Elânia Francisca

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Opinião

Acolhendo adolescentes na puberdade: possibilidades para pessoas adultas

Desde que iniciei meus trabalhos como psicóloga e educadora nas temáticas que envolvem sexualidade infantojuvenil, muitas pessoas adultas me procuram para falar sobre suas preocupações e angústias com relação ao desenvolvimento sexual saudável de adolescentes.

Na maioria das vezes, as angustias estão relacionadas à dificuldade em abordar assuntos da iniciação sexual e autocuidado. São raros os casos que sou procurada para conversar sobre outros elementos da puberdade.

Isso me fez pensar que talvez nós, pessoas adultas, não tenhamos a dimensão de quais elementos precisam ser abordados com quem está vivendo a puberdade agora. Pensando nisso, creio que seja importante apontar alguns elementos que talvez você não esteja abordando em casa, mas que podem ajudar a iniciar um papo acolhedor e tranquilo com crianças e adolescentes.

Vamos começar recordando que a puberdade é um período da vida que todo mundo passou ou irá passar. A puberdade é um momento de intensas mudanças e que se inicia entre os 8 e 9 anos de idade e termina ali pelos 15 anos de idade. Sendo assim, essa fase começa na metade da infância e acaba na metade da adolescência.

A puberdade gera um monte de transformações no corpo e nas emoções, então é importante sabermos que sexualidade é um elemento importante e expressivo dessa fase, mas não é o único. Há também outras mudanças, por isso atente-se a elas:

Cheiro: a puberdade faz com que o odor corporal mude, por isso é importante conversar com crianças e adolescentes sobre isso. Uma possibilidade bem legal para iniciar esse diálogo é convidar as crianças e adolescentes para fazer desodorante natural em casa. Essa atividade pode ajudá-lo a confeccionar um recurso de autocuidado e também proporciona um momento de interação divertida. Existem muitas receitas de desodorante natural na internet, você pode pesquisar algum que esteja dentro de seus recursos.

Dentes permanentes: ainda na infância, a gente vai perdendo os dentes de leite e crescem os permanentes. É importante conversarmos sobre escovação, mas também manter a rotina anual de ida ao dentista. Além disso, é possível que adolescentes precisem de aparelho. Uma possibilidade aqui é conversar sobre a importância do cuidado com os dentes para além da estética, mas também como uma expressão de saúde e bem-estar próprio.

Alimentação: na puberdade vivenciamos um pico de crescimento que muita gente chama de estirão, por isso é muito importante que adolescentes possam comer de forma saudável, ingerindo alimentos que sejam ricos em cálcio, como leite, iogurte, couve, brócolis e peixes. Converse com adolescentes e também se atente ao que têm comido. Muitas vezes, a gente olha para adolescentes e pensa: "Ah, não preciso prestar atenção ao que comem, já estão grandes e sabem quando e o que comer". Nesse pensamento a gente acaba negligenciando a alimentação deles. Atente-se ao que comem e incentive a alimentação saudável.

Exercícios: a pratica de exercícios é uma questão de saúde e não deveria ser atribuída a uma pressão estética de magreza. Sugira caminhadas, alongamento e jogos coletivos que movimentem o corpo todo. Pratiquem coletivamente em família algum exercício e valorize qualquer iniciativa de exercício que adolescentes tiverem, sempre focando na saúde e não no emagrecimento ou pressão estética.

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As dicas acima não são imposições de algum modelo de cuidado com adolescentes e crianças. Cada dinâmica familiar é única e por isso as possibilidades de cuidado também variam. Mas uma coisa é universal: toda criança e adolescente precisa receber apoio, carinho e acolhimento em todas as fases da vida.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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