Ilha de Boipeba tem praias lindas, sossego e caipirinha no cacau
No meio do concorrido litoral do Nordeste brasileiro, há destinos paradisíacos que ainda não foram completamente descobertos pelo turismo de massa (e que são perfeitos para quem busca férias repletas de sossego, dias ensolarados e com muito contato com a natureza).
Localizada na Bahia, ao sul de Salvador, a ilha de Boipeba é um destes locais.
Trata-se de um pedaço de terra com praias de areia fofa, banhadas por um mar cálido e que exalam uma atmosfera selvagem, onde as estruturas mais altas que aparecem no horizonte não são prédios ou casas, mas enormes coqueiros que se espalham por quilômetros ao longo da orla. E o melhor: mesmo na alta temporada, é um local que nem sempre se encontra apinhado de viajantes.
Em Boipeba circulam pouquíssimos veículos a motor: aqui, turistas caminham entre românticas trilhas no meio de mata nativa ou tomam pequenas embarcações para se locomover entre faixas de areia que são verdadeiras obras de arte naturais.
Moreré
Boipeba tem cinco faixas de areia que são passeios imperdíveis para quem visita este destino baiano: as praias de Moreré, Bainema, Cueira e Tassimirim, além da Ponta dos Castelhanos.
Moreré constitui o melhor lugar para se hospedar na ilha: é um local que, atrás de seus coqueirais e áreas de densa mata nativa, abriga uma boa infraestrutura turística, que inclui restaurantes, um sofisticado hotel para quem está com a conta bancária mais cheia, áreas de camping para quem viaja com orçamento mais apertado, lindas casas localizadas no meio da natureza que podem ser alugadas via Airbnb e convenientes mercadinhos (e quase tudo ainda preservando um belo aspecto rústico, que combina com a atmosfera de isolamento do lugar).
Aqui, como em toda Boipeba, é o movimento das marés que determina a paisagem da orla. Em determinados momentos do dia, o mar recua até dezenas de metros de distância da praia, para depois voltar pouco a pouco, formando uma verdadeira piscina natural, rasa e cristalina, neste sobe e desce.
Moreré também exibe um interessante clima hippie: sob as enormes árvores ou nas barraquinhas de madeira que surgem perto do oceano, viajantes do mundo inteiro se reúnem em rodinhas de violão, para confeccionar artesanatos ou para tirar uma soneca, sob alguma sombra, no meio do dia, em um ambiente extremamente pacífico.
E esta praia é um ponto de partida ideal para explorar os outros cartões-postais de Boipeba.
Bainema
Depois de acordar em Moreré, coloque em sua mochila garrafas de água, proteja a cabeça com um chapéu ou boné e comece a caminhada rumo à praia vizinha de Bainema.
Este é, sem dúvida, um dos percursos mais lindos para fazer em toda a ilha: no trajeto (até o final de Bainema serão cerca de 30 minutos de andança), você irá atravessar um túnel natural formado por plantas, árvores e flores, perfeito para belíssimas fotos.
E, ao pisar em Bainema, o cenário não perde sua beleza: a praia tem um formato curvo que se estende pelo horizonte, com uma areia fofíssima compondo paisagem com gigantescos coqueiros. E, mesmo em janeiro, período de alta temporada de viagens no Nordeste e época em que o UOL esteve em Boipeba, não costuma haver muitos turistas em Bainema, dando uma agradável sensação de exclusividade para o visitante.
Percorra toda esta orla até alcançar o local conhecido como Pontal do Bainema, ideal para esticar a canga e passar o dia inteiro sob o sol.
Aqui existe um quiosque onde é possível comprar água de coco, cerveja, caipirinhas, petiscos e refeições. O estabelecimento também abriga um camping com banheiros e chuveiros, que podem ser utilizados pelos clientes do quiosque, além de oferecer redes e mesinhas à sombra de árvores.
O mar que banha esta zona costuma ser perfeito para um mergulho: a água tende a ser calma e quentinha. E, na hora em que a fome bater, peça o vinagrete de polvo servido pelo quiosque. É uma delícia.
Ponta dos Castelhanos
A Ponta dos Castelhanos é um dos atrativos mais isolados da ilha de Boipeba: trata-se de um local onde o mar ingressa em uma grande área de manguezal no sul da ilha, gerando uma paisagem bem única neste destino do litoral da Bahia.
Para quem quiser caminhar até lá, o recomendável é contratar um guia em Moreré, Bainema ou Velha Boipeba (que é o principal vilarejo da ilha) e encarar um longo percurso até a Ponta dos Castelhanos, que atravessa um extenso mangue e exige que os viajantes sujem os pés de lama para passar entre terrenos habitados por caranguejos.
Para quem gosta de natureza e se interessa pelo rico ecossistema dos mangues, é uma experiência extremamente interessante.
Ao final da trilha no mangue, é ainda necessário pegar um barco que leva os viajantes até a orla da Ponta dos Castelhanos.
É também possível ir até lá em viagens de barco a partir de locais como Moreré e Velha Boipeba, com doses bem menores de aventura.
Apesar de seu isolamento, Castelhanos abriga quiosques famosos por seus deliciosos pastéis (não deixe de provar o pastel de lagosta com banana-da-terra) e caipirinhas feitas dentro do cacau. Trata-se de um lugar que também recebe tours de barcos vindos de outros balneários que existem ao redor de Boipeba, e que pode ficar um tanto lotado na alta temporada.
A água que banha parte desta orla, por sua vez, é fresquinha e ótima para um mergulho.
Da Ponta dos Castelhanos, vale a pena ir, de barco, até a região conhecida como Cova da Onça, com restaurantezinhos servindo deliciosos pratos de frutos do mar.
Cueira e Tassimirim
Ao norte de Moreré, ficam as praias da Cueira e Tassimirim, outras duas orlas paradisíacas de Boipeba.
E, para chegar até elas, viajantes empreendem uma longa (porém agradável) caminhada pela orla da ilha, que cruza uma gigantesca plantação de coqueiros e um rio.
No caminho, pouco antes da entrada do coqueiral, barqueiros fazem plantão na areia para conduzir turistas até piscinas naturais que se formam entre corais no meio do mar, a menos de 10 minutos de navegação da orla. Leve um snorkel se você quiser fazer este tour, pois, na área, aparecem peixinhos coloridos no meio de uma água cristalina.
Cueira, por sua vez, constitui uma extensa faixa de areia, também protegida por coqueiros, onde, provavelmente, você irá encontrar uma agradável sensação de isolamento, já que, frequentemente, não é um local visitado por multidões de turistas e cujos quiosques se encontram um tanto distantes uns dos outros, evitando aglomeração de pessoas (uma das exceções é o restaurante Guido's, famoso por seus pratos de lagosta e que atrai gente vinda até de Morro de São Paulo, que fica nesta mesma região da Bahia).
Para curtir um dia de sol, vale a pena atravessar Cueira, ingressar na praia de Tassimirim e ir até quase o final desta faixa de areia, onde opera a Barraca Tassimirim, um restaurante que funciona à sombra de uma árvore, prepara deliciosas moquecas e serve cervejas geladinhas.
Esta merece ser sua base para fazer incursões ao mar (a água aqui, também cálida, costuma ser um pouco mais agitada do que em Bainema, mas ainda assim proporciona sessões de nado deliciosas) e para estender uma canga sobre areia para pegar um bronze.
Na volta a Moreré, programe-se para passar pelo rio, em um dos extremos da praia da Cueira, no final do dia: de lá é possível assistir a um pôr do sol simplesmente incrível.
Como chegar
Não é tarefa fácil chegar à ilha de Boipeba.
Para quem está em Salvador, um dos principais meios é pegar um ferry boat do terminal de São Joaquim até Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, em um percurso que dura pouco mais de um hora (e com passagens custando a partir de R$ 5 por pedestre*).
De Bom Despacho, bem ao lado do terminal do ferry, tome um ônibus até a cidade de Valença (em um trajeto de cerca de duas horas e com passagens a partir de R$ 22,50).
De Valença saem, em diversos horários do dia, lanchas rápidas que, em uma viagem de pouco mais de uma hora, chegam à vila de Velha de Boipeba, com tíquetes de ida e volta saindo por cerca R$ 80.
As passagens para todos estes trechos podem ser compradas na hora.
De lá, para chegar a Moreré, é ainda necessário pegar outro barco (em um percurso de menos de 20 minutos) ou um trator, que, equipado com lugares para turistas, cruza uma estradinha no interior de Boipeba para atingir Moreré. Toda esta epopeia, desde Salvador, chega a durar mais de 9 horas.
Uma maneira mais prática (porém, mais cara) de ir até Boipeba é com avião: a companhia Azul opera voos semanais até o aeroporto de Valença.
É também possível visitar Boipeba com viagens de barco a partir de Morro de São Paulo, um dos balneários mais populares do litoral baiano.
Quando ir
Dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses do ano em que os viajantes encontrarão as temperaturas mais cálidas em Boipeba.
E é nesta época que a ilha tem maiores chances de receber um grande número de visitantes. Porém, o UOL visitou o destino no começo de janeiro, logo após o Réveillon, e encontrou a maioria das praias locais com um movimento bem tranquilo de turistas.
A ilha, por sua vez, pode ser visitada em qualquer época do ano: há maior incidência de chuvas no meses de abril, maio e junho, mas, mesmo assim, o sol costuma se fazer presente na maioria dos dias.
Preços de diárias hoteleiras, por sua vez, podem ficar mais baratos fora do verão.
Onde dormir e comer
Como já dito no começo da matéria, Moreré é um local ideal para se hospedar em Boipeba.
Lá está, por exemplo, o hotel Alizées, com bangalôs erguidos sobre uma encosta cercada por mata nativa, com vistas panorâmicas para a orla de Moreré e um sofisticado restaurante ao lado do lobby. É um local muito indicado para casais e para quem não está com o orçamento apertado: suas diárias chegam a custar R$ 430 para duas pessoas.
Esta região de Boipeba, porém, também oferece campings muitos populares entre mochileiros (com diárias a dezenas de reais) e casas fantásticas disponíveis para aluguel no Airbnb.
A vila de Moreré também está com muitos restaurantes descoladinhos, como o excelente Casa Filtro, que serve suculentos hambúrgueres. E, em sua orla, há diversos estabelecimentos servindo receitas como moqueca e mariscada.
Bainema, por sua vez, é uma opção de hospedagem para quem busca ainda mais isolamento em Boipeba. Há o ótimo camping do Pontal do Bainema e uma fantástica casa disponível para aluguel no Airbnb nesta parte da ilha, mas se trata de uma área sem a mesma infraestrutura de restaurantes e outras facilidades de Moreré.
Velha Boipeba, a principal vila de Boipeba, também tem muitas pousadas e restaurantes. Mas se trata de um lugar com construções de cimento demais, que não combina com o clima de natureza que muitos turistas esperam encontram na ilha.
E lembre-se: diversos estabelecimentos de Boipeba aceitam cartão de crédito, mas vale a pena levar uma boa quantidade de dinheiro vivo para lá, para fazer pequenas compras do dia a dia.
*Todos os preços citados nesta matéria estão sujeitos a alterações.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.