Olímpia (SP): parques de águas quentes fazem alegria de quem visita cidade
Sou fã de parques de diversões, brinquedos radicais e montanhas-russas. Mas sempre torci o nariz para parques aquáticos. Ainda mais os de água quente, em que o xixi se mistura facilmente, sem que se consiga identificar o culpado em meio a tanta gente se amontoando no panelão de sopa humana. Era só o que eu pensava.
Mas eis que meu pai, um setentão enxuto e cheio de pique, resolveu comemorar a entrada de mais uma década não apenas em um, mas em dois parques aquáticos. Os escolhidos foram o Thermas dos Laranjais e o Hot Beach, ambos na cidade de Olímpia, extremo norte do Estado de São Paulo -- cujo objetivo é virar "a Orlando brasileira".
Preconceitos à parte, lá fomos nós -- um grupo de 35 pessoas de três gerações da família (de 10 a 70 anos), para um fim de semana nas piscinas naturalmente aquecidas da estância turística. A cidade de 54 mil habitantes passou a ter essa classificação apenas em 2014, 60 anos após a descoberta de minas de água quente (que chegam a 60°C), durante perfurações em busca de petróleo.
Atualmente, Olímpia conta com dois parques aquáticos: o Thermas dos Laranjais, que nasceu como clube e hoje conta com 55 atrações em 300 mil m², e o Hot Beach, inaugurado em 2017 em uma área de 80 mil m², com oito atrações.
Juntos, os empreendimentos receberam 2,2 milhões de visitantes só em 2017. Não à toa, o turismo já representa 68,9% da economia local, com perspectiva de aumentar. Segundo estudo da Secretaria Municipal de Turismo são esperados 3,5 milhões de turistas ao ano até 2022 e 6 milhões já em 2024.
Em ambos os parques a limpeza chama a atenção. Em momento algum vi embalagem de sorvete ou copos plásticos pelo chão -- muito menos na água. E nos banheiros, apesar do chão inevitavelmente molhado, imperava o cheio de limpeza no ar e raras eram as poças duvidosas. O que dava certa tranquilidade até mesmo quando tive de pisar descalça.
A diversão encarando a maratona de parques aquáticos foi tanta e tão intensa que mal tive tempo de ativar as barreiras que a gente cria na vida antes mesmo experimentar a realidade. O fim de semana foi ótimo. Só acrescentaria um dia ou dois a mais na viagem para curtir o Thermas com calma, repetindo as atrações que mais gostamos e aproveitando as piscinas mais quentes, e também para desbravar a cidade, que, apesar do volume de turistas, ainda guarda um forte ar interiorano -- o que faz um bem danado a quem vive na correria da cidade grande.
Veja como foi a experiência em cada parque e seus pontos fortes e fracos.
Hot Beach: menor e com mais sossego
Menor e com atrações mais tranquilas, o Hot Beach deu aos mais velhos da excursão a dose de aventura na prainha com areia branca e ondas artificiais (cuidado ao subir ou descer da boia enquanto elas estiverem ativas, para não tomar caldos vergonhosos, como eu). Eles ainda relaxaram ao sabor suave da correnteza no Ebaa River antes de atracar em um dos bares molhados.
Já os mais jovens cansaram a paciência dos monitores de tanto repetirem a descida nos radicais Poty Pipe, escorregador de 12m de altura em forma de U, no qual se vai em boia dupla, e Irado, o principal toboágua do parque, de 24m de altura, que conta com quatro níveis de emoção (com e sem boia), apesar de apenas dois estarem disponíveis durante a nossa visita.
Quem tira maior proveito do Hot Beach são as famílias com crianças pequenas, já que boa parte das atrações está concentrada em uma piscina de 7 mil m² com profundidade que varia de 10cm a 1,10m de profundidade. Ali estão o mini rio lento, o balde de água, toboáguas baixinhos e o playground aquático. Guarda-vidas e uma equipe de recreação estão sempre por perto, para a tranquilidade dos pais.
Pontos altos:
- por ser menor e as atrações mais próximas, as crianças acabam ficando mais livres e os pais mais sossegados
- grande oferta de atrações tranquilas, ideais para quem está com crianças menores ou apenas a fim de relaxar
Ponto baixo:
- a fila que se forma na saída, já que todo o consumo interno é concentrado em pulseiras que devem ser pagas apenas no fim
Serviço:
O ingresso custa de R$ 90 (durante a semana, na baixa temporada) a R$ 130 (final de semana, na alta temporada). Crianças até 6 anos não pagam. As de 7 até 12 anos pagam meia, assim como pessoas com mais de 60 anos. O parque fica aberto das 9h às 18h, exceto às segundas-feiras, e há diferentes opções para matar a fome (de petiscos e lanches a churrasco e refeições completas).
Mais informações: http://www.hotbeach.com.br
Thermas dos Laranjais: um dia é pouco
Pioneiro da cidade, o Thermas dos Laranjais foi apontado pela Themed Entertainment Association como o terceiro parque aquático mais visitado do mundo em 2017 (os primeiros são o Chimelong Waterpark, na China, e o Typhsoon Lagoon, na Disney de Orlando, respectivamente).
Segundo os administradores, o empreendimento recebe até 20 mil pessoas por dia na alta temporada. Como viajamos na baixa temporada (e tivemos sorte), com exceção da montanha-russa, não perdemos mais do que 10 minutos em fila alguma. Nem mesmo para entrar.
Guardar roupas e documentos em um dos armários que ficam logo na entrada é uma boa ideia, para seguir pulando de atração em atração sem ter que se preocupar. Dado o seu tamanho, ficar indo e voltando a um ponto de encontro muitas vezes pode significar sair do parque sem conhecer tudo. Então, escolha uma trilha e siga em frente com o seu grupo. Só tome cuidado para não escorregar no piso de pedra, que, em alguns trechos, fica mais liso.
Nós, por exemplo, fechamos um subgrupo formado por quatro adultos aventureiros e três pré-adolescentes, e voltamos a ver os mais velhos apenas na hora em que bateu a fome - há diversas opções para comer espalhadas pelo parque - e por volta das 18h, quando as atrações mais radicais fecham. Aí nos restou apenas relaxar nas piscinas de sal e de ressurgência (nas quais é impossível afundar), nos ofurôs e nos bares molhados.
Mas, até que escurecesse, tivemos praticamente uma maratona de gritos e frios na barriga para dar conta de todas as possibilidades.
Na lista das atrações preferidas ficaram: a Montanha-Russa Aquática, um circuito de 370m em alta velocidade, no qual a boia dupla é impulsionada por jatos d'água em subidas, descidas e curvas radicais; a Xícara Maluca, informalmente conhecida como "privada", pelo movimento de rotação que a água te leva a fazer; o toboágua Maluquinho, no qual você desce deitado, de barriga para baixo, sobre um tapetinho; o toboágua Rio, circuito largo e com forte correnteza, em que dá até pra tentar surfar ajoelhado; e os toboáguas de boia da área Lendário (inaugurada no início do ano).
São tantas as opções e níveis de aventura que até mesmo meu pai, aos 70 anos, se divertiu em toboáguas mais suaves, na piscina com ondas, na bolha inflável de 3 metros de altura (na qual se sobe por cordas e desce escorregando com a lâmina d'água) e no Rio Selvagem, que simula um rafting em boia gigante.
Para o público até 6 anos ou menores de 1,20m (altura limitante para a entrada em muitas atrações) está reservado um complexo de 3.100m², com piscinas rasas e brinquedos, batizado de Clube das Crianças. Vale ressaltar que o uso de boias de braço ou colete salva-vidas é obrigatório pelos mais novos.
Comprometido a lançar uma nova atração exclusiva todos os anos, o parque já está com outra montanha-russa aquática em construção. Desta vez com mais de um quilômetro de extensão e pretensões de ser a maior do mundo. Aguardemos.
Pontos altos:
- atrações radicais como as do Lendário, da Montanha Russa e da Xícara Maluca
- grande variedade de atrações para todas as idades
Pontos baixos:
- pisos escorregadios em alguns pontos
- o tempo de espera na Montanha Russa, que foge completamente do padrão das demais atrações
Serviço:
O ingresso custa de R$ 80 (baixa temporada) a R$ 140 (nos feriados) por pessoa. Crianças de 1 a 6 anos pagam apenas R$ 10 e as de 7 a 12 anos pagam meia, assim como quem tem mais de 60 anos.
Mais informações: https://www.termas.com.br
Melhor época para ir
O período de férias escolares e os feriados prolongados são considerados alta temporada (no Thermas já começa em outubro), o que significa parques mais cheios e filas de até 1h30 nas atrações mais disputadas. Se puder, vá na baixa temporada e durante a semana, quando os parques recebem mais o público local e excursões. Finais de semana durante a baixa temporada também são boas pedidas.
Em ambos os parques é proibido entrar com alimentos, exceto aqueles que fazem parte de dietas especiais, como papinhas para bebês ou com comprovada orientação médica.
Para 2019, ainda são aguardados na cidade um novo outlet e mais um parque temático - este sem águas - voltado à era jurássica: o Vale dos Dinossauros. O empreendimento (com investimento estimado de R$ 15 milhões) é do Dreams Entertainment Group, que já possui atrações na Serra Gaúcha, Caldas Novas, Foz do Iguaçu, Cancun e Boston. Contará com 32 dinossauros animatrônicos, simuladores, cinema 3D, Dino Play e restaurante temático.
Como chegar
Partindo da capital paulista, a viagem dura cerca de cinco horas de carro (sem paradas). Mas também é possível ir de avião até São José do Rio Preto e de lá encarar mais 45 minutos de estrada.
Onde ficar
Com o sucesso de atração dos parques, a rede hoteleira de Olímpia não para de crescer. No total são 23 mil leitos, com projeção de chegar a mais de 35 mil em meados de 2020.
Os empreendimentos mais novos são os hotéis Wyndham Olímpia Royal, Enjoy Olímpia Park e Hot Beach Resort, destes, este último é o único a oferecer acesso direto a um parque. Com diárias a partir de R$ 697,85 (para dois adultos e até duas crianças de até 12 anos na baixa temporada), conta com 464 quartos com varanda (para até quatro hóspedes), sala de jogos e videogames, monitores e parquinho, além de mais uma piscina para quem ainda não enjoou.
Bem em frente ao Thermas está o Enjoy Olímpia Park. Aberto em maio de 2018 -- com plano de expansão em andamento para dobrar de tamanho até o fim do ano, possui 456 apartamentos que acomodam de 5 a até 7 pessoas (diárias a partir de R$ 557, o casal com duas crianças de até 12 anos), spa, sauna, cinema, playgrounds molhado e seco e cinco piscinas -- incluindo duas infantis e duas jacuzzis.
Um segundo empreendimento do mesmo grupo, com mil apartamentos de 47m² e 78m², o Solar das Águas Park Resort também já está sendo vendido e tem entrega prevista para 2021.
Para quem quiser ficar em um lugar mais aconchegante, uma opção é o hotel Villa di Itália, a cinco minutos de carro dos parques. Com apenas 26 apartamentos de 32m² instalados em torno de duas piscinas aquecidas, tem diárias a partir de R$ 239 (para casal, na baixa temporada).
(*) valores consultados em julho de 2019 e sujeitos a alteração
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