Taise Spolti

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Opinião

Perda de peso pela redução da fome: o que são e como agem os anorexígenos?

Comumente recebemos notícias de medicamentos ou substâncias que possuem o efeito colateral de emagrecimento, ou seja, um medicamento que, por efeito colateral adverso a outro uso da mesma substância, causa emagrecimento ou redução da fome.

Para tanto, são amplamente estudados para o tratamento da obesidade e do sobrepeso, como uma forma de diminuir o risco de desenvolvimento das doenças relacionadas a isso, como as crônicas não transmissíveis, síndrome metabólica, cânceres e outras complicações.

Os medicamentos dessa classe são os que conhecemos como anorexígenos, pois, durante o percurso do uso, o paciente experimenta a sensação física semelhante à de um paciente que sofre de anorexia.

Obviamente, não entraremos no quesito comportamental da condição, afinal o medicamento não tem como objetivo o distúrbio, mas sim o resultado final: perda de peso.

Eu, como nutricionista, atendo diariamente pacientes que já tentaram ou já pensaram em usar.

O que os medicamentos anorexígenos fazem?

Suprimem o apetite, de tal forma que o paciente desenvolve mecanismos para que haja a perda de peso, como no estimulo ao sistema nervoso central, geralmente aumentando os níveis de neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina ou dopamina, responsáveis por regular a sensação de saciedade e controle do apetite.

Mas não para por aí. Os anorexígenos possuem uma cascata de efeitos.

Geralmente, o uso desses medicamentos para emagrecer causam efeitos colaterais bem comuns, como náuseas, tonturas, fraqueza, alterações intestinais, distúrbios de sono e humor.

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Mas um ponto muito importante a ser discutido é a absorção de nutrientes que fica alterada e deficiente, principalmente a nível intestinal. Devido à saciedade mascarada, os movimentos do peristaltismo e motilidade ficam alterados, o transito intestinal fica lento e algumas funções enzimáticas ficam deficientes.

Como esses medicamentos funcionam

Estímulo do Sistema Nervoso Central, o SNC: muitos desses medicamentos atuam no sistema nervoso central para suprimir o apetite. Essa ação pode afetar as áreas do cérebro responsáveis pelo controle do vômito e da náusea, levando a uma sensação de mal-estar.

Irritação gastrointestinal: alguns anorexígenos podem causar irritação no revestimento do estômago ou do intestino, o que pode levar à náusea e ao desconforto abdominal.

Alterações na motilidade gastrointestinal: esses medicamentos podem afetar a motilidade do trato gastrointestinal, causando alterações na velocidade como os alimentos são digeridos e movidos pelo sistema digestivo. Isso pode levar à sensação de náusea e desconforto.

Efeitos colaterais: as náuseas podem ser um efeito colateral direto de muitos medicamentos anorexígenos. O corpo pode reagir negativamente à substância, desencadeando uma resposta de náusea como parte da tentativa de se livrar da substância estranha.

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Alterações na percepção sensorial: alguns medicamentos anorexígenos podem afetar a percepção sensorial do corpo, incluindo a sensação de náusea.

Você com certeza deve ter ouvido falar de alguns desses medicamentos ou substâncias, tal como sibutramina, cloridrato de femproporex, cloridrato de anfepramona, fentermina, lorcaserina, entre tantas outras presentes nesses medicamentos.

Outros medicamentos são usados como off label, ou seja, são para outras condições, mas o efeito colateral resulta em perda de peso, como bupropiona (antidepressivo e usado para vícios, como o cigarro), topiramato (antiepilético) e metformina (antidiabético, usado principalmente no diabetes tipo 2).

O que geralmente acontece com o paciente ao parar de usar tais medicamentos

Uma vez que o medicamento é interrompido, o apetite pode retornar ao normal ou até aumentar, levando ao consumo excessivo de alimentos e ao reganho de peso.

É importante lembrar que o uso de substâncias como esses anorexígenos pode ser benéfico em pacientes com um grande risco devido à obesidade. Infelizmente houve banalização do consumo devido à facilidade de compra e após muitas pessoas tentarem dietas e estratégias que não são sustentáveis a longo prazo, sem a mudança do estilo de vida. Lembro: vale a pena investir na mudança dos hábitos!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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