Elânia Francisca

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Opinião

Adolescências de hoje e adolescências do passado: como acolher as duas?

Adolescentes são pessoas com idade entre 12 e 18 anos, de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) traz a adolescência como um período compreendido entre os 10 e 19 anos de idade.

Embora haja a diferença de alguns anos nas definições, tanto a OMS, quanto o ECA entendem a adolescência como uma fase que acontece na segunda década de vida e que tem a puberdade como um fator muito importante para a vivência desse período.

Eu já mencionei em outro texto que adolescência e puberdade não são a mesma coisa, mas é sempre importante reforçar essa questão.

Se considerarmos o número de anos em que cada fase da vida acontece, a adolescência é o período com menor tempo de duração.

A infância dura 11 anos (obviamente que há diferenças entre as crianças de 10 anos e os bebês, por exemplo, mas eles estão na mesma fase da vida); já a juventude pega um pedacinho da adolescência e vai dos 15 aos 29 anos; a idade adulta não-jovem tem início aos 30 anos e finda aos 59, dando lugar para a idade idosa, que seria dos 60 em diante.

Dessa forma, podemos ver que a adolescência dura de 6 anos a 8 anos, dependendo da definição que você utilizar (OMS ou ECA).

Diante disso, uma pergunta a se fazer é a seguinte:

Se essa é a fase mais curta da vida, por que temos tanta dificuldade de lidar com ela?

A hipótese que quero levantar aqui é com relação à questão geracional. Somos pessoas nascidas no século 20, que lidam com adolescências do século 21. Então pensar o acolhimento de adolescentes (seja em casa, seja no Serviço de Acolhimento, seja nos espaços educativos e coletivos) requer um esforço nosso de tentar entender o modo como as adolescências são vividas na atualidade.

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Essa ideia de "eu já fui adolescente, sei como é" não me parece tão fiel à realidade atual. Porque na nossa adolescência não havia a presença forte e cotidiana da internet, por exemplo. A adolescência antes dos anos 2000 era muito diferente da adolescência de hoje em dia —embora existam algumas semelhanças, o cenário é outro.

Não precisamos anular a vivência preciosa do passado para valorizar a experiência de quem está na adolescência agora

Nós, pessoas adultas, podemos recordar nossa adolescência para nos ajudar a pensar nas semelhanças entre "nossa época adolescente" e a adolescência atual, mas não dá para nos basearmos somente em nossa experiência como adolescente do passado no momento de acolher adolescentes do presente.

Uma forma bacana de recordar nossa adolescência sem querer achar uma receita mágica de cuidado com adolescentes do presente é propor momentos de trocas de vivências em casa.

Você pode se sentar com seu filho de 14 anos e contar: "Quando eu tinha 14 anos, eu gostava de ir para uma festa chamada Matinê. O que você gosta de fazer agora aos 14?".

Não precisamos anular a vivência preciosa do passado, para valorizar a experiência de quem está na adolescência agora.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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