Dez mitos sobre a menopausa para você esquecer em 2025
Se você passou dos 45 (em alguns casos, até antes disso) pode ser que esteja vivenciando os sintomas da perimenopausa (ou a caminho de entrar nessa fase). Saiba que não é preciso passar por ela sofrendo em silêncio. Para isso, é fundamental combater o estigma e a desinformação que ainda cercam o climatério.
Vários mitos alimentam medos e preconceitos desnecessários. Com base em evidências científicas recentes, desmontamos aqui dez dos principais para você entrar em 2025 bem-informada.
1. A reposição hormonal causa câncer de mama
Dos 50 aos 60 anos, o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama é de 2,33%. Com a reposição hormonal, segundo o estudo Women's Health Initiative que causou grande alarde há duas décadas, esse risco aumentaria para 2,94%. Ou seja, o aumento absoluto de risco é mínimo, cerca de 0,61%. Além disso, esse risco é mais significativo após 5 anos de uso contínuo.
Estudos mais recentes mostram que, quando bem indicada e acompanhada, a reposição hormonal pode ser mantida com segurança até os 65 anos ou, em alguns casos, até por mais de 10 anos, especialmente quando os benefícios, como proteção cardiovascular, óssea e melhora na qualidade de vida, superam os possíveis riscos.
Além disso, entre 7% e 15% dos casos de câncer de mama nos países desenvolvidos estão relacionados à obesidade, um fator de risco mais significativo do que a reposição hormonal.
Outro fator de risco significativo para o câncer de mama é o consumo de álcool. De acordo com o National Cancer Institute, mulheres que consomem cerca de uma dose de álcool por dia têm um risco 7% a 10% maior de desenvolver a doença em comparação com aquelas que não bebem.
Recomendação: As principais sociedades médicas, como a North American Menopause Society, afirmam que os benefícios da reposição hormonal superam os riscos para mulheres saudáveis com sintomas significativos. A decisão deve ser individualizada e acompanhada por um médico especialista. Além disso, controle seu peso e reduza o consumo de álcool ao mínimo possível.
2. Ganho de peso na menopausa é inevitável
A menopausa pode alterar a distribuição de gordura corporal, levando a um aumento na gordura abdominal, mas o ganho de peso não é diretamente causado pela menopausa, e sim por fatores como envelhecimento, redução do metabolismo basal e menor atividade física.
Segundo um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, as mulheres ganham, em média, 0,5 kg por ano após os 50 anos, mas isso está mais relacionado ao envelhecimento do que à menopausa em si.
Recomendação: Manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios regularmente pode prevenir esse ganho. O ideal é adotar uma dieta mediterrânea (muitos vegetais, frutas, proteínas magras, gorduras saudáveis como azeite).
3. A libido desaparece na menopausa
A queda de estrogênio pode afetar a lubrificação vaginal e o desejo sexual, mas não significa que a libido desaparece. Um estudo publicado na Menopause Journal mostrou que cerca de 50% das mulheres na pós-menopausa mantêm uma vida sexual ativa e satisfatória, especialmente quando há abertura para conversar sobre o tema e buscar soluções, como terapia hormonal ou uso de hidratantes vaginais.
Recomendação: Diálogo aberto com o parceiro e acompanhamento médico adequado podem ajudar muito. Há também tratamentos para a região íntima, como laser vaginal.
4. Toda mulher terá sintomas intensos
Cerca de 20% das mulheres não apresentam sintomas significativos durante a menopausa, segundo dados da North American Menopause Society. Outros 60% relatam sintomas leves a moderados, enquanto apenas 20% enfrentam sintomas graves que afetam significativamente a qualidade de vida.
Recomendação: Existem tratamentos eficazes para controlar sintomas como ondas de calor, insônia e alterações de humor. Converse com um médico especialista para avaliar as possibilidades para o seu caso.
5. Reposição hormonal com hormônios bioidênticos formulados em farmácia de manipulação não oferecem riscos
Isso não é verdade. Hormônios bioidênticos, sejam eles manipulados ou produzidos pela indústria farmacêutica, apresentam os mesmos riscos. A diferença é que os hormônios industriais passam por rigorosos processos de validação, controle de qualidade e aprovação por órgãos reguladores, como a Anvisa no Brasil e o FDA nos Estados Unidos.
Já os hormônios manipulados dependem diretamente da qualidade das matérias-primas e do processo de manipulação, o que pode aumentar o risco de erros na dosagem ou na pureza do produto.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism alerta que hormônios manipulados não têm garantia de eficácia e segurança equivalentes aos produtos farmacêuticos industrializados, uma vez que não passam pelos mesmos testes clínicos rigorosos.
Recomendação: Prefira hormônios bioidênticos produzidos por indústrias farmacêuticas certificadas e aprovadas por órgãos reguladores. Sempre faça a reposição hormonal sob supervisão de um médico especializado para garantir a dose correta e o monitoramento adequado. Preferencialmente, o uso do estrogênio deve por via transdérmica (em forma de gel ou adesivo) e, mulheres que possuem útero devem também fazer a reposição da progesterona.
6. Exercícios físicos não afetam os sintomas
Pelo contrário. Segundo um estudo publicado no Jama Internal Medicine, mulheres que se exercitam regularmente têm 30% menos risco de doenças cardiovasculares e menor perda de massa óssea. Além disso, a atividade física ajuda a reduzir ondas de calor e melhorar o humor.
Recomendação: Combine exercícios aeróbicos, musculação e flexibilidade. A recomendação básica é fazer pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico por semana e três dias de exercícios de força, como musculação.
7. Ondas de calor são sempre o primeiro sinal da menopausa
Embora as ondas de calor e os suores noturnos sejam os sintomas mais conhecidos e comentados da menopausa, eles não são necessariamente os primeiros a aparecer —e muitas mulheres nunca chegam a experimentá-los.
Estudos sugerem que sintomas como ansiedade, ataques de pânico, mudanças de humor e até depressão, além de distúrbios de sono podem ser os primeiros sinais da perimenopausa. Esses sintomas, no entanto, costumam passar despercebidos ou são atribuídos a outros fatores, como estresse ou problemas pessoais, atrasando o diagnóstico correto.
Se você nunca sofreu com ansiedade ou alterações significativas de humor e, de repente, sente que o mundo parece um lugar mais sombrio, isso pode ser um indício de que você está entrando na perimenopausa.
Recomendação: Ao perceber mudanças emocionais inexplicáveis, procure seu ginecologista ou clínico geral para avaliar se esses sintomas estão relacionados às oscilações hormonais dessa fase e, se necessário, iniciar o tratamento adequado.
8. Só é possível fazer tratamento para a menopausa depois que a menstruação cessar de vez
Muitas mulheres já ouviram que precisam esperar a menstruação parar completamente para iniciar um tratamento adequado, mas isso não é verdade. A menopausa é oficialmente diagnosticada após 12 meses consecutivos sem menstruar, mas os sintomas podem começar anos antes, na fase chamada perimenopausa.
Estudos publicados na North American Menopause Society mostram que tratar os sintomas já na perimenopausa pode ser extremamente eficaz para prevenir complicações futuras, como perda óssea acelerada, sintomas cardiovasculares e piora significativa na qualidade de vida.
Recomendação: Não espere a menstruação cessar completamente para buscar ajuda médica. Ao perceber sintomas como ondas de calor, alterações no sono ou mudanças de humor, procure um ginecologista ou endocrinologista especializado para avaliar a melhor abordagem para o seu caso.
9. Terapias alternativas não funcionam para sintomas da menopausa
Embora a reposição hormonal seja a abordagem mais eficaz, terapias como ioga, meditação e fitoterápicos demonstraram eficácia no controle de sintomas leves a moderados.
Recomendação: Sempre consulte um profissional antes de iniciar qualquer tratamento alternativo.
10. A menopausa acontece apenas aos 50 anos
A idade média para a menopausa é de 51 anos, mas pode ocorrer entre os 45 e 55 anos.
Recomendação: Consulte regularmente seu ginecologista e esteja atenta a sintomas que possam indicar uma menopausa precoce.
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