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Jairo Bouer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Usar emoji para expressar emoções ajuda ou atrapalha?

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

19/09/2022 04h00

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Email inválido

Você usa emojis nas suas mensagens por WhatsApp e nas redes sociais? Se a resposta foi sim, você está na onda certa! Eles nunca foram tão populares! Pelo menos é o que aponta um novo levantamento da gigante digital Adobe. Cada vez mais gente acha que esses ícones facilitam a comunicação e a expressão de emoções, além de relacionar seu uso a um comportamento mais engraçado, amistoso e "descolado".

Para saber mais sobre como as pessoas se relacionam com os emojis, a empresa entrevistou 5 mil norte-americanos e o resultado foi publicado no relatório Emoji Trend Report, divulgado esta semana.

Para os não iniciados, emojis são ícones ilustrados, que podem vir "embarcados" nos teclados dos celulares, já os emoticons são pictogramas (desenhos que transmitem ideias e objetivos) criados por meio de sinais de pontuação, números e caracteres —como este sorriso =) . Os dois são formas de comunicação que complementam a linguagem verbal ou escrita

Falando a mesma língua

Uma das principais conclusões do levantamento é que quem usa emojis gosta que seu interlocutor faça o mesmo: 88% dos usuários de emojis sentem mais empatia por alguém que também use as figurinhas na hora de se comunicar, e 75% sentem-se mais conectados com quem usa os desenhos.

Para 92% dos usuários, os emojis facilitam a comunicação e a quebra de barreiras linguísticas. É quase como se eles tivessem criado uma linguagem universal, assim, quem usa entende quem "fala" a mesma língua.

Os homens e seus bloqueios

Segundo o relatório, os homens usam mais emojis na hora de paquerar do que as mulheres: 76% deles e 68% delas recorrem às figuras na tentativa de expressar afetos e conquistar a cara metade.

Na hora de terminar um namoro, eles (claro) também recorrem mais aos emojis do que elas: 27% dos homens trocam as palavras pelos ícones quando vão "despachar" a parceira, enquanto apenas 15% delas fazem o mesmo. Quase 33% dos jovens da geração Z já usaram um desenho para por o ponto final em uma relação amorosa. Bom, pelo menos deve ser melhor terminar assim do que recorrer ao ghosting (acabar um namoro sem dar explicação, sumir do mapa).

Não deixa de ser curioso que as barreiras que os homens enfrentam na hora de comunicar emoções verbalmente acabam fazendo com que eles recorram mais aos desenhos do que às palavras. Fora das redes, eles "fogem" mais dessa conversa do que elas. Já na frente das telas, eles preferem emojis a tentar explicar como se sentem.

Ajuda ou atrapalha?

Para uma geração muito mais visual, os emojis podem tornar o ato de se comunicar muito mais agradável e divertido. A praticidade também ajuda na popularidade dos ícones: em vez de descrever em palavras o que se sente, um único toque na tela pode garantir velocidade na hora de transmitir uma mensagem.

Mas alguns estudos da década de 2010 já apontavam o risco de uma maior dificuldade de interpretação de emoções entre os jovens que passavam muito tempo online. Era como se parte das habilidades de entender o que o outro está sentindo pelos gestos e pelo olhar (comunicação não verbal) ficasse comprometida pelo uso de símbolos e de mensagens mais cifradas nas redes socais.

Porém, é necessário uma investigação mais aprofundada para saber se o uso maciço de emojis realmente aumenta algumas barreiras, já que outros estudos também revelam que o jovem que consegue entender e expressar melhor suas emoções pode desenvolver uma resistência maior a questões de saúde mental, como um quadro de depressão.

O levantamento da Adobe mostra ainda que a maioria das pessoas sabe correlacionar os desenhos com a emoção que eles pretendem expressar. Mas usar uma figura com outro significado é prática comum para quase a metade dos entrevistados, principalmente nas gerações mais novas.

Para terminar, 40% dos entrevistados não se sentem representados pelos emojis disponíveis atualmente e insistem que eles devem evoluir para melhorar o acesso a questões como inclusão, equidade e diversidade.