Terapias com ozônio ainda precisam de estudos, mas não podemos negá-las
A medicina, nas últimas décadas, tem recebido alguns sobrenomes e um deles é medicina integrativa. Conceitualmente, medicina integrativa seria a soma dos tratamentos convencionais com terapias complementares, visando melhorar a saúde das pessoas.
Na teoria, este conceito de medicina integrativa parece ser perfeito, visto que trata a pessoa como um todo, abordando aspectos físicos, mentais, emocionais e espirituais. No entanto, algumas terapias complementares ainda requerem mais investigações e maior comprovação quanto aos seus benefícios. Uma delas é terapia com ozônio.
O ozônio é uma molécula composta de 3 átomos de oxigênio, apresenta certo grau de instabilidade e, nas formas líquida e sólida, é um poderoso explosivo. Porém, na forma de gás, suas propriedades terapêuticas têm efeitos positivos, os quais constantemente têm sido pesquisados em busca de uma resposta mais conclusiva.
Muitos profissionais da saúde defendem o uso da terapia com ozônio para cicatrização de feridas, alívio de dores e também para tratamento de doenças como o câncer.
Aqueles que defendem esta terapia, dentro do contexto da medicina integrativa, entendem que o aumento da quantidade de oxigênio em nosso corpo poderia estimular nosso sistema imune, ou seja, nossas defesas orgânicas, promovendo maior capacidade de regeneração de nossas células.
Em situações adversas como um câncer ou uma ferida de difícil cicatrização em paciente diabético, a terapia com ozônio poderá conquistar seu espaço.
O ozônio pode ser administrado de algumas formas, não devendo ser inalado, devido ao risco considerável de irritação dos pulmões e formação de líquidos ao redor deles. Desta forma, os principais meios de aplicação seriam:
- pele: por meio de uma solução ou como vapor (sauna de ozônio)
- orifícios corpóreo: ouvidos, vagina e reto
- auto-hemoterapia: mistura o gás em uma amostra de sangue e reintroduzir no corpo
- ingestão por meio da dissolução do gás na água ou óleo
- injeção intramuscular
Quanto aos potenciais benefícios da terapia com ozônio, ainda que mais estudos de segurança precisem ser validados, podemos citar quatro linhas principais. Ozônio como um suporte para nossas defesas orgânicas, ozônio como um ativador do fluxo sanguíneo, ozônio como protetor contra a invasão de bactérias, vírus e fungos e, por fim, ozônio como redutor do estresse oxidativo, ou seja, agindo como anti-inflamatório e antioxidante.
Este último efeito certamente é um dos mais pesquisados, na tentativa de implementar o uso desta terapia para doenças como diabetes, câncer, doenças respiratórias, Aids, fibromialgia e doenças musculoesqueléticas.
Do ponto de vista dos fatores limitantes para uso generalizado e seguro desta terapia, existem alguns efeitos incertos e alguns efeitos colaterais também.
Tudo isto também tem sido motivo da profunda investigação, tendo em vista que já existe a regulamentação para uso desta terapia, seu uso é cada mais difundido, mas sabemos que seria mais seguro e prudente reconhecer e saber manusear este universo de possíveis complicações, tais como:
- embolia área: quando o ozônio é infundido no sangue, no interior de nossas veias, as bolhas poderão causar uma obstrução vascular, elevando o risco de infarto do coração, problemas na circulação pulmonar e derrame cerebral.
- desconforto e espasmos: existem relatos sobre estes efeitos indesejáveis, especialmente quando o ozônio é administrado por via retal.
- reação de Herxheimer: consiste numa reação inflamatória e transitória causada pela eliminação de bactérias e vírus e a consequente liberação de toxinas destes germes na circulação sanguínea.
- inalação acidental de ozônio: mesmo que seja numa dose baixa e por curto período de tempo, pode haver comprometimento significativo da função pulmonar.
Enfim, estamos diante de uma terapia que se enquadra neste modelo de medicina integrativa, com muitos aspectos promissores, mas sem uma validação total por meio das pesquisas de grande rigor científico.
Esta terapia com ozônio já está sendo usada de forma bem ampla, muitas pessoas referem melhora de seus sintomas após as aplicações e muitos países, como o Brasil, incluíram esta terapia em suas regulamentações.
Como proceder então? Qual caminho seguir? A palavra-chave é bom senso, ou seja, ter muita lucidez e consciência acerca das escolhas. Não agir pelo modismo, não agir por influências. A recomendação seria buscar o entendimento sobre esta terapia, analisando os dois lados do processo, os possíveis benefícios (ainda sem comprovação final) e os riscos.
Ouvir depoimentos de quem já usou, consultar bons profissionais, não se precipitar em adotar uma terapia não comprovada como linha principal do tratamento, não subestimar a medicina convencional e também não radicalizar a ponto de negar que novas terapias integrativas podem ter seu espaço, seriam medidas equilibradas em meio a tantas polêmicas.
O veredito sobre o que fazer deveria ser fruto de uma análise muito individualizada e uma questão de consciência pessoal acerca das informações concretas que existem até o momento.
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