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Jairo Bouer

REPORTAGEM

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Pílula perde o efeito, como disse Viih Tube?

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Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista de VivaBem

24/09/2022 04h00

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Depois de Viih Tube, 22, ter revelado que engravidou do namorado Eliezer Neto, 32, tomando contraceptivo oral, e dizer que seu método estava perdendo a eficácia, muitas adolescentes mandaram dúvidas pelas redes sociais preocupadas com a possibilidade de estarem expostas ao mesmo risco ao usar a pílula. A informação procede?

Não procede! Mesmo tomando uma única pílula de forma regular desde os 15 anos, como foi o caso de Viih Tube, ela não perde sua eficácia. Ela optou em fazer uma troca, passou mal com o novo método e voltou ao anterior.

Uso perfeito x uso típico

O que pode ter acontecido então? A ginecologista Claudia Barbosa Salomão, presidente do comitê de Ginecologia Infanto-Puberal da Sogimig (Sociedade de Ginecologia de Minas Gerais) e do departamento de Infanto-Puberal da Sociedade Mineira de Pediatria é quem explica melhor essa questão:

  1. O anticoncepcional oral não perde a eficácia com o tempo de uso.
  2. Com o uso perfeito (correto, conforme a orientação do ginecologista), o índice de falha é próximo de 1%. Ou seja, mesmo usando de forma precisa, de cada 100 meninas que usam o método ao longo de um ano, uma delas pode eventualmente engravidar. Essa falha é considerada rara.
  3. Com o uso típico (com eventuais erros: esquecer o comprimido um dia ou outro, atrasar o horário, tomar remédios como antibióticos que podem comprometer a proteção da pílula), a eficácia do método cai.
  4. 4) A maior parte das mulheres faz o uso típico, não o perfeito, e daí o risco de gravidez inesperada pode ser maior do que esse 1%.

Troca de método

Outra possibilidade que Viih Tube pode ter enfrentado foi uma "janela" de falha de proteção em uma das trocas de método. Eventualmente, pode ter acontecido um desbloqueio do eixo hormonal que controla a ovulação em uma dessas fases de transição.

Por isso, dependendo do momento do ciclo e do tipo de troca de contraceptivos hormonais, boa parte dos ginecologistas costuma recomendar o uso de proteção adicional (camisinha) no primeiro mês de uso.

Como a influenciadora tem grande impacto no comportamento de milhões de seguidoras jovens, é importante esclarecer essas informações para que as meninas não deixem de confiar no seu método contraceptivo.

Para aquelas que se esquecem de tomar a pílula com frequência, existe a possibilidade de outras formas de contracepção hormonal, como os adesivos, os implantes, os DIUs hormonais, as injeções mensais e trimestrais, entre outras alternativas. O importante é discutir com o ginecologista a melhor forma de proteção e seguir as orientações corretas no período de transição.

E o contraceptivo masculino, vem aí?

Esta semana também foi divulgado um novo contraceptivo masculino, o "Risug", que poderá chegar ao mercado já no próximo ano. É a injeção de um gel nos ductos deferentes (os mesmos que são interrompidos na vasectomia).

A substância não hormonal (um polímero, o estireno-anidrido maleico), desenvolvido na Índia, "quebra" a cauda dos espermatozoides, que perderia a capacidade de fecundar um óvulo. O efeito seria interrompido com a aplicação de uma mistura de água e sódio na mesma região.

Além da camisinha e da vasectomia, o homem conta hoje com poucas alternativas contraceptivas. O Vasalgel (com metodologia semelhante ao Risug, mas que usa uma substância que bloqueia os ductos deferentes) também é outra proposta que vem sendo usada em alguns locais. Outros métodos hormonais também estão em fase de desenvolvimento e teste.

Será que esses métodos "pegam" com o público masculino? É esperar para ver!