Dieta do HCG
Emagrecimento rápido é o que promete a dieta do HCG. Porém, o risco para a saúde pode não compensar tamanho esforço. A ideia principal da dieta do HCG é combinar uma ingestão baixíssima de calorias com a aplicação do hormônio via oral ou injeção.
O HCG, que é a gonadotrofina coriônica humana, é produzido pela placenta para manter a gestação. O hormônio não deixa que a camada do endométrio não se desfaça e mantenha a gravidez. Há quem diga que o uso deste hormônio reduz a fome e acelera a queima de gordura. Porém, não existem estudos que garantam esse resultado e, por esta razão, a dieta do HCG não é endossada por nenhuma entidade médica.
"É uma enganação que desde a década de 70 já foi desmentida. Qualquer dieta de 500 calorias leva a perda de peso rápida e significativa. O HCG entra apenas para aumentar os custos e os riscos de um tromboembolismo", considera a endocrinologista Maria Edna de Melo, jurada do Ranking das Dietas do VivaBem e diretora do Departamento de Obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Por conta disso, ela foi considerada a pior dieta no Ranking 2020. Veja a seguir mais sobre ela:
O que é a dieta do HCG
"Essa dieta é baseada em um cardápio de 500 calorias, além de uso diário complementar do HCG, a gonadotrofina coriônica humana, que a placenta produz durante a gestação", explica Fadlo Fraige Filho, presidente da ANAD (Associação Nacional de Atenção ao Diabetes) e endocrinologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O especialista destaca que a baixa ingestão de calorias, por si só, já seria o suficiente para garantir o emagrecimento. "Qualquer pessoa que consumir apenas 500 kcal por dia vai perder peso, tomando o hormônio ou não. Porém, a saúde com certeza também seria comprometida", alerta o especialista.
Diferente do que se espalhou, o HCG não faz o bloqueio da fome e nem ajudam a queimar calorias como era preconizado. "O hormônio é obtido através da urina de mulheres grávidas e passa por um processo que passa a ser injetável, preconizando queimar calorias ou tirar a fome. O que não é verdade", explica a endocrinologista Maria Fernanda Barca.
Essa dieta é segura?
Por ser uma dieta altamente restritiva, a dieta do HCG pode comprometer seriamente a saúde de quem resolver adotá-la. "É uma dieta extremamente restritiva, que eu desaconselho fortemente, assim como o consumo ou injeção de hormônios, que também preveem quadros muito perigosos", alerta Fraige Filho.
Além de não emagrecer, o hormônio também pode causar efeitos colaterais. "Devido ao aumento da produção de estrógenos e outros hormônios sexuais, que podem causar trombose, embolia pulmonar, AVC, infartos, náuseas, vômitos cefaleias", enumera o especialista.
Conheça as fases da dieta do HCG
Nas primeiras 48 horas já se inicia o uso do hormônio. Durante esse período, a dieta do HCG libera a ingestão de todo e qualquer tipo de alimento, inclusive frituras, gordura e massas em geral, como pizza, pães e bolos. "Em tese, a ideia é mostrar ao corpo que ele tem energia de sobra para se manter", considera Barca.
Já na fase do emagrecimento, o hormônio HCG segue sendo administrado, mas a dieta sofre uma redução calórica drástica e fica bastante restritiva. "A dieta prioriza carnes, ovos, vegetais e dois litros de líquidos, somando até 500 kcal. Essa fase deve durar, no máximo, 40 dias", explica.
A terceira fase é chamada de estabilização do peso, onde a pessoa deve parar de tomar o HCG e mantém uma dieta restritiva. "Tenta se fazer com que o organismo volte ao metabolismo normal", aponta.
Na quarta fase, conhecida como manutenção do peso, a ideia é voltar a incluir outros alimentos na dieta, para que o emagrecimento seja mantido. "Porém, não é raro que o paciente recupere o peso perdido e até mais do que isso", alerta a médica.
Dieta do HCG realmente emagrece?
Como toda dieta restritiva, a pessoa perde peso rapidamente, mas pode sofrer as consequências da escolha radical na mesma medida. "A dieta leva ao efeito sanfona, que é o emagrecer rapidamente e recuperar o peso na mesma velocidade. É como uma comporta que você abre e, muitas vezes, recupera até o dobro do peso emagrecido", alerta a endocrinologista.
Segundo Maria de Lurdes Teixeira, nutróloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma dieta com ingestão de 500 kcal comprovadamente emagrece. "Independente do uso de HCG. Mas dietas muito restritas tem riscos, causam transtornos metabólicos e deficiências nutricionais", alerta.
Vale ou não fazer?
Para o endocrinologista Fraige Filho, a aplicação de um hormônio e associação de uma dieta tão baixa em calorias é algo quase impossível de obter sucesso.
Quaisquer tipos de dietas devem ser acompanhados do consumo de no mínimo 1000 kcal e o acompanhamento de um profissional da saúde. "O emagrecimento pode ser associado ao uso de determinados medicamentos, entretanto, esse uso deve ser estudado caso a caso, acompanhando o organismo de cada pessoa", finaliza.
Reportagem: Ana Sniesko