Ele já foi a 135 países e afirma ser "o brasileiro mais viajado do mundo"
"Olá, Marcel. Desculpe pela demora em responder seu pedido de entrevista. Estive em trânsito nos últimos dias pela Turquia e só agora, que cheguei às ilhas gregas, consegui achar um tempo para falar contigo, aqui da beira da piscina".
Este é o começo da minha conversa com Igor Galli, um goiano de 37 de anos que afirma ser, atualmente, "o brasileiro mais viajado do mundo".
Até hoje, ele conta já haver pisado em 135 países reconhecidos pelas Nações Unidas (além de dezenas de territórios autônomos que não são reconhecidos como países pela ONU, mas que os viajantes computam como nações visitadas, como a Abkházia, no Cáucaso). E, mesmo com tanta rodagem, ele continua na ativa, em uma rotina estradeira que inclui tardes ensolaradas de dias de semana em piscinas ao lado do mar Egeu.
Mas como é possível se transformar em um viajante global constante e quais são as aventuras que uma pessoa com este ímpeto para desbravar o planeta já viveu?
Antes de mais nada, Igor faz questão de dizer: "Nunca fui filhinho de papai. Tive que ralar muito. Mudei-me para a Inglaterra e, durante seis anos, trabalhei como garçom todos os dias da semana, cerca de 10 horas por dia, para juntar dinheiro e começar a viajar. E também me preparei de outras maneiras desde cedo. Estudei novos idiomas e fiz faculdade de turismo, o que me ajudou a ingressar no mundo das viagens".
O brasileiro também afirma que espírito de aventura pode ser tão importante quanto dinheiro para alguém conseguir realizar o sonho de explorar o mundo.
"É lógico que dinheiro traz conforto. Mas já cansei de ver gente realizando grandes viagens gastando muito pouco. Na Europa, há turistas que saem explorando os países de bicicleta e, na hora de dormir, acampam. Conheci uma vez uma francesa de 22 anos que foi até o Quirguistão [país da Ásia Central] de bicicleta, sozinha".
Igor também diz que não é preciso ser tão radical para conseguir fazer viagens em conta. "Em vez de se hospedar em um hotel, fique em um hostel [onde costuma haver acomodações bem baratas] ou faça um couchsurfing [modalidade na qual turistas conseguem se hospedar gratuitamente em residências ao redor do mundo]. Para viajar, coragem é mais importante do que dinheiro".
Igor já escreveu três livros sobre lugares que conheceu e suas experiências de viagem (um, por exemplo, é sobre os melhores destinos culturais do mundo) e, segundo ele, consegue bancar boa parte de suas jornadas com a venda dessas obras.
Ele também afirma que já está sendo chamado para dar palestras no exterior para contar suas histórias na estrada, o que lhe rende hospedagens gratuitas fora do Brasil.
Melhores lugares
Para Igor, que está viajando há mais de 15 anos, é difícil definir qual é o seu destino favorito no mundo. "Tudo depende da fase em que você está na sua vida, se quer balada, contato com a natureza ou fazer uma viagem em família, por exemplo", diz ele. "Mas, se eu tivesse que escolher, elegeria o Sudeste Asiático, onde estão países como Tailândia, Indonésia e Filipinas, e a América Latina. São duas regiões com clima quente, comida deliciosa, muita natureza e que são baratas".
O brasileiro também tem um afeto especial por um cartão-postal que fica parcialmente dentro do Brasil: as cataratas do Iguaçu, que, para ele, são as mais belas cachoeiras do mundo. "Eu também amo fazer trilhas e, para quem gosta deste tipo de passeio, o Nepal é um dos melhores países. Lá, por exemplo, dá chegar à base do Everest caminhando".
Mas o perfil dos lugares que Igor visitou é bem mais variado: ele já esteve no deserto do Saara, em cidades históricas do Irã, no Carnaval de Veneza, em viagens de barco no Mali, atirando com rifles AK-47 no Vietnã e em uma ilha com os dragões de Komodo, na Indonésia.
E, no meio destas jornadas, não faltaram momentos de perigo: certa vez, ele se perdeu ao fazer uma trilha por uma área montanhosa da Noruega. Para piorar: ele caiu, machucou a perna, ficando com seus movimentos prejudicados e sozinho, sob um frio de rachar. Achando que fosse morrer, o goiano chegou a gravar mensagens se despedindo de seus entes queridos. Para sua sorte, uma pessoa o encontrou no meio da paisagem congelada e o retirou dali.
Ranking
Não há como ter certeza de que Igor Galli é realmente o brasileiro mais viajado do mundo. Para afirmar isso, ele usa como base a lista de classificação do Nomad Mania, um site onde turistas do mundo inteiro informam os lugares em que já estiveram ao redor do globo e, de acordo com o número de regiões e países que visitaram, são colocados em um ranking.
Para dar mais credibilidade à classificação, os viajantes podem comprovar que suas listas de países visitados são verdadeiras enviando, ao Nomad Mania, imagens dos vistos e carimbos de entrada das nações nas quais afirmam haver estado.
No ranking (que congrega milhares de pessoas), há um brasileiro à frente de Igor, mas, segundo o site, ele não teria enviado estes comprovantes. Igor, por sua vez, é o brasileiro mais bem rankeado desta classificação global que enviou os certificados de confirmação de suas viagens.
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