Gravidez e covid-19: nem só com más notícias se faz uma pandemia
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No dia 10 de abril de 2020, o Ministério da Saúde lançou uma atualização classificando grávidas, puérperas, mulheres após aborto e perda fetal como grupo de risco para a covid-19. Pensando nesta consideração, muitas grávidas foram afastadas de suas atividades de trabalho ou colocadas em home office.
De lá para cá, 4 meses se passaram, recentemente as medidas de isolamento têm sido reduzidas e muitas gestantes e empregadores começaram a se perguntar como agir diante dessa informação.
O que temos de mais recente relacionado a covid-19 e gravidez é que essas mulheres têm riscos maiores quando comparadas a mulheres da mesma faixa etária não gestantes, mesmo em gestações de baixo risco.
Os principais motivos podem ser o sistema de defesa que durante a gestação fica afetado e as alterações próprias da gravidez. Além disso, não temos observado uma redução significativa de casos em gestantes que justifique a retomada de uma rotina igual ao período pré-pandemia.
Em estudo recente, publicado no dia 16 de agosto, a pesquisadora Maíra Takemoto, junto com outros pesquisadores, avaliou 978 casos de gestantes e puérperas relacionados a covid-19 no Brasil. Nesse trabalho eles observaram que entre as mulheres que faleceram, apenas 58,9% receberam suporte de UTI, valor baixo quando pensamos que essas mulheres faleceram em decorrência de uma evolução grave da doença, e que talvez tendo mais acesso ao sistema de saúde, o desfecho poderia ser diferente.
Além disso, o recorte racial também foi um dado importante e mostrou que a morte de mulheres negras foi quase duas vezes maior se comparado a mulheres brancas. Diversos fatores podem estar relacionados para essas taxas no Brasil, por exemplo: falta de testes para gestantes, dificuldade de acesso ao sistema de saúde, hospitais que cuidam só de gestantes sem suporte de UTI e manifestações da doença alteradas pela gestação dificultando o diagnóstico.
Para auxiliar, neste período de tantas incertezas, surgiram várias medidas, alguns médicos passaram a aumentar o período de intervalo entre consultas, priorizar o atendimento as gestantes deixando as recepções dos consultórios mais vazios, atendimento por telemedicina, junção de exames para datas próximas, reduzindo as idas aos laboratórios.
Já os hospitais passaram a testar gestantes mesmo sem sintomas, restringiram o número de profissionais na assistência ao parto, alguns reduziram e outros limitaram a entrada de visitantes como formas de reduzir o risco de contaminação neste período em que a assistência de saúde não pode esperar.
Para quem se infecta durante a gestação, os cuidados e tratamentos são semelhantes aos feitos com mulheres não gestantes, além dos cuidados com o feto.
O Ministério da Saúde recomenda que um ultrassom morfológico de segundo trimestre de gestação seja feito para todos os casos suspeitos e confirmados na gestação e não proíbe a permanência de acompanhante durante o trabalho de parto e o parto.
O fato de ainda não termos uma vacina em distribuição gera ansiedade, mas não é só de notícias ruins que vivemos. Recentemente, surgiu no Instagram uma conta chamada Querida Gestante, em que cartas são enviadas e publicadas com palavras de carinho trazendo conforto neste momento tão angustiante.
Além disso, um grupo de mães tem mobilizado as redes em busca da aprovação do projeto de Lei 2765/2020, que segue em tramitação e tem intenção de instituir normas de caráter transitório e emergencial para proteção de bebês e puérperas durante o período da pandemia, ampliando a licença-maternidade.
A covid-19 trouxe muitos desafios para as gestantes, mas também tem mostrado a força de tantas mulheres guerreiras que enfrentaram essa doença em um período tão sensível da vida. Não vamos deixar os cuidados de lado, a prevenção ainda é o melhor tratamento contra o vírus.
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