Topo

Elânia Francisca

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ser pai e mãe de um adolescente requer paciência, escuta e aceitação

iStock
Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

23/12/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

,No texto da semana passada, falei um pouco sobre a importância de nós, pessoas adultas, exercitarmos a paciência no diálogo com adolescentes, afinal, essa é uma fase da vida com muitas mudanças e fragilidades.

O caso é que exercitar a paciência é uma atividade extremamente difícil, pois envolve um processo de autocuidado e disponibilidade para a escuta.

Eu já havia dito que lidar com adolescentes mobiliza muita coisa dentro de nós, e alguns comentários que escutamos podem mexer com nosso ego e fazer com que tenhamos resistência em ouvir as queixas que as adolescências têm sobre nós, pessoas adultas.

Ninguém nasce adolescente, a adolescência é uma fase da vida que acontece logo após a infância. Então para entender um pouco do comportamento de cada pessoa nessa fase da vida, é preciso que nos dediquemos a olhar para a história de vida daquele ser que convive conosco e também perceber como nossa existência se faz presente nessa história.

Posso me perguntar: como minha filha vivenciou a infância? Éramos próximas? Ela e eu dialogávamos com que frequência? Brincávamos muito?

Obviamente, responder a essas perguntas não nos dá elementos suficientes para estabelecer um bom diálogo com adolescentes, mas ajuda a começar uma comunicação saudável.

Se minha filha e eu éramos muito próximas durante os primeiros anos de vida dela e agora percebo um afastamento e irritação da menina comigo, posso refletir sobre os sentimentos que esse afastamento mobiliza em mim e assim comunicar à minha filha o que estou sentindo.

"Filha, eu sinto saudades do tempo em que éramos mais próximas, sinto vontade de cozinhar contigo ou ver um filme juntas".

É possível que a adolescente diga que não quer mais fazer essas atividades contigo, ou que ela diga que aquilo não faz mais sentido para ela.

A partir daí você terá que aprender a lidar com essa nova ausência. Você vai precisar respirar fundo e compreender que, naquele momento, sua filha não poderá te oferecer o que você deseja. Precisará ser paciente e acolher o que ela está comunicando.

"Mãe, eu não quero mais cozinhar com você".

É preciso que nesse instante você respire fundo e aceite.

É difícil, mas é algo importante a se fazer. Nesse momento você estará mostrando a ela que amar não é sinônimo de ser forçada a fazer algo que não gosta, mas é respeitar os limites e acolher as transformações dos desejos que acontecem em todas as relações.

Ter familiar adolescente (sobretudo quando se é a principal figura de cuidado) é extremamente desafiador, pois mobiliza muitas fragilidades nossas, por essa razão penso que toda pessoa adulta, familiar de adolescentes, se beneficiaria muito com a psicoterapia, pois esse é um espaço potente para receber acolhimento, reclamar, chorar e acomodar os sentimentos em lugares potentes dentro de nós.

Você, pessoa adulta, tem se cuidado nesse percurso de convivência com adolescentes?