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Apesar das restrições de Israel, Belém espera turismo recorde neste Natal

Fiéis cristãos oram em comemoração ao Natal na igreja da Natividade, construída no local onde teria nascido Jesus Cristo, em Belém, na Cisjordânia (23.12.2010) - AP
Fiéis cristãos oram em comemoração ao Natal na igreja da Natividade, construída no local onde teria nascido Jesus Cristo, em Belém, na Cisjordânia (23.12.2010) Imagem: AP

14/12/2011 07h51

Belém, Cisjordânia - A cidade palestina de Belém espera atingir neste Natal um novo recorde de visitantes apesar das dificuldades que seus moradores enfrentam para promover o turismo e a peregrinação no lugar onde, conforme a tradição cristã, Jesus Cristo nasceu.

O muro de concreto que a separa de Jerusalém - a apenas oito quilômetros de distância - se soma à expansão dos assentamentos israelenses que, para os palestinos, pretende cercar cada vez mais Belém e isolá-la da cidade cuja parte oriental é reivindicada pelos árabes como capital de seu projeto de Estado.

Nesta segunda-feira, o governo israelense aprovou a ampliação do assentamento de Efrat, no distrito de Belém, com novas casas, que serão construídas perto de um bairro da cidade símbolo do Natal.

Mesmo assim, o número de turistas e peregrinos que visitam Belém e outros territórios palestinos não parou de crescer nos últimos anos.

"No ano passado, atingimos um recorde com 1,9 milhão de visitantes na Palestina e, neste ano, esperamos superar esse número e chegar a 2,5 milhões, apesar da insegurança provocada na região pela Primavera Árabe", explica a ministra de Turismo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Khouloud Daibes.

Segundo ela, o número de pernoites em hotéis aumentou 12% neste ano, principalmente em Belém, o que representa uma conquista para os palestinos, já que a maioria dos turistas costuma dormir em Jerusalém e passar apenas algumas horas na cidade vizinha para visitar a Basílica da Natividade.

O número de quartos de hotel dobrou nos territórios palestinos nos últimos três anos, alcançando os atuais 6,8 mil e também em Belém, onde dois novos hotéis estão sendo construídos.

O objetivo é não só atrair mais visitantes, mas que estes fiquem por mais tempo e deixem mais dinheiro nos minguados cofres palestinos. "Cerca de 90% do dinheiro dos turistas fica em Israel e apenas 10% na Palestina", lamenta a ministra.

Khouloud atribuiu esse fato à ocupação, ao muro de separação e às restrições impostas por Israel, e pediu aos visitantes um "turismo responsável", que busque maior contato com a população e a cultura local, e evite hospedagem em hotéis situados "em terra confiscada".

"Belém deve ser um patrimônio da humanidade, livre para o acesso de todas as pessoas do mundo, e não pode viver fechada entre muros, colônias e postos militares", opina o deputado palestino Fayez Al-Saqa, que destaca que muitos palestinos cristãos da Faixa de Gaza não conseguem permissão de Israel para passar o Natal na cidade.

A declaração como patrimônio da humanidade da parte antiga de Belém, solicitada pela ANP no início deste ano, pode ser facilitada agora, com a recente adesão da Palestina na Unesco como membro de pleno direito, em novembro.

Já as autoridades palestinas afirmam ter conseguido o complicado acordo das três denominações cristãs que dividem a custódia da Basílica da Natividade (greco-ortodoxa, católica e armênia) para fazer sua reforma.

"Palestina celebra a esperança" é o lema eleito pela ANP para o Natal deste ano, já que, para a ministra de Turismo, os palestinos não podem perdê-la porque, segundo ela, é a única maneira que eles têm para sobreviver.

"Afinal, já estávamos aqui quando Cristo nasceu e continuamos aqui, apesar de tudo, orgulhosos de não ter abandonado nossa terra", complementa Khouloud Daibes.