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Dieta do metabolismo rápido

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Imagem: iStock / Arte UOL

Quem deseja emagrecer normalmente está bastante ligado no funcionamento do metabolismo e em encontrar formas —e fórmulas! - para fazê-lo funcionar na maior velocidade possível. Assim, uma "dieta do metabolismo rápido" certamente angaria interessados. "No entanto, vale lembrar que não existem estudos sobre sua eficácia", alerta a nutricionista Mariana Del Bosco, jurada do Ranking das Dietas do VivaBem.

Ranking das Dietas 2020 Notas Dieta Metabolismo - Arte/UOL - Arte/UOL
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A dieta é cheia de regras --no quesito simplicidade, ganhou nota 1,6. E mesmo sua eficácia não é lá essas coisas --nota 3,1. No fim das contas, apenas mais um modismo que não vale a pena seguir.

Entre as 26 dietas avaliadas no Ranking 2020, ela ficou em 14º lugar. Quer entender melhor? Veja detalhes de como ela funciona a seguir:

Como funciona a dieta do metabolismo rápido

Dieta do metabolismo rápido 1 - iStock - iStock
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A dieta do metabolismo rápido foi criada em 2013 pela nutricionista norte-americana Haylie Pomroy, que lançou o livro Fast Metabolism Diet, produzido a partir de sua própria experiência como nutricionistas de celebridades americanas, entre elas Jennifer Lopez e Robert Downey Jr. Pomroy se intitula como "a guru do metabolismo", e afirma que o programa pode mudar a maneira como o corpo queima gordura.

A promessa é animadora, mas enfrenta descrédito entre os profissionais de saúde. Acelerar metabolismo com a alimentação é uma balela, nenhum estudo científico relevante comprova este efeito.

Ela não conta calorias, mas tem regras bem específicas: fazer cinco refeições ao dia, comer em até 30 minutos depois de acordar e consumir somente os alimentos permitidos pelo programa. O cardápio é dividido em três fases que duram dois ou três dias cada e são repetidas por 4 semanas (os tais 28 dias), cada uma com um grupo de nutrientes predominantes e uma recomendação de atividade física.

Alguns alimentos não são permitidos durante todo o período: milho e derivados, lácteos, soja, açúcar refinado, cafeína, álcool, frutas secas, suco de frutas e embutidos e demais carnes processadas.

Fases da dieta do metabolismo rápido

Fase um (segunda e terça-feira): muitos carboidratos e frutas.

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Como funciona: A ideia aqui é reduzir a secreção do hormônio cortisol, relacionado ao estresse e a um acúmulo de gordura no organismo. Ao "relaxar" o corpo, ele estaria menos traumatizado por restrições anteriores e mais suscetível ao emagrecimento. Só que há várias falhas nesse raciocínio. Primeiro, o excesso de carboidratos pode na verdade aumentar os níveis de cortisol na corrente sanguínea. Depois, a hiperestimulação tem efeito contrário ao alegado: quando você dá muito de um nutriente e em seguida o retira abruptamente da dieta, o corpo tentará segurar aquilo pelo maior tempo possível. No caso dos carboidratos, o organismo irá armazená-los em forma de gordura.

Alimentos liberados: frutas e verduras no geral, massas, arroz e pães (de preferência integrais) aveia, quinoa, lentilhas, carnes magras e feijões.

Alimentos proibidos: todos os tipos de gordura, vegetal ou animal.

Atividade física indicada: um dia de exercícios do tipo "cardio", que promovem alta perda calórica, como aulas de dança, corrida, boxe e ciclismo.

Fase 2 (quarta e quinta-feira): muitas proteínas e vegetais

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Como funciona: Segundo Haylie, aqui é o momento em que o organismo começa a "destravar" as gorduras antigas, uma vez que sua principal fonte de energia, os carboidratos, são eliminados no período. Mas, de novo, falta embasamento científico para fazer a afirmação. A adaptação metabólica não ocorre em dois dias, é um processo bem mais lento. Para se ter ideia, na dieta cetogênica, que segue uma lógica semelhante de eliminação de carboidratos, são necessários cerca de 15 dias para que o corpo entre em cetose, processo em que passa a utilizar gorduras e proteínas como fonte de energia.

Alimentos permitidos: proteínas magras (de vaca, frango sem pele e peixe), ovos, couve, espinafre, aspargos, pimenta, cogumelos e outras verduras.

Alimentos proibidos: óleos e demais gorduras, grãos, leguminosas como o feijão, pães e massas, além de todas as frutas com exceção do limão e da lima da pérsia.

Exercício recomendado: ao menos um dia de fortalecimento muscular.

Fase 3 (sexta-feira, sábado e domingo): todos os itens anteriores + gorduras saudáveis e óleos

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Como funciona: No site da dieta, a autora diz que "depois de evitar as gorduras entre segunda e quinta-feira, seu corpo está preparado para queimar as gorduras saudáveis que você ingeriu, junto com as que destravou na fase 2". Aqui, o raciocínio é o mesmo do contraponto feito na fase acima: não é possível fazer uma mudança metabólica em tão pouco tempo.

Alimentos que entram: todos os permitidos anteriormente e oleaginosas como as castanhas e amêndoas, azeite, gergelim, homus, leguminosas, abacate e coco.

Alimentos proibidos: os que estão banidos durante todos os 28 dias.

Exercício recomendado: uma atividade que reduza o estresse, como ioga, meditação e até mesmo massagem.

A dieta do metabolismo rápido é segura?

Segura até é, só não dá para comprovar sua eficácia. Suas premissas gerais são interessantes, como o pensamento de que comida é remédio e de que os alimentos integrais e naturais são mais saudáveis, além de evitar alimentos ultraprocessados e refinados. O problema é que ela sugere um esquema de revezamento que deve ser seguido à risca para que o tal benefício aconteça.

Uma vantagem é que no fim da semana, o plano alimentar é balanceado com ingredientes saudáveis e os nutrientes que precisamos ingerir, então não há risco para a população em geral.

Fora que, apesar de não fazer mal, pode desencadear compulsões e um comportamento que não é saudável com a comida. Toda dieta da moda tem uma duração limitada e, depois que ela acaba, o peso volta, pois ninguém aguenta seguí-la por tanto tempo.

A dieta do metabolismo realmente emagrece?

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Como o programa corta diversos alimentos que, em excesso, são ligados ao aumento do peso, é até possível que haja o emagrecimento. Mas é importante estar ciente de que provavelmente ganhará tudo isso de novo ao terminar o período proposto.

O provável emagrecimento rápido nesse caso é mérito da restrição calórica e não de alterações metabólicas provocadas por conta própria. A única coisa que comprovadamente aumenta o metabolismo com exceção de medicamentos é a atividade física.

Eliminar mais de 1kg por semana é considerado uma perda acelerada de peso, que passa ao organismo a mensagem de que o indivíduo está morrendo, então baixamos nosso metabolismo. Mas quando os 28 dias passarem, ela voltará a comer mais, provavelmente, e o organismo estará com a taxa metabólica baixa, o que dificulta a queima de calorias.

Reportagem: Chloé Pinheiro

Fontes: Carlos Werutsky, nutrólogo que coordena o Departamento de Atividade Física da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Daniel Magnoni, nutrólogo do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo; Henrique Suplicy, endocrinologista membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Edocrinologia e Metabologia); Edvânia Soares, nutricionista da Estima Nutrição