Norte da Argentina tem cenários que parecem de outro planeta e vinhedos
Juntos, Salta, Cafayate e a minúscula Cachi são conhecidas por alguns moradores do norte da Argentina como "triângulo da beleza". As estradas muito sinuosas são ali ladeadas por vales grandiosos, paisagens frequentemente desérticas e formações rochosas tão curiosas e impactantes que muitas vezes lembram crateras lunares ou outros cenários extraterrestres.
Somem-se a isso cidadezinhas cheias de charme, excelentes hotéis, as famosas (e deliciosas!) empanadas salteñas e belíssimas vinícolas premiadas pela produção dos chamados vinhos de altitude, às vezes cultivados a mais de dois mil metros acima do nível do mar.
É preciso paciência e cautela com as estradas acidentadas que vão ziguezagueando para acompanhar o Rio de las Conchas e levantam muita poeira o tempo todo - mas a beleza natural do norte argentino compensa.
A rota cênica começa asfaltada na urbana cidade de Salta (uma das maiores de Argentina e capital da província de mesmo nome) e vai se transformando ao longo do percurso.
Na janelinha do carro passam fazendas, vendedores ambulantes que se instalam no meio do nada, pequenos negócios (como a simpática e providencial Posta de las Cabras, parada de 9 entre 10 turistas que percorrem a estrada) e micro povoados que parecem de cinema. E então nosso horizonte é tomado por uma estonteante beleza de cor ocre, num cenário que frequentemente lembra as paisagens do deserto do Atacama, no vizinho Chile.
Cenários espetaculares
O relevo naturalmente esculpido graças aos fenômenos de erosão e às movimentações tectônicas tem seu trecho mais famoso na espetacular Quebrada de las Conchas.
Em terra muito seca de coloração ocre, a natureza fez uma paisagem tão diferente que mais parece um cenário de Star Wars. Ali a ação do tempo e dos fenômenos naturais produziu formações rochosas tão curiosas que foram batizadas com o nome das figuras cuja silhueta lembram, como "o sapo", "o pastor" etc.
O maior destaque fica por conta das duas mais impactantes formações, batizadas de Garganta do Diabo (pela profundidade) e Anfiteatro, um "vão" na rocha de acústica tão espetacular que anualmente recebe shows e performances musicais.
No quesito cenários espetaculares também merecem destaque os incontáveis cactos do Parque Nacional Los Cordones e a paisagem lunar da Quebrada de las Flechas, batizada com esse nome pelas pontiagudas formações esculpidas nas rochas ao longo dos anos.
Cafayate e a Ruta del Vino
Parada costumeira nas estradas da região, a encantadora Cachi é um diminuto vilarejo que lembra um pouquinho o espírito de San Pedro do Atacama - mais pacato e menos turístico. Tem também casinhas de pau a pique, uma adorável praça central rodeada de pequenos restaurantes e moradores super interessados nos visitantes que recebem. Uma parada por ali não é completa sem saborear ao menos duas das clássicas empanadas salteñas - una de carne y una de queso, por favor!
Localizada a 180km de Salta, Cafayate é pequenininha, com pouco mais de doze mil habitantes, e rodeada por vinhedos. O clima interiorano é visível na Plaza de Armas rodeada de restaurantes, nas reuniões sociais à saída da igreja, nas casinhas caiadas de branco e no inconfundível legado colonial espanhol na arquitetura.
Muitos dos vinhedos ali foram trazidos pelos espanhóis ainda nos tempos da colônia. A ausência de chuvas (são quase 300 dias de sol por ano) e a altitude lhe garantem um clima bastante seco e um mix de paisagens especialíssimo, que vai de dunas desérticas a picos nevados e montanhas cobertas por vinhedos. A produção local de vinhos cultivados a até quase dois mil metros de altitude se concentra muito em torno da uva Torrontés, que se tornou emblemática da Argentina, mas também engloba Merlot, Cabernet-Sauvignon, Malbec e Tannat.
Com o crescente turismo, a infraestrutura hoteleira mudou muito por ali nos últimos anos e hoje reúne hotéis internacionalmente premiados, como o excelente Grace Cafayate e o colonial Patios de Cafayate, anexo à Bodega El Esteco, uma das mais importantes da região. A El Esteco, dona de alguns dos mais antigos vinhedos de Cafayate, tem visita com degustação simpática, bastante didática e a casa principal ainda conta com um interessante museu sobre o cultivo na região.
Outra vinícola sempre aberta à visitação por ali é a Piatelli Vineyards que, de quebra, possui um dos melhores e mais fotogênicos restaurantes da região - perfeito para um demorado almoço de domingo.
Para ir além de Cafayate
Apesar de bastante afastada de Cafayate por uma estrada sinuosa e acidentada de terra batida, a Colomé é a vinícola da região mais famosa internacionalmente e também a mais conhecida dos brasileiros. Foi ali, entre as excepcionais montanhas esculpidas pelo tempo e seus vales semi desérticos, que o empresário suíço Donald Hess resolveu fincar bandeira para um empreendimento que combinasse suas duas maiores paixões: a arte e o vinho. Hoje, a vinícola divide espaço com o museu contemporâneo do norte-americano James Turrell.
O programa mais completo é chegar pela manhã para fazer a visita da vinícola com degustação, partir para o almoço harmonizado em seu excelente restaurante, e terminar a jornada visitando o polêmico museu - a visita só termina ao anoitecer, com a observação do céu estrelado da região.
Como a estrada que a liga a Cafayate não é das mais recomendáveis durante a noite, o negócio é ficar para dormir. A charmosa Estancia Colomé, rodeada por cactos e flores, vinhedos sem fim e montanhas caprichosamente esculpidas pelos anos, é um mini hotel de apenas nove quartos ocupando uma mansão colonial dentro da vinícola.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.