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Opinião

Proibição dos implantes: quem está na menopausa precisa ficar preocupada?

Há uma semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tomou uma decisão importante que impacta diretamente a saúde de milhares de mulheres no Brasil: a proibição dos implantes hormonais, como aqueles que contêm oxandrolona, gestrinona e testosterona e ganharam o apelido de "chip da beleza". Esta decisão veio após diversos pedidos de intervenção de diversas sociedades médicas, que identificaram riscos significativos associados ao uso indiscriminado dessas substâncias, especialmente para mulheres na menopausa.

"À luz das evidências atuais, não há estudos que garantam a eficácia e a segurança desses implantes para o tratamento de sintomas da menopausa", diz Alexandre Hohl, médico, professor de endocrinologia e metabologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e ex-presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), uma das entidades que pediram a intervenção.

Polêmica nas redes sociais: desinformação sobre o tratamento da menopausa

Logo após a decisão da Anvisa, vários profissionais da saúde começaram a se manifestar nas redes sociais, alegando que as mulheres em menopausa ficariam "sem tratamento". Porém, isso é uma inverdade. Os implantes são apenas uma via de administração hormonal (a que tem menos estudos comprovando eficácia e segurança). Existem meios mais seguros (veja abaixo) e muito mais baratos de adotar a reposição hormonal, que é considerado o padrão ouro para o tratamento dos sintomas da menopausa.

Os riscos dos implantes

1. Tipo de substância utilizada

"É importante ficar claro que 100% dos implantes manipulados com testosterona para mulheres são usados como anabolizantes", alerta Hohl. Na prática, a única indicação do uso de testosterona para mulheres na menopausa seria para tratar o distúrbio do desejo hipoativo (ou seja, a falta de libido). E, ainda assim, a via mais utilizada para isso seria a transdérmica, por meio de gel ou adesivo.

Mas muitos médicos se valem desse hormônio nos implantes para outros fins: aumentar a massa magra (músculos), melhorar a aparência da celulite, emagrecer, dar um "ânimo" na mulher, por exemplo (é daí que vem o apelido "chip da beleza"). Mas esses "benefícios" podem vir com um alto preço, com uma lista extensa de riscos aumentados e efeitos colaterais:

Elevação do colesterol e triglicerídeos no sangue

Hipertensão arterial

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Alteração da voz

Distúrbios de sono

2. Impossibilidade de retirada em caso de efeitos colaterais

Mesmo que o implante não contenha testosterona e traga apenas hormônios femininos como estradiol e progesterona, normalmente usados para reposição na menopausa, também podem ocorrer efeitos colaterais (inclusive lesão de mama, por exemplo). Nesses casos, o uso dos hormônios teria que ser interrompido, ou sua dose remanejada.

Acontece que a maioria dos implantes utilizados são no formato absorvíveis, que são introduzidos de forma subcutânea a absorvidos pelo corpo, com duração de seis a 12 meses. Nesse caso, não é possível removê-los. Como esses hormônios permanecem no corpo por meses, é difícil controlar a dosagem ou interromper o tratamento rapidamente em caso de problemas.

Por que os implantes hormonais não são necessários para a menopausa?

A reposição hormonal na menopausa é essencial para muitas mulheres, e quando bem administrada, pode melhorar a qualidade de vida. No entanto, existem vias mais estudadas e com demonstração de segurança do que os implantes para esse fim. Mais seguras e, além de tudo, muito mais econômicas do que um implante, que custa em média de R$ 5.000 a R$ 8.000 reais.

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O hormônio mais indicado para a reposição, segundo o Hohl, e também pelas sociedades médicas internacionais, é o do tipo 17 beta estradiol, que é exatamente igual ao que a mulheres produzem. Existem maneiras diferentes de administração, que podem ser em gel transdérmico ou adesivos que são colados na pele, produzidos por laboratórios farmacêuticos e vendidos em farmácia comum com indicação médica. Ou seja, o hormônio igual ao das mulheres está disponível pronto, com controle da Anvisa e produzido com mais controle de segurança pela indústria.

Mulheres que têm útero e utilizarem o estradiol também devem obrigatoriamente repor a progesterona, para proteger o endométrio que pode sofrer um espessamento. Nesse caso, existem formas de administração em comprimido, gel transdérmico ou DIU intrauterino hormonal.

Já a testosterona pode ser utilizada para tratar especificamente o distúrbio de desejo hipoativo (falta de libido), mas deve ser usado com muita parcimônia, em doses baixas, geralmente manipuladas em farmácias de manipulação em forma de gel transdérmico.

Não há razão para alarde

A decisão da Anvisa não significa que as mulheres ficarão sem tratamento para a menopausa. Pelo contrário, o objetivo é garantir que o tratamento seja realizado de forma segura e com substâncias adequadas. Existem, sim, opções seguras e eficazes para a reposição hormonal, que podem continuar a ser usadas sob a orientação médica correta.

Alguns médicos argumentam que algumas pacientes não se adaptam ao hormônio transdérmico porque podem apresentar alergia ou baixa absorção na pele. Mas Holh afirma que essa seria uma parcela muito pequena de mulheres, diante do volume de implantes que vêm sendo utilizados sem necessidade.

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Logicamente, como em qualquer tipo de proibição de um medicamento, algumas pessoas podem sair perdendo. Mas essa seria uma minoria frente ao número de mulheres que vinham correndo riscos e apresentando efeitos perigosos para a saúde por seu uso inadequado.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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