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Gustavo Cabral

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A complexa e duradoura luta contra chikungunya, dengue e zika

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

19/04/2023 04h00

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Chikungunya, dengue e zika são doenças que devem ser combatidas juntas, pois têm muito comum —especialmente os ambientes em que circulam e seus vetores, como o Aedes aegypti e o Aedes albopictus.

Esses vírus são transmitidos por artrópodes, como os mosquitos, o que faz com que sejam colocados num grupo "comum", os arbovírus.

Além dos causadores da chikungunya, da dengue e da zika, há mais um arbovírus superconhecido, que provoca a febre amarela, doença extremamente perigosa, mas que foi controlada pela melhor arma contra doenças infecciosas, a vacina.

No caso da chikungunya e da zika, infelizmente, ainda não há vacinas licenciadas para uso humano. Para a dengue até temos imunizantes, mas eles ainda não se tornaram globais e de acessibilidade e funcionalidade para todos e todas.

Então, precisamos focar na luta contra os vetores que transmitem esses vírus. Quando falamos nos mosquitos Aedes, devemos pensar nas condições do meio ambiente que favorecem o desenvolvimento e a proliferação deles.

Porém, como esses insetos também se tornaram vetores urbanos, a coisa ficou complexa, pois há diversos fatores que favorecem a sua proliferação, principalmente em um país tão desigual como o nosso.

Mas eles podem ser controlados com algumas estratégias cruciais, como melhores condições estruturais sanitárias e a educação. Porém, são coisas que sabemos que não vão mudar tão rapidamente.

O que estou falando é muito batido, não é? Pois é. No entanto, por mais que todos saibam disso, a transmissão segue em alta e os casos dessas doenças não param de crescer em nosso país.

Então, temos de bater na mesma tecla até que os arbovírus sejam controlados, pois esse problema é de todos e não existe um grupo específico que é mais suscetível. Em determinado ano, surtos dessas doenças podem ocorrer no Sul e Nordeste; no ano seguinte podem afetar o Sudeste, o Norte ou o Centro-Oeste. Independentemente do local, o sofrimento gerado é grande.

Até que tenhamos vacinas eficazes, seguras, de fácil distribuição e acessibilidade para todos os grupos sociais, precisamos pensar em diversas outras estratégias. Aliás, mesmo quando tivermos vacinas, também precisaremos manter os cuidados.

Por enquanto, devemos adotar estratégias de prevenção e tratamento específicas, eficazes e sem efeito colateral (ou efeito mínimo). Devemos trabalhar no controle dos vetores e em programas de vigilância genômica baseados no rastreamento de vírus, usando dados de sequência genética etc. Esses programas precisam ser aplicados como atividades transversais, conjuntas.

E não adianta exigirmos todas essas ações do poder público se esquecermos do básico, de nossa obrigação no dia a dia e da educação sanitária para evitarmos focos de transmissão (os criadouros dos mosquitos).

As chuvas chegam e podem deixar estragos imediatos e "tardios", como os diversos focos de proliferação dos vetores e, consequentemente, da transmissão viral. Por isso que digo que essa é uma complexa e duradoura luta, mas que temos de enfrentar, para que os prejuízos sejam amenizados ano após ano.