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Fernanda Victor

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Triglicerídeos alterados: quando e por que devo me preocupar?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

24/02/2022 04h00

Triglicerídeos ou triglicérides representam a principal forma do nosso corpo armazenar energia, mais especificamente sob a forma de gordura. Essas partículas de gordura são essenciais para o organismo, mas, quando em excesso, podem trazer riscos à saúde.

Quando consumimos mais calorias do que gastamos, esse excesso não utilizado é convertido pelo fígado em triglicerídeos e pode ser estocado em nossas células de gordura.

O aumento de triglicerídeos (valores acima de 150 mg/dL em jejum) é uma alteração silenciosa e frequentemente encontrada. Embora existam causas genéticas, na maioria dos pacientes essa elevação é resultado de um estilo de vida inadequado: sedentarismo e dieta rica em carboidratos e gorduras.

As principais causas secundárias incluem excesso de peso, ingesta excessiva de álcool e doenças metabólicas, como o diabetes mellitus tipo 2 mal controlado e o hipotireoidismo não tratado. Além desses fatores, algumas medicações (corticoides, antirretrovirais, isotretinoína, dentre outros), doenças hepáticas e renais também podem estar envolvidas.

Quanto maiores os níveis sanguíneos de triglicerídeos, maiores os riscos de desenvolver pancreatite e doenças cardiovasculares (infarto ou AVC). Como o excesso de triglicerídeos geralmente não causa sinais ou sintomas, o diagnóstico dessa condição tende a ser feito quando surgem as complicações já citadas.

Por isso, é importante realizar avaliações periódicas do perfil lipídico (colesterol com frações e triglicerídeos), a fim de detectar o problema precocemente, investigar as possíveis causas e estabelecer metas de tratamento.

As diretrizes atuais recomendam otimizar a dieta e modificar o estilo de vida como pilares do tratamento. Quando um estilo de vida saudável não é adotado ou há persistência de níveis elevados de triglicerídeos, o tratamento farmacológico com fibratos e/ou estatinas pode ser implementado, sobretudo quando os níveis ultrapassam 500 mg/dL.

A priori, as modificações que apresentam maior impacto na redução dos triglicerídeos são:

  • Reduzir o consumo de gorduras e carboidratos simples (principalmente açúcares);
  • Reduzir, pelo menos, de 3 a 5% do peso quando há excesso de peso ou de gordura abdominal;
  • Implementar a prática regular de atividade física;
  • Consumo moderado ou completa abstenção de bebidas alcoólicas.

Não adie o cuidado com a sua saúde! Pequenas mudanças na sua rotina já podem reduzir e manter os níveis de triglicerídeos sob controle.

Referências

1. Fernández-García JC, Muñoz-Garach A, Martínez-González MA et al. Association Between Lifestyle and Hypertriglyceridemic Waist Phenotype in the PREDIMED‐Plus Study. Obesity. 2020; 28(3): 537-543.

2. Virani SS et al. Hypertriglyceridemia Management Expert Consensus Decision Pathway on the Management of ASCVD Risk Reduction in Patients with Persistent Hypertriglyceridemia - A Report of the American College of Cardiology Solution Set Oversight Committee. Journal of the American College of Cardiology. 2021; 78 (9): 960-993.