Na Letônia, turista paga para dormir em prisão e ser maltratado por guardas
Você pagaria para, durante suas férias, dormir em uma cela de prisão e ser maltratado por homens disfarçados de guardas? Trata-se, certamente, de um cenário de pesadelo, mas que é encarado como diversão por turistas de diversas partes do mundo.
Na cidade de Liepaja, no oeste da ex-república soviética da Letônia, localizada bem ao lado da Rússia, existe um antigo cárcere que, hoje, opera como uma espécie de hotel onde os hóspedes são tratados como prisioneiros.
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O nome do local é Karosta Prison e oferece um passeio que se chama "Extreme Night" (Noite Extrema), definido, pelo próprio estabelecimento, como uma experiência "sombria".
Os turistas chegam ao local por volta das 21h, e não demora para que sejam enquadrados pelos atores vestidos como guardas do lugar: todos têm que se posicionar em filas e receber ordens (muitas vezes no indecifrável idioma letão e aos gritos) dos homens vestidos em uniformes policiais e militares.
Ao ingressar nos corredores das celas, o público também deve manter a disciplina, ficando com as costas coladas às paredes e segurando seus lençóis e cobertores. Aqui, há mais ordens autoritárias: os "carcereiros" chegam inclusive a ensinar os presentes, de maneira um tanto ríspida, a como fazer suas camas.
E aqueles que desobedecem as determinações (ou não as executam corretamente) são punidos. Os castigos vão desde sessões de flexões de braço até a obrigação, nada agradável, de limpar partes sujas do interior da prisão.
E há ainda outros procedimentos inspirados no mundo real dos prisioneiros, como as famosas "mugshots" (aquelas fotos de rosto tiradas de detentos segurando placas com números) e sessões de interrogatório (geralmente feitas em inglês).
Na hora de dormir, os turistas são colocados nas opressivas celas do lugar e, às vezes, só para aumentar um pouco a tensão, alguns dos "guardas" passam chutando as portas de metal dos cubículos.
Antes deste passeio, todos os viajantes devem assinar um documento que diz que "os visitantes são detentos" e que, dentro da prisão, "a ordem e a disciplina devem ser mantidas". O termo também afirma que todos estão sujeitos a receber "abuso verbal".
Passado sombrio
Apesar de tensa, toda a experiência, logicamente, não passa de uma brincadeira. Mas há diversos elementos reais neste passeio turístico na Letônia.
Primeiro porque Karosta foi realmente uma temida prisão durante o século 20, construída pelos czares russos, utilizada como centro de detenção e execução pelos nazistas quando estes dominaram os territórios bálticos (onde fica a Letônia) durante a Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, usada como cárcere pelas forças de segurança da União Soviética.
E, segunda relata a administração atual da Karosta Prison, ninguém jamais escapou daqui.
Pelos seus corredores e salas (muitos ainda preservando seu aspecto original), aparecem retratos de Vladimir Lênin por todos os lados. E um dos objetivos desta atração turística é fazer o viajante sentir (pelo menos um pouco) como era ser um detento em épocas soviéticas.
É também possível explorar Karosta durante o dia (sem a necessidade de dormir por lá). De acordo com Monta Krafte, porta-voz desta atração turística, o local recebe a visita de mais de 20 mil pessoas por ano (com cerca de 400 delas se arriscando a passar uma noite nas celas).
E há mais um elemento para aumentar a adrenalina do local: reza a lenda que Karosta Prison é um local mal-assombrado, onde portas se abrem sozinhas e passos são ouvidos em corredores vazios.
A experiência da "Noite Extrema", que dura entre as 21h e as 9h do dia seguinte, custa, atualmente, 17 euros por pessoa.
Karosta Prison fica a aproximadamente 230 km da capital da Letônia, Riga.
Mais informações: karostascietums.lv/en/
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