As cascas destas frutas reduzem o risco de doenças simples e até câncer
O Brasil é um dos países que mais desperdiça alimentos no mundo. Segundo a Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), em média, cada um de nós joga fora 60 kg de comida boa para consumo por ano.
E não jogamos fora só alimentos que ainda poderiam ser aproveitados, mas também partes deles geralmente não utilizadas por nós e que trazem vários benefícios para a saúde.
É o caso das cascas de frutas cítricas como limão, laranja e tangerina, que apresentam quantidade considerável de vitaminas e antioxidantes, como carotenos, pectina, óleos essenciais e compostos fenólicos.
Entre esses compostos fenólicos podemos citar os flavonoides, cumarinas e ácidos fenólicos, todos capazes de reduzir o risco de doenças infecciosas e degenerativas.
O potencial protetor das cascas de frutas cítricas é maior do que se imagina. No universo das doenças cardiovasculares, compostos presentes nas cascas podem exercer um importante efeito contra a formação de placas de gorduras no interior dos vasos sanguíneos, nos protegendo de problemas como infarto e derrame cerebral (AVC).
Além disso, estudos epidemiológicos demostram que o consumo de frutas críticas em sua totalidade, incluindo as cascas, pode diminuir em mais de 20% o risco de câncer.
Um dos mais temidos aspectos relacionados ao câncer é o risco de metástases. O câncer costuma ocupar um órgão que chamamos de sítio primário e, quando não diagnosticado e tratado de forma precoce, pode se alastrar criando raízes em órgãos mais distantes. Estas raízes são as metástases.
O câncer primário produz proteínas chamadas metaloproteinases, que são facilitadoras da disseminação da doença para outros órgãos. Muitos estudos apontam que flavonoides como quercetina e luteolina são capazes de inibir a síntese destas proteínas e promover um efeito antimetastático.
Não podemos esquecer que, em continentes como América Latina e África, existem inúmeros registros de mortalidade de crianças e adultos, como consequência da diarreia e infecções associadas a precária infraestrutura de esgoto e moradias. Quando pesquisadores demonstram que as cascas das frutas têm expressiva propriedade antibacteriana e conseguem regular a flora intestinal, verificamos que temos um importante aliado natural e barato para prevenir tantos casos de morte.
Como aproveitar as cascas?
Do ponto de vista prático, vocês devem estar questionando como seria possível consumir essas cascas e efetivamente desfrutar de tantas propriedades benéficas. A seguir cito algumas formas já estudadas e com bons resultados clínicos:
1. Usar farinhas e farelos das cascas (você encontra em empórios ou lojas de produtos naturais) em receitas e alimentos básicos, como bolos, pães, toras e até no arroz e feijão.
2. Fazer o suco de frutas cítricas não só com a polpa, mas também com cascas.
3. Utilizar as cascas das frutas cítricas na forma de infusão, como um chá.
4. Utilizar os óleos essenciais extraídos das cascas, como um produto que pode ser inalado por períodos de até 30 minutos, visando redução de estresse e ansiedade.
5. Utilização dos ativos das cascas na forma de cápsulas ou suplementos alimentares, em conjunto com proteínas e minerais. Pensando nas populações mais carentes e com limitadas condições alimentares, pode ser uma alternativa muito interessante.
Vale ressaltar aqui o papel essencial da indústria em explorar de forma consciente estes alimentos com cascas, tendo em vista um enorme impacto social e de sobrevivência.
Basicamente, algumas técnicas de extração dos ativos presentes nas cascas não têm altos custos e são métodos relativamente simples, como a extração com água quente ou mesmo a extração com solventes não tóxicos.
Fica então um apelo para melhor aproveitamento das cascas das frutas cítricas, um alimento barato e acessível, com propriedades protetoras para a maioria das doenças. Diante das relevantes estatísticas de mortalidade de crianças e adultos por causas teoricamente inadmissíveis em pleno século 21, vamos lutar contra o desperdício e os contrastes de um mundo que ostenta riquezas materiais e mortes por desnutrição.
A atuação da indústria pode ser determinante em tornar acessível às pessoas mais carentes os valores nutricionais das cascas, as quais muitas vezes terminam no fundo das latas de lixo.
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