Esqueça truques milagrosos: seu músculo é o verdadeiro guardião da saúde
O envelhecimento é um processo inevitável, mas a maneira como cuidamos do nosso corpo pode influenciar diretamente não apenas no quanto a gente vai viver, mas como vamos viver. Segundo a médica americana Gabrielle Lyon, o melhor que temos a fazer para alcançar essa qualidade de vida é cuidar especialmente de uma parte do corpo: os músculos.
Geriatra, especialista em ciência nutricional e em medicina centrada no músculo, autora do best-seller Forever Strong (Forte para Sempre), Lyon conta com quase um milhão de seguidores no Instagram e faz sucesso em podcasts sobre longevidade em que costuma afirmar que o músculo é o verdadeiro "órgão da longevidade".
Mas por que isso é tão importante, especialmente para as mulheres na menopausa e perimenopausa, ou após os 40 anos?
O músculo esquelético não é apenas essencial para a força e mobilidade, desempenha um papel central na regulação do metabolismo, na manutenção da saúde óssea e na prevenção de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e obesidade.
Lyon destaca que, à medida que envelhecemos, a perda de massa muscular (sarcopenia) se torna uma das principais ameaças à saúde. A partir dos 30 anos, começamos a perder entre 3% a 8% de nossa massa muscular a cada década, e essa taxa pode acelerar após os 60 anos.
Essa questão é ainda mais crítica para as mulheres na menopausa, uma vez que cerca de 70% delas experimentam sintomas musculoesqueléticos, incluindo dores e fraquezas, inflamações articulares, osteoporose, capsulite de ombro, entre outras, que podem evoluir para um quadro incapacitante.
Proteína: o macronutriente-chave
Para manter e até aumentar a massa muscular, Lyon enfatiza a importância da proteína na dieta, especialmente para pessoas acima dos 40 anos. A proteína é o bloco de construção dos músculos, e sem a ingestão adequada, torna-se quase impossível preservar a musculatura com o passar dos anos.
Ela recomenda uma ingestão diária de proteína baseada no peso corporal: aproximadamente 1,6 a 2 gramas de proteína por quilograma de peso. Por exemplo, uma mulher que pesa 60 kg deve consumir entre 96 a 132 gramas de proteína por dia. Segundo ela, em geral as pessoas consomem menos do que o necessário desse nutriente.
Lyon pede especial atenção à qualidade das proteínas. Carnes, peixes, aves, leite ou derivados trazem uma gama de aminoácidos apropriadas para essa construção muscular. Um aminoácido em especial, chamado leucina.
Para quem é vegano, a opção seriam alimentos com proteínas vegetais, porém eles contêm menos leucina. Aposte em leguminosas (feijão, lentilha e grão de bico), produtos de soja, como tofu, quinoa, amêndoas e sementes de abóbora.
A hora certa para a proteína
Outro ponto crucial na abordagem de Lyon, além da quantidade, é o momento da ingestão de proteína. Ela sugere que o café da manhã seja a refeição do dia mais rica no nutriente, com cerca de 30 a 40 gramas.
Isso ajuda a ativar a síntese proteica muscular logo no início do dia, o que é essencial para a manutenção e o crescimento muscular, especialmente à medida que envelhecemos. Distribuir a proteína uniformemente ao longo das outras refeições também é fundamental para garantir que o corpo tenha um suprimento constante dos aminoácidos necessários para a reparação e o crescimento muscular.
Para se ter uma ideia do que teria essa quantidade de proteínas no café da manhã:
Ovos com pão integral e queijo cottage
- 3 ovos grandes: cerca de 18-21g de proteína
- 1 fatia de pão integral: cerca de 3-4g de proteína
- 1/2 xícara de queijo cottage: cerca de 14g de proteína
- Total: 35-39g de proteína
Vitamina de whey protein com aveia
- 1 medida de whey protein: cerca de 20-25g de proteína
- 1 xícara de leite desnatado ou vegetal fortificado: cerca de 8g de proteína
- 2 colheres de sopa de aveia: cerca de 3g de proteína
- Total: 31-36g de proteína
Exercícios são essenciais
Além da ingestão adequada de proteína, o exercício físico é fundamental para manter os músculos ativos e funcionais. Lyon sugere uma combinação de treinamento de resistência (musculação) e exercícios aeróbicos.
O treinamento de resistência, feito pelo menos três vezes por semana, é crucial para a manutenção e o crescimento muscular.
Já os exercícios aeróbicos, como caminhadas rápidas, natação ou ciclismo, são importantes para a saúde cardiovascular e devem ser praticados pelo menos cinco vezes por semana.
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