Whole 30
Dieta ou desafio? A Whole 30 é um programa que ficou bem famoso na internet: durante 30 dias que exige uma mudança radical na alimentação, reduzindo açúcares, álcool e industrializados, mas não só isso. "É uma dieta muito restritiva, sem embasamento científico, cortando inclusive o consumo de fibras e leguminosas, que são saudáveis", considera Andrea Pereira, médica nutróloga nos Ambulatórios de Obesidade, Síndrome Metabólica e Cirurgia Bariátrica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
E talvez em tão pouco tempo não dê para ter uma perda de peso tão eficaz. "Essa dieta portanto não tem como objetivo a perda de peso e conseguir completar os 30 dias é um grande desafio", considera o nutrólogo Guilherme Giorelli, diretor do SMEERJ (Sociedade de Medicina Esportiva e do Exercicio do Rio de Janeiro) e jurado do Ranking das Dietas do VivaBem.
Por isso, a dieta ficou em 18º entre as 26 dietas avaliadas pelo Ranking 2020. Entenda melhor o método a seguir:
Como funciona a Whole 30
O programa foi inspirado na dieta paleolítica, que leva o organismo de volta praticamente às cavernas. Durante um mês, o indivíduo elimina uma série de alimentos do cardápio, além de não poder fumar ou beber.
Massas, doces e farinhas são proibidos na dieta, que não permite ainda lácteos e frituras. Tudo que teria potencial inflamatório, alergênico ou causar intolerância alimentar é cortado. Até as leguminosas como o feijão não devem ser ingeridas neste plano, pois contém fitato, molécula que pode prejudicar a absorção de nutrientes.
Durante os 30 dias de restrição, é proibido se pesar. A ideia é não focar no emagrecimento, mas sim no estilo de vida. A perda de peso deve ser consequência. O comportamento é importante, pois a dieta exige 100% de comprometimento, sem "dia do lixo" ou escapadas aos sábados e domingos.
Alimentos permitidos e proibidos na Whole 30
A dieta não propõe um número máximo de calorias ou uma quantidade pré-determinada de refeições. A ideia é comer quando a fome bate, de acordo com a lista de alimentos permitidos, e quanto mais natural for o prato, melhor. Os liberados são: carnes, frutos do mar, ovos, vegetais, frutas em pequena quantidade e gorduras naturais. Sucos de fruta sem açúcar também podem ser consumidos com moderação, além de vinagre, coco, abacate.
As únicas fontes de carboidratos permitidas são as raízes como batata, beterraba e mandioquinha. Entre os proibidos, qualquer tipo de açúcar, entre eles o mel, álcool, milho, trigo, arroz, quinoa, amaranto, aveia e outros grãos. Amendoim, feijão e soja também não entram. Leite e seus derivados, como manteiga, queijo e iogurte, não são permitidos, com exceção da manteiga ghee ou clarificada, que não contém lactose.
Cortar tudo isso de uma vez é difícil. Caso haja alguma "escapada", a ideia é voltar para o início e começar a contar os 30 dias novamente. Ah, e um mês é a duração máxima da dieta mesmo, pois acima disso podem haver deficiências nutricionais pela falta de alimentos importantes para a saúde, como os cereais e leguminosas.
A Whole 30 é segura?
Ela até é segura, o problema é que foi banalizada como algo que pode ser feito por todos, quando na verdade, por ser uma dieta restritiva, precisa de acompanhamento profissional. Quem já tem uma compulsão alimentar pode piorar sua relação com a comida, e portadores de diabetes e hipertensão muitas vezes precisam fazer ajustes de medicamento por conta das mudanças metabólicas promovidas pela falta de glicose.
Fora que o excesso de proteínas —que são uma das bases do Whole 30 - pode também causar efeitos negativos para o organismo. Comer carne vermelha mais de três vezes na semana está associado com um aumento do risco de inflamações pelo corpo, que é justamente o que a dieta tenta diminuir.
Whole 30 emagrece?
A dieta promove a perda de peso. Só que, como explicamos acima, a restrição é muito severa, e pode acarretar em riscos para a saúde e até atrapalhar o próprio emagrecimento saudável. Os estudos mostram que assim que você tira as restrições a compulsão por açúcar volta em dobro, e o peso também. Só vale apostar no Whole 30 se o propósito de se reeducar permanecer quando o período acabar.
O Whole 30 se popularizou, mas não leva em conta as individualidades de cada um, deve ser encarado apenas como uma abertura para uma vida mais equilibrada. O ideal é condicionar a dieta de acordo com o que for melhor para você. Ou seja, converse com um profissional de saúde antes de escolher esse plano alimentar —ou qualquer outro — para perder peso.
Reportagem: Chloé Pinheiro
Fontes: Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês; Sérgio Maia, médico nutrólogo da Clínica Mais Excelência Médica; Maria Flávia Sgavioli, nutricionista da Estima Nutrição.
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