Viagem de trem pelo mundo cruza três continentes e custa quase R$ 160 mil
Empreendimento antes reservado a grandes navegadores como Fernão de Magalhães ou à imaginação de escritores como Júlio Verne, dar uma volta ao mundo é hoje um passeio cada vez mais comum entre turistas de todo o planeta, que usam múltiplas viagens aéreas para realizar o trajeto.
Poucos sabem, porém, que grande parte do percurso pode ser feito de trem.
A empresa turística TT Operadora acaba de lançar um roteiro que promete cruzar, durante 35 dias, a Europa, o norte da Ásia e a América do Norte através de 18 mil quilômetros de vias férreas. E muitos dos participantes poderão dizer que deram uma volta no globo, pois irão de avião do Brasil a Lisboa (o ponto inicial da jornada) e voltarão ao território brasileiro desde Nova York (a parada final da epopeia).
"O trem é um dos melhores meios de transporte do mundo", diz Pablo Bernhard, presidente da TT Operadora. "É um lugar que oferece comodidade, oportunidades de convivência com outras pessoas e chance para ver as paisagens mudando através de suas janelas. Hoje, há gente dando volta ao mundo até de navio. Por isso, pensamos: por que não montar uma rota ferroviária que passasse por vários continentes?"
A viagem ferroviária começa no próximo dia 24 de agosto em Lisboa, sob a moderna estrutura da estação Oriente, desenhada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. De lá, a bordo dos vagões da empresa Sud Expresso, os turistas cruzam Portugal, a Espanha e terminam o primeiro trecho da viagem na cidade francesa de Hendaia.
É neste local que os turistas embarcam no famoso TGV, trem que costuma se mover a 320 km/h e que os levará à cidade de Paris. E, na Cidade Luz, todos entram no Expresso Paris-Moscou, que irá atravessar 3.169 quilômetros de ferrovias até a capital russa, passando por cinco países no caminho.
A chegada à nação de Vladimir Putin coincidirá com a celebração dos 100 anos da inauguração da rede ferroviária Transiberiana, na qual os turistas irão embarcar para cruzar os montes Urais, entrar na Ásia e ir até Vladivostok, na ponta oriental da Rússia, visitando no trajeto cidades típicas da Sibéria e o lago Baikal.
Do Pacífico ao Atlântico
A leste de Vladivostok o que se vê é o oceano Pacífico e, por isso, os turistas deverão tomar um avião para ir ao terceiro continente da viagem ferroviária.
É na cidade canadense de Vancouver que começa, no dia 16 de setembro, o trecho americano do passeio, com a empresa de trens Rocky Montaineer, que tem vagões que oferecem visão panorâmica para as paisagens montanhosas do oeste do Canadá. Na área está o lindo Lake Louise, famoso por sua água com cor de esmeralda.
Na cidade de Jasper, ali perto, mais uma troca de trens: desta vez todos sobem nos vagões da empresa The Canadian, que transportará os viajantes a Toronto, de onde partirá o último trem da rota, o Amtrak - Maple Leaf, rumo à cidade de Nova York, nos Estados Unidos, aonde chega no dia 24 de setembro.
Tal aventura, porém, será acessível a poucos turistas: enquanto uma passagem aérea de volta ao mundo custa hoje cerca de US$ 5 mil, o passeio da TT Operadora sai a partir de 39.245 euros (cerca de R$ 157 mil).
"É uma viagem desenhada para quem tem poder aquisitivo alto", afirma Pablo Bernhard, presidente da TT Operadora. "O roteiro que montamos irá oferecer muita exclusividade e luxo para os clientes".
Os mais de R$ 150 mil não incluem, entretanto, apenas as passagens ferroviárias. Além de se hospedar dentro dos melhores vagões dormitórios dos trens, os viajantes passarão 20 noites em hotéis cinco estrelas de 13 cidades que estão no trajeto da viagem (como o Fairmont Chateau Lake Louise, no Canadá) e, na maioria dos dias, terão alimentação inclusa, realizada em restaurantes de alta gastronomia, como Maison Eguiazabal, no País Basco.
"A maioria das noites serão passadas em hotéis luxuosos do percurso", diz Bernhard. Ao todo, fazem parte do preço 77 refeições, sendo 33 cafés da manhã, 21 almoços e 23 jantares. Também está incluso o trecho aéreo entre Vladivostok e Vancouver.
Entretanto, as passagens aéreas entre o Brasil e Lisboa, e entre Nova York e o território brasileiro, não estão inclusas. Mais informações: www.voltaaomundodetrem.com.br
Outras maneiras de dar a volta ao mundo
Atualmente, associações de empresas aéreas vendem passagens que, por um preço acessível para muita gente, permitem que turistas façam viagens de volta ao mundo.
A OneWorld, a SkyTeam e a Star Alliance são as principais organizações deste mercado.
A Star Alliance, por exemplo, que reúne companhias como a Turkish Airlines, a Lufthansa e a Singapore Airlines, oferece um bilhete que permite ao viajante sair de São Paulo e, no decorrer de vários dias, visitar Sydney (Austrália), Xangai (China), Delhi (Índia), Cairo (Egito) e Frankfurt (Alemanha), antes de retornar ao aeroporto de Guarulhos. O preço: aproximadamente R$ 17 mil.
E é também possível percorrer os trechos ferroviários citados na matéria acima de maneira independente, gastando muito menos do que dezenas (ou centenas) de milhares de reais. O Expresso Paris-Moscou, por exemplo, tem passagens na classe econômica custando aproximadamente 258 euros (cerca de R$ 1.030).
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