Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Eleições e pós-pandemia definiram nossas emoções e comportamentos em 2022
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Se a gente pudesse elencar os dois grandes fatores que marcaram nossas vidas e impactaram nossas emoções e comportamentos neste ano, eles seriam a polarização política ímpar desencadeada pelas eleições e o retorno às nossas rotinas depois da fase mais aguda da pandemia.
No primeiro semestre do ano, com as flexibilizações progressivas, os brasileiros pouco a pouco retomaram suas atividades habituais e enfrentaram algumas dificuldades de adaptação.
A saúde mental foi um foco importante de preocupação durante a pandemia e, com o retorno das crianças e jovens às escolas e universidades, pode se dimensionar com um pouco mais de precisão o tamanho dos prejuízos provocados.
Envelhecimento cerebral, déficit cognitivo, dificuldades de aprendizagem e perda de habilidades sociais foram alguns dos efeitos discutidos por especialistas e educadores.
Ambiguidades na retomada
Em um momento da vida em que os processos de desenvolvimento emocional e individualização passam pelo olhar do outro e do grupo, estar distante dos amigos e longe da escola (principal palco de interações sociais) teve um tremendo impacto.
Em uma fase em que o corpo e as questões de autoestima mudam com velocidade única, ficar longe de tudo e de todos por tanto tempo gerou ansiedade, insegurança e medo. As escolas receberam um aluno diferente e precisaram se adaptar à nova realidade em pleno andamento do ano letivo. Não foi tarefa fácil!
Já os adultos enfrentaram a ambiguidade de querer voltar ao escritório e socializar com os colegas e o desejo de querer ficar mais tempo no conforto e na segurança de sua casa, seguindo no home office, sem ter que se preocupar com o estresse dos deslocamentos e o tráfego das nossas metrópoles.
Muitas empresas, nessa virada de ano, ainda estão redimensionando o tamanho de suas sedes e redefinindo escalas e rotinas de atividades presenciais. Em algumas delas, as mudanças vieram para ficar. Além dessas questões, os trabalhadores tiveram que lidar também com as inseguranças econômicas e as ameaças de demissão geradas pelo período de crise.
Política e desconforto emocional
Já no segundo semestre, o processo eleitoral mais violento e polarizado desde a redemocratização marcou nossas relações sociais e nos afastou de amigos e familiares.
As emoções estiveram (e para muitos ainda estão) à flor da pele. Essa situação parece ter sido um caldo de cultura para o recrudescimento de comportamentos antissociais, agressividade, falta de respeito, discriminações e preconceitos de diversas naturezas.
Para uma sociedade que ainda luta com questões estruturais de racismo, misoginia, xenofobia e lgbtfobia, as eleições parecem ter potencializado conflitos e explicitado a intolerância com as diferenças.
Vulnerabilidade e divergências
Para parte da população que seguia vulnerável do ponto de vista emocional depois de dois anos de pandemia, a virulência do processo eleitoral foi um golpe pesado. Na hora em que muita gente começava a se apoiar mais nos outros, muitos tiveram que se afastar de amigos e familiares por divergências incontornáveis.
E o que esperar de 2023? Insistiremos nas polaridades e incongruências que nos afastam uns dos outros ou buscaremos proximidade e entendimento?
Talvez os adultos precisem olhar com mais atenção para os mais jovens e aprender com seu dinamismo e sua capacidade de adaptação e reinvenção
Da mesma forma que se espera que a geração dos mais novos consiga superar eventuais perdas e recuperar o tempo perdido, entre os mais experientes é hora de voltar a buscar o outro, superar questões políticas e reaprender a se relacionar com quem pensa diferente.
Só uma sociedade mais plural, diversa e madura pode proporcionar condições para que todos possam buscar emoções e comportamentos mais felizes e saudáveis. Você está fazendo sua parte? Tomara que sim! Feliz ano novo para todos!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.