Estudo: menopausa antes dos 50 e risco cardíaco estão ligados à demência
Mulheres com início mais cedo da menopausa, antes dos 49 anos, e com maior risco de doenças cardiovasculares mostram sinais de função cognitiva reduzida, revela um amplo estudo canadense, publicado em 3 de abril na revista científica Neurology.
Os pesquisadores exploraram a relação entre a menopausa, os hormônios e os fatores de risco cardiovascular em mais de 8.000 mulheres participantes do Estudo Longitudinal Canadense sobre Envelhecimento. Eles descobriram que fatores como pressão alta, colesterol, diabetes, obesidade e tabagismo podem não apenas afetar o coração, mas também impactar a saúde cerebral, aumentando o risco de declínio cognitivo e demência futura.
"Embora os fatores de risco cardiovascular sejam conhecidos por aumentar o risco de demência, o que é menos conhecido é por que as mulheres têm um risco maior de doença de Alzheimer do que os homens. Examinamos se a mudança hormonal da menopausa, especificamente o momento da menopausa, pode desempenhar um papel nesse aumento do risco. Descobrimos que passar por essa mudança hormonal mais cedo na vida, enquanto também apresenta fatores de risco cardiovascular, está ligado a problemas cognitivos maiores quando comparado aos homens da mesma idade", diz Jennifer Rabin, PhD, autora do estudo da Universidade de Toronto, no Canadá.
O estudo também observou que mulheres que passaram pela menopausa mais cedo e optaram pela terapia hormonal podem apresentar um menor risco de declínio cognitivo. No entanto, a especialista ressalta a necessidade de mais pesquisas para compreender completamente essa relação e seu impacto em diferentes populações femininas ao longo do tempo.
Para medir a função cognitiva, os participantes realizaram testes de memória e pensamento no início do estudo e três anos depois. Os pesquisadores definiram menopausa "precoce" como ocorrendo antes dos 49 anos de idade.
Eles incluíram o histórico das mulheres de terem feito terapia de reposição hormonal em sua análise e descobriram que isso não afetou o impacto combinado do risco cardiovascular e menopausa precoce. No entanto, parece que o vínculo entre menopausa precoce e função cognitiva pode ser reduzido com o uso de terapia hormonal.
Essas descobertas não apenas destacam a importância de cuidar da saúde cardiovascular das mulheres desde cedo, mas também ressaltam o poder de intervenções como a terapia hormonal na proteção da saúde cerebral.
Cada vez mais os especialistas estão focando as atenções sobre o cérebro na menopausa e o impacto hormonal no órgão nessa etapa da vida, como mostra o best-seller The Menopause Brain, lançado há algumas semanas nos EUA (ainda sem previsão no Brasil), da renomada neurocientista italiana Lisa Mosconi.
É um lembrete crucial de que podemos tomar medidas para proteger nossa saúde mental e reduzir o risco de demência.
Todos os especialistas são unânimes: independente da reposição hormonal, nosso estilo de vida tem relação direta com o impacto da menopausa no cérebro. Por isso, adotar uma dieta saudável, praticar atividade física e adotar estratégias para manejo do estresse (como ioga e meditação) são fundamentais para as mulheres, em qualquer etapa da vida, mas especialmente após os 40, quando nos aproximamos da menopausa.
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