mesmo no mundo virtual vale a pena tomar alguns cuidados. Antes de embarcar, é aconselhável pedir os dados do motorista (nome, número de identidade e placa do carro), passar essas informações para algum amigo ou familiar e, quando encontrar com o motorista, pedir para ver o documento dele.

Antes de entrar em qualquer veículo siga o seu instinto e, se por algum motivo, você sentir que há algo de errado ou falta de empatia com o motorista, não entre. É melhor perder a carona do que passar por alguma situação desnecessária.

“Viajando de carona, a intuição é a melhor defesa contra uma situação desagradável”, alerta Villarino, que já escreveu um livro sobre as suas andanças pelo Oriente Médio e tem um blog (acrobatadelcamino.blogspot.com) em que conta suas aventuras.

Geralmente as mulheres conseguem carona mais facilmente do que os homens, mas é melhor evitar ficar sozinha na estrada. Uma boa opção para as meninas sozinhas é aceitar carona só de uma motorista ou de um casal.

Outra dica que vale a pena levar em consideração é ter sempre a mochila ao seu alcance. Evite colocá-la no porta-malas ao entrar no carro. Assim, se alguma coisa der errado é possível sair do veículo com todos os seus pertences rapidamente.

A viajante Regina Candell relembra que os companheiros nesse tipo de viagem são sempre o imprevisto e o inusitado. “A gente acorda e não sabe como vai ser o dia, nunca sabemos onde vamos chegar nas próximas 24 horas. Essa sensação de não saber o que vai vir depois é maravilhosa. Viajando de carona aprendi a ser muito mais paciente no caminho e na vida”, conta.