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Há um médico a bordo? O que acontece quando um passageiro passa mal no voo

Companhias aéreas são obrigadas a ter médicos a bordo? Não - Creative Commons
Companhias aéreas são obrigadas a ter médicos a bordo? Não Imagem: Creative Commons

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

04/09/2017 04h00

“Atenção. Se houver algum médico a bordo, por favor, se identifique”. Se você ouvir um comissário falando isso no alto-falante, tem passageiro passando mal. Mas, você sabe como são os procedimentos em um caso assim? E como diminuir as chances de você passar mal dentro de um avião? Veja as respostas para estas perguntas abaixo.

Companhias aéreas são obrigadas a ter médicos a bordo?

Não, mas deveriam, segundo o médico João Márcio Garcia, conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). “O ideal é que houvesse pelo menos um paramédico presente em cada voo”, diz ele. “Não é incomum que passageiros passem mal em aviões”.

Se um passageiro passa mal, um médico é obrigado a se identificar?

Sim, responde João Márcio Garcia, conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). "Embora ele esteja na condição de passageiros e só possa contar com os recursos disponíveis, a sua não identificação poderia caracterizar como omissão de socorro, mesmo que o passageiro apresente problemas que não condizem com a especialidade do médico. No voo ele é quem tem a formação mais adequada para prestar assistência. Os médicos, por sua formação humanitária, tendem a se prontificar para ajudar".

Como evitar ter problemas de saúde a bordo?

Segundo Garcia, pessoas que sofram de doenças crônicas devem consultar seu médico antes da viagem para saber se seu problema de saúde pode se agravar durante o voo; levar remédios de uso contínuo na bagagem de mão e, em voos mais longos, é recomendável que o passageiro use meias elásticas, que previnem a formação de coágulos nas pernas (também chamado de trombose venosa profunda). “O passageiro também deve evitar ingerir bebidas alcoólicas antes de um voo, pois o álcool aumenta as chances de ter tontura e enjoos. Alimentos de difícil digestão podem gerar problemas gástricos no viajante”.

Quais são os problemas de saúde mais comuns em um voo?

“Náusea, vômito e outros problemas gástricos são as ocorrências mais comuns em voos. Mas há também muitos casos de queda de pressão arterial e hipertensão entre os viajantes”, diz o médico. “Além disso, fatores psicológicos, como o medo de voar, podem causar manifestações físicas, como subida da pressão arterial ou queda de pressão. Pessoas que têm esse tipo de ansiedade devem procurar um médico antes de viajar, que pode prescrever um sedativo. E eu não recomendo a automedicação”.

Que equipamentos aviões devem ter para atender passageiros?

No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que todos os aviões tenham a bordo mais de duas dezenas de itens capazes auxiliar para passageiros com problemas de saúde. Aí estão incluídos termômetros, máscara de ressuscitação boca-a-boca com válvula unidirecional, ataduras, gazes, compressas para queimaduras, analgésicos, antihistamínicos, materiais para acesso venoso, medicamentos injetáveis e instrumental para entubação.

E se não houver nenhum médico a bordo?

Segundo a Anac, a tripulação de todas as companhias aéreas que operam no Brasil devem passar por cursos de primeiros socorros. Caso não haja um médico a bordo, os comissários contam com o auxílio de serviços médicos remotos, que os orientam, via rádio de comunicação da aeronave. Caso o atendimento no ar não resolva o problema, o comandante pede prioridade para pousar no aeroporto mais próximo para que o passageiro seja atendido em terra. Remédios de uso oral só são administrados se o serviço médico remoto ou um médico voluntário recomendarem. Já o uso dos injetáveis, instrumental para entubação e outros procedimentos mais invasivos deve ser manuseados e supervisionados exclusivamente por profissionais médicos presentes no avião.

E se alguém morre em um voo?

Apesar de raras, há ocorrências de mortes em pleno voo. Em muitos casos, a pessoa falecida é colocada em uma fileira de assentos onde não haja passageiros e coberta com uma manta. Se o avião estiver lotado, o morto pode ter de ficar em seu assento de origem, ao lado de outros viajantes.