Elânia Francisca

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Opinião

Adolescentes e ansiedade: e quando as festividades em família são gatilho?

Dezembro é o mês de compartilhar aqueles memes tragicômicos sobre os encontros familiares de fim de ano. Tem gente que faz postagem sobre as possíveis brigas durante o jantar de Natal, há quem aponte as indiretas maldosas durante a revelação do amigo-secreto, mas as postagens que me chamam atenção são aquelas compartilhadas, muitas vezes, por adolescentes, em que os parentes comparam primas e primos: "Você viu? Seu primo está fazendo cursinho e você só fica no celular o dia todo", sem mencionar a célebre —e invasiva— pergunta: "E as namoradinhas? E os namoradinhos?".

Festividades de fim de ano podem ser difíceis para todo mundo, afinal, por vezes esse é um momento de reencontro com parentes que não viram o ano todo e que transformam a confraternização em uma espécie de balanço anual de fracassos e êxitos de cada familiar.

Para adolescentes —que estão numa fase em que seus corpos e desejos mudam quase que diariamente— a festa de fim de ano pode ser um momento extremamente angustiante, já que o corpo que se tinha no início do ano é bem diferente do corpo que se tem agora.

Muitas dinâmicas familiares em encontros de confraternização de Natal e Ano-Novo se baseiam na comparação de primas e primos —na maioria das vezes, feita por pessoas adultas—, e isso ajuda a disparar sentimentos de inadequação ou contribuir para um olhar distorcido de adolescentes sobre si.

"Viu, filha, sua prima está tão bonita, por que você também não usa vestido?"
"Um menino desse tamanho fechado no quarto, parece um bicho do mato."

Frases como essa são comuns em várias festividades familiares e isso constrange adolescentes, gera sentimento de inferioridade e, ditas com frequência, podem contribuir para o desenvolvimento de questões de saúde mental mais severas, como a dismorfia corporal que já conversamos por aqui.

As festas de fim de ano precisam ser um momento de afetividade saudável com as pessoas que amamos e de muita diversão. Precisamos mostrar a adolescentes que nossa família é sinônimo de acolhimento e respeito.

Caso não seja, então talvez seja a hora de refletirmos se esses encontros anuais têm feito bem para todas as pessoas envolvidas.

Não podemos criar um ambiente hostil a ponto de adolescentes não quererem estar conosco.

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E por aí, como foram as festas de fim de ano? Um 2024 cheio de acolhimento à todas as adolescências.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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