Vai fazer uma viagem longa em casal? Veja dicas para evitar a DR no roteiro
Do UOL, em São Paulo
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A experiência de fazer uma longa viagem em casal pode render algumas das lembranças mais inesquecíveis da vida em comum. Mas, nas 24 horas de convivência diárias, diferenças também podem vir à tona. O desafio é não deixar que elas se transformem em motivo de briga, atrapalhando o passeio.
A partir das dicas de especialistas no assunto e de casais que já toparam essa aventura, o UOL ajuda você a evitar isso.
Diferenças e preferências em jogo
Passar o dia todo ao lado de quem a gente gosta pode ser uma oportunidade incrível de fortalecer o vínculo. Isso desde que as características e desejos de cada um sejam respeitados e que haja flexibilidade para chegar, sempre que possível, ao consenso.
Segundo a psicóloga Aretusa Baechtold, presidente da Associação Brasileira de Stress e mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, a falta de diálogo assertivo é o principal motivo que leva um casal a brigar no dia a dia. Isso apenas se mostra de maneira mais clara durante uma viagem, quando a convivência se intensifica. Portanto, sentir-se confortável para dizer o que quer, o que não quer e o que espera da viagem – antes mesmo de iniciá-la – é um cuidado fundamental.
"Quanto mais o casal puder alinhar as expectativas e estabelecer acordos antes de viajar, melhor. Quando isso não ocorre, as brigas podem acontecer por motivos aparentemente bobos, quando, por exemplo, um deles quer acordar cedo e aproveitar o destino ao máximo e o outro quer descansar, sem ter horário para nada", afirma.
Uma situação parecida atrapalhou a viagem romântica do casal Thiago Villa Verde, 27, designer e empreendedor digital, e Lais Castro, 24, auditora. Eles, que já passaram 17 dias juntos na Chapada dos Veadeiros, 20 dias no Uruguai e mais outros 15 na Costa dos Corais, no nordeste brasileiro, contam que a divergência sobre o que fazer em cada destino foi o que mais gerou discussões. "O que mais me irrita é a mania que ele tem de não descansar e de querer aproveitar 100% da viagem. Eu já gosto de poder dormir até mais tarde, pelo menos de vez em quando", diz Lais.
A pior discussão do casal aconteceu quando estavam em Punta del Leste, decidindo por onde passear. "Ficamos uma hora brigando porque a Lais queria fazer compras e eu queria conhecer a praia", diz Thiago. No final, chegaram a um consenso e dividiram o dia em dois períodos, conciliando os gostos de ambos.
O problema de divergência de interesses também gerou algum estresse entre a empresária Rachel Guedes, de 27 anos, e o funcionário público Luciano Guedes, de 31. "Meu marido é do tipo que lê placa por placa nos museus. Em Florença, isso foi um problema, pois a cidade tem muitos museus e não dá para ver cada detalhe da exposição sem comprometer o roteiro", afirma Rachel, que passou 23 dias na Itália com seu amor. "Depois de muita discussão, combinamos de visitar apenas um museu por dia e que ele focaria nas obras mais conhecidas", conta a esposa.
As manias de Rachel também chegaram a tirar Luciano do sério. "Ela tira muitas fotos de tudo. Muitas mesmo. Ela repete a foto até encontrar o melhor ângulo, a melhor luz, a melhor sombra. As brigas acabaram quando eu percebi que não adiantava reclamar. O jeito era aceitar que esse é o jeito dela", conta Luciano.
Diálogo e respeito
Para Ghoeber Morales, psicólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), viagens longas são momentos em que as preferências pessoais e individuais acabam emergindo. E é preciso maturidade para ora resignar-se, ora impor sua opinião, até chegar a um equilíbrio satisfatório para o casal. "O ideal é que, no planejamento da viagem, o casal trabalhe junto para atender à maior parte das vontades dos dois, na medida do possível", diz Morales.
Os empreendedores Plácido Salles, 25 anos, e Mariana Beluco, de 32, têm bastante experiência em conviver durante viagens longas, já que estão na estrada há nove meses. Eles, que atualmente exploram o México, saíram de São Paulo rumo ao sul da Argentina, em Ushuaia, com planos de chegar até o Alasca, viajando pelo continente de ponta a ponta.
"Discussões sempre acontecem e os motivos vão dos mais ridículos aos mais complexos. Dependendo do seu estado emocional no momento, qualquer coisa pode irritar", afirma Salles. Mas o casal definiu estratégias de convivência para que as brigas não atrapalhem a viagem dos sonhos, principalmente diante dos inevitáveis imprevistos. "O grande segredo é saber o que a pessoa gosta e o que não gosta, antecipar as reações dela e, assim, evitar ao máximo possível as situações de estresse. Além disso, entender o tempo que cada um leva para se recuperar de um momento de irritação e nervoso -- e respeitar isso -- é fundamental", recomenda Salles.