Edmo Atique Gabriel

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Opinião

Remédios homeopáticos não deveriam ser usados? Entenda melhor essa polêmica

O uso de medicamentos homeopáticos para tratar doenças simples e complexas é bastante controverso, com posicionamentos distintos inclusive por parte dos médicos.

Em algumas situações, a homeopatia aparece como terapia principal e, em outros casos, como terapia complementar. Seja como for, a polêmica sempre persiste.

A homeopatia é considerada um método alternativo, proposto no final do século 18 pelo médico e farmacêutico alemão Samuel Hahnemann. Basicamente, a homeopatia se fundamenta em dois princípios: o da similaridade e o da diluição.

O princípio da similaridade defende que coisas parecidas podem ser curadas por coisas parecidas. Em outras palavras, uma determinada substância que causa sintomas em pessoas saudáveis poderia ser usada como remédio em pessoas que estão sofrendo dos mesmos sintomas. Hahnemann acreditava que os sintomas de uma doença seriam principalmente aqueles que pudessem ser vistos externamente numa pessoa.

O princípio da diluição estabelece que as substâncias eficazes para cura, de acordo com o princípio da similaridade, teriam seus efeitos potencializados quanto maior fosse a diluição delas. Diluição seria colocar a substância principal em contato com outras substâncias, até que a substância principal ficasse quase indetectável.

A partir da análise desses princípios, muitos pesquisadores foram organizando um pensamento científico totalmente contrário à homeopatia. Eles defendem que, apesar de a homeopatia ser um método muito popular, com adesão de muitos médicos no mundo todo, ainda seria um método embasado sobretudo em aspectos psicológicos e socioculturais.

Além disso, esses pesquisadores entendem que a homeopatia se sustenta por um efeito placebo, ou seja, as pessoas que escolhem o tratamento homeopático acreditam piamente em seus benefícios a ponto destes efeitos positivos realmente acontecerem de forma evidente, mesmo que as substâncias presentes nos remédios homeopáticos não sejam capazes de agir no organismo e combater a doença.

Como vocês já perceberam, o debate sobre o uso de remédios homeopáticos é bem complexo . Dessa forma, quero salientar que todos nós devemos construir uma análise crítica sobre o tema. Não se trata de combater, de forma antiética, o posicionamento favorável à homeopatia por parte de muitas pessoas e profissionais da saúde. A ideia seria respeitar esse posicionamento, sem deixar de tornar público alguns aspectos já fundamentados sobre o tema.

Aspecto 1 - Procrastinação

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Em geral, os remédios homeopáticos são usados para doenças mais simples como resfriados e quadros mais benignos. No entanto, algumas pessoas e profissionais optam pelo tratamento homeopático como primeira opção para doenças como câncer e infecção respiratória pelo coronavírus, por exemplo.

Como não há comprovação concreta de que a homeopatia funcione, principalmente nas doenças mais graves, seria prudente não procrastinar ou retardar o tratamento "convencional" de doenças letais, adotando primeiro e unicamente a homeopatia como tratamento principal.

Aspecto 2 - Afinidade aos remédios homeopáticos

O fato de condicionar uma pessoa ou mesmo uma criança a usar exclusivamente medicamentos homeopáticos, principalmente em quadros mais benignos, pode resultar em excesso de afinidade pela homeopatia e uma consequente rejeição ao uso de medicamentos convencionais.

A conscientização sobre isso é essencial, visto que uma resposta inadequada por parte do tratamento homeopático irá exigir a retomada dos medicamentos convencionais.

Aspecto 3 - Cobertura por parte dos planos de saúde

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Como o tratamento homeopático carece de mais reconhecimento e validação científica, os planos de saúde podem assumir uma posição contrária e não cobrir as despesas necessárias. Por outro lado, no caso do sistema público brasileiro, existe já uma pactuação para liberação e fornecimento destes medicamentos.

Aspecto 4 - Antibióticos

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a taxa de mortalidade causada por bactérias resistentes aos principais antibióticos é 64% superior à taxa de mortalidade nas infecções por bactérias não resistentes. Na tentativa de resolver essa questão, muitos profissionais buscam terapias alternativas como a homeopatia.

O fato é que não temos validade científica para substituir antibióticos por medicamentos homeopáticos e essa prática poderia resultar em demora no combate rápido a doenças. Para muitos, seria como uma procrastinação ou mesmo um efeito placebo.

Conclusão

Por uma questão de bom senso e também respeitando os diferentes posicionamentos, a mensagem que deve ficar é que as evidências científicas ainda não suportam os possíveis benefícios da homeopatia

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Isso logicamente não impede que as pessoas em conjunto com seus médicos decidam utilizar os medicamentos homeopáticos em algumas situações. Seria prudente que estes critérios de uso sejam muito judiciosos, principalmente para que as doenças graves não sejam tratadas de forma incompleta e avancem, dificultando ainda mais seu tratamento.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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