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Só comer vegetais pode ser muito pouco para nossa saúde cardiovascular
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Brócolis ou macarrão? Frutas ou pizza? Espinafre ou churrasco? Esta concorrência certamente seria muito desleal, visto que a preferência da maioria das pessoas seria pelos alimentos considerados mais apetitosos —os vegetais e as frutas estariam em grande desvantagem.
Quando mudamos o cenário desta competição, incluindo especialmente o risco cardiovascular, os vegetais ocupam significativo papel de destaque para melhorar o padrão alimentar das pessoas e reduzir o número de complicações cardiovasculares.
No entanto, um recente estudo que tem repercutido em muitos veículos de imprensa, demonstrou que não basta somente comer vegetais e esperar que o risco cardiovascular diminua. Existiria também a questão do estilo de vida, um aspecto que muitas pessoas insistem em não modificar, seja por uma questão de comodismo, seja por uma questão de ausência de força de vontade.
Nos países ocidentais, principalmente nos Estados Unidos, o hábito de não priorizar alimentos de origem vegetal na alimentação diária já é um desafio desde a infância. A maior prova disto é o que elevadíssimo índice de obesidade que acomete as crianças norte-americanas.
Por outro lado, em países como Turquia e Grécia, as crianças já são condicionadas ao consumo de vegetais e frutas em todas as refeições. Muitas vezes o café da manhã destas crianças é composto por alimentos como pepinos e tomates, todos crus e com algum tempero.
A dieta mediterrânea tem sido apontada como o melhor padrão alimentar para uma população que busca longevidade, controle de fatores de risco e prevenção de doenças e agravos crônicos. No entanto, seria contraditório manter determinados vícios, como o tabagismo e o etilismo, ainda que sua alimentação seja predominantemente de origem vegetal.
Analogamente, seria estranho vivenciar um estilo de vida eminentemente estressante, com noites de sono irregular, ausência de horas de lazer, brigas e desavenças frequentes em casa e no trabalho, e querer gabar-se por comer cenouras e palmitos em todas as refeições.
Nada de forma isolada constitui-se num mecanismo eficiente de redução dos riscos cardiovasculares. Fumar ativamente e comer vários vegetais não implica em sucesso. Da mesma forma que não cuidar do peso, não controlar a pressão, viver sob constante estresse, mesmo não fumando, não significa que o risco de infarto do coração seja mínimo.
Precisamos compreender que existem fatores de risco cardiovascular isolados e que isto é extremamente diferente de se adotar um hábito saudável isolado, como comer preferencialmente vegetais, esperando que tudo de bom gire exclusivamente ao redor deste hábito.
Para exemplificar esta dissociação entre fator de risco isolado e hábito saudável isolado, posso citar duas situações muito corriqueiras: pessoas com colesterol elevado e pessoas com diabetes descompensado.
O fato de uma pessoa apresentar valores baixos do colesterol HDL (considerado como o "bom" colesterol), por si só, independente de outras associações, já representa um fator de risco cardiovascular. Uma pessoa diabética, com níveis de açúcar no sangue descontrolados, independentemente de outras combinações, apresenta maior exposição a eventos cardiovasculares, como infarto do coração e derrame cerebral.
Logo, o simples fato de comer vegetais, como uma estratégia protetora isolada, teria baixa eficácia frente a fatores independentes de risco cardiovascular, como também eventuais associações de fatores de risco.
Outro aspecto muito interessante acerca de uma alimentação rica em vegetais, e que motivou outra recente análise em relevantes publicações internacionais, é a diferença entre comer vegetais crus e refogados.
Existe diferença sim! Os vegetais crus, como também as frutas na sua forma natural, conservam melhor suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e a riqueza de fibras. No caso de algumas frutas, como maçã e limão, a maior quantidade de vitaminas e fibras encontra-se na casca.
Para maior proteção cardiovascular, o consumo dos vegetais crus seria de grande valia para muitos benefícios, como melhorar o funcionamento intestinal, eliminar toxinas e melhor metabolização de gorduras e açúcares.
Milagres não existem para se conseguir um risco cardiovascular baixo. Como temos de conviver inevitavelmente com os fatores genéticos, sobre os quais temos pouca ação, restaria agregar o maior número de estratégias protetoras.
O consumo de vegetais, principalmente crus, é extremamente benéfico para nossa saúde cardiovascular, mas muito pouco significante se mantivermos alguns hábitos perigosos, como não praticar atividade física, fumar e consumir bebidas alcoólicas de forma exagerada.
Os fatores de risco cardiovascular podem ser determinantes mesmo de forma independente, a mesma regra não vale para o consumo isolado de vegetais. Este é o grande desafio para quem quer verdadeiramente escapar de um infarto do coração, derrame cerebral e as tromboses.
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